O origami no Japão é considerado uma
tradição, ou seja, é passado de geração em geração, suas técnicas foram sendo
aperfeiçoadas e sua prática difundida para outros países que passaram a se
apropriar dessa arte. Devido a sua popularização o origami foi sistematizado por
estudiosos que criaram duas correntes: a japonesa e a ocidental, cujos objetivos
são distintos. Na corrente japonesa os estudiosos consideram o origami como
arte, já na corrente ocidental o origami é pensado como ciência. Com o avanço da
tecnologia e dos estudos nessa temática, muitas variações do origami foram
surgindo. O origami atualmente está presente em nosso cotidiano e mal
percebemos a sua aplicabilidade em alguns materiais, como no ar-bag, em
embalagens de diversos produtos e no design de objetos decorativos.
O origami passou a ser visto também como apoio pedagógico na
matemática, trabalhavando com alguns conceitos da geometria, e outros
conteúdos de áreas como estudos sociais, artes, ciência e meio ambiente. Com
isso, passamos então a ter a possibilidade de usar as potencialidades do origami
como um instrumento interdisciplinar pedagógico. Ao trabalhar o origami em sala
de aula podemos explorar, para que o aprendiz possa aprimorar sua criatividade,
estimular a memória e a concentração, explorar a participação, a interação e a
socialização, e desenvolver a psicomotricidade e a afetividade.
A partir dessas possibilidades, podemos explorar a utilização do origami como um instrumento pedagógico nas aulas de
Educação Fisica Escolar, inserido na proposta da cultura corporal.
Como a arte do origami, utilizada
como instrumento pedagógico, pode contribuir nas aulas de Educação Física
Escolar?
O origami pode ser um recurso
aplicado ao currículo escolar, pois pode servir de auxilio no desenvolvimento da
criança, além do entretenimento, pode vir a estimular a imaginação e contribuir
para o aperfeiçoamento da criatividade. O origami pode ser usado como recurso
pedagógico na sala de aula e na escola, nas mais variadas formas, como contar
histórias, fábulas e lendas, usando as dobraduras durante as dinâmicas que
podem servir de auxílio na hora de contar a história explorando a ludicidade. Esse
recurso pode possibilitar que a aula fique mais atrativa, fazendo com que a criança
possa ter uma melhor compreensão e assimilação dos conteúdos. Os alunos podem participar da
confecção dos personagens que estarão presentes na história, e até recontar a
história ou criar outra. O professor pode trabalhar com diferentes formas
geométricas de tamanhos diferentes. O trabalho com as cores, com a arte, com a beleza e a preocupação com os detalhes, poderá facilitar a exploração e o
desenvolvimento do senso estético e criativo do aluno.
Na Educação Física o origami pode ser usado como um instrumento
pedagógico, auxiliando nos conteúdos mais específicos e no desenvolvimento
social do aluno. Nos primeiros tempos de vida a criança explora o mundo que vive
com os olhos e com as mãos, aperfeiçoando as suas habilidades. O origami exige
que o aluno tenha uma consciência das suas habilidades motoras finas, porém
algumas capacidades são fundamentais para o aprimoramento da concentração,
do raciocínio e da memória. Para conseguir lidar com atividades mais complexas é
preciso que a criança tenha domínio de suas habilidades e experiências com os
movimentos fundamentais que exigem um longo processo, e servem de base para
a aquisição de habilidades das etapas seguintes. Essas habilidades podem ser
trabalhadas e aperfeiçoadas nas aulas de Educação Física e o origami pode
contribuir como um instrumento de auxilio, facilitador para a execução e o
desenvolvimento de tais tarefas. Como exemplo, fazer um avião de papel e utilizar
essa dobradura, para trabalhar o educativo do lançamento.
Pensando na relevância em torno da área científica e acadêmica, com esse
trabalho busco trazer uma pesquisa sobre o tema do origami no âmbito da
Educação Física Escolar. Temática que ainda é pouco estudada na área, pois nas
pesquisas de dados até o momento não foram encontrados trabalhos que façam
essa discussão da arte do origami nas aulas de Educação Física Escolar.
O origami pode se tornar uma forma de auxiliar no
desenvolvimento motor, na aquisição da sensibilidade com a criatividade,
paciência e imaginação. Ainda são frequentes ideias sobre a criatividade sendo
atribuída como um “dom” raro ou decorrente da hereditariedade. Ao discordar
dessas afirmativas percorremos em outro caminho que acredita no
desenvolvimento das capacidades. O origami é
considerado um ótimo exercício para a criatividade, a concentração, e para o
corpo, porque se utiliza da harmonia dos hemisférios cerebrais de maneira
agradável e leve.
Esse acréscimo,
pode influenciar em diversos aspectos do desenvolvimento do indivíduo, tais
como: a observação, a concentração e atenção, a autoconfiança, o esforço
pessoal, tornando-as capazes de aprender e compreender esta arte.
A partir dessas possibilidades, pode-se explorar e propor a
utilização do origami como um instrumento pedagógico nas aulas de Educação
Fisica Escolar, inserido na proposta da cultura corporal.
Como a arte do origami, utilizada
como instrumento pedagógico, pode contribuir nas aulas de Educação Física
Escolar? E nos objetivos específicos:
a) Elaborar estratégias pedagógicas para a
utilização do origami na escola;
b) Discutir a possibilidade de utilização do origami
no trabalho com a cultura corporal;
O que podemos fazer com o origami?
Para a construção do origami são
utilizados três elementos: o papel, a forma e o processo. O papel se altera
conforme seu tamanho, sua forma inicial, cor e textura. A forma inicial das
dobraduras pode ser um quadrado, ou outras formas. A textura ideal é aquele
papel que permite realizar vincos bem determinados sem rasgar. A forma do
origami permite fazer criações geométricas, animais, plantas, objetos e outros. A
dificuldade encontrada nas dobraduras é bastante variável, o que permite a
seleção de figuras de diversos níveis de aprendizado. As figuras podem ser
confeccionadas através de um único papel ou utilizando módulo, que são
encaixados formando uma figura. O processo da dobradura requer uma sequência
de passos, com uma ordem pré-estabelecida. Para a realização desses passos
precisamos ter organização e inicialmente o auxílio de um instrutor, que pode até
ser virtual, e acreditamos que no trabalho com conteúdos podemos tornar o
professor um mediador para esse processo pedagógico.
O uso do origami como apoio ao aprendizado traz benefícios em diferentes
áreas de estudos. Conhecer novas culturas pode inspirar a curiosidade dos
alunos, estimular e promover o intercâmbio cultural entre estudantes de diferentes
nações, trocando técnicas e dobraduras.
Na matemática e geometria o aluno terá uma noção melhor sobre plano e
espaço, grande e pequeno e etc.
Na educação artística o trabalho com as cores, originalidade da beleza e a
preocupação dos detalhes. O aluno em
contato com o origami pode vir a explorar o seu senso estético e seu lado criativo
através das suas próprias criações e através delas criar e imaginar novas
histórias. Assim o aluno pode explorar de forma lúdica o seu jeito de pensar e agir,
podendo trazer pontos importantes durante a realidade que está inserida.
Nas ciências naturais a confecção de dobraduras que representam animais
pode ser utilizada em aula prática, quando as crianças poderão diferenciar insetos,
flores e animais.
Na língua portuguesa podemos utilizar as dobraduras para “contar histórias”
e como auxílio na alfabetização. Encontra-se
farto material de apoio na narração de histórias e produções de teatro com apoio
de figuras do origami.
A partir das especificidades abordadas, observa-se que a ferramenta do
origami possui características transversais, que extrapolam os limites de uma
disciplina. Com isso, podemos considerá-lo também uma ferramenta
interdisciplinar.
Com a arte de dobrar o papel, o aluno poderá ter um aprendizado
satisfatório e se beneficiar conforme a dinâmica da aula e através da dobradura
poderá também vir a estimular e ampliar as suas habilidades motoras. Assim o origami pode ser um instrumento de apoio pedagógico que possibilita, que a turma
que trabalha com as dobraduras tenha um melhor relacionamento e que
compreenda, com maior interesse, as isciplinas que forem ensinadas através
dele.
Através do origami o aluno pode construir
novos conceitos por meio da confecção de variadas peças, desde a manipulação
até as variadas formas assumidas pelo papel. Ao brincar de dobradura o aluno
movimenta o seu olhar em várias direções. Quando a criança constrói uma peça
de origami ela esta sujeita a reproduzir uma seqüência de passos, que estão
ligados a informações visuais aliadas a comandos que possuem uma simbologia
própria pré-definida – os chamados símbolos gráficos (diagramas) que na maioria
das vezes dispensa o uso da língua específica. Um indivíduo de qualquer país que
já tenha um conhecimento básico do origami consegue, por exemplo, reproduzir o
esquema de um livro em japonês sem mesmo dominar a língua. A partir daí se
inicia a confecção das peças de origami, selecionando de modo que evoluam dos
modelos mais simples para os mais complexos.
Esse material lúdico trabalhado na sala de aula como um recurso especial
irá propiciar a construção do saber pelo próprio aluno em atividades criativas e
desafiadoras.
Através do origami foi possível desenvolver
embalagens práticas, como as caixas de comida e sacolas de compras. Até no
campo da moda o origami ajudou a definir novos conceitos, com roupas que
podem ser dobradas e encaixadas. O
uso do origami pode contribuir para estimular e aperfeiçoar a capacidade de
concentração; desenvolver a coordenação motora fina; aprimorar a destreza
manual e a paciência; reduzir o estresse e melhorar a visão espacial. Algumas
pesquisas mostram que a prática do origami na educação de crianças e adultos
ajuda no desenvolvimento de habilidades que envolvem o lado comportamental e
social.
O uso das mãos e dedos é considerado por estudiosos, ser de
grande importância para o desenvolvimento das percepções
cerebrais, porque estimula e realiza novas conexões entre os
neurônio, traçando novos caminhos. Aprende-se muito com o tato
e a sua coordenação com a visão e os outros sentidos, estimula a
estética, a habilidade social, a criatividade, por ser uma atividade
rica em possibilidades inovadoras.
O ato de dobrar um papel e transformá-lo em uma figura seja a mais simples
ou a mais complexa, se torna um exercício importante para a movimentação e o
raciocínio espacial até obter a simetria. Ao observar o trabalho do outro podemos
ajudar o colega nas dobras auxiliar no trabalho em equipe. A arte do origami, é, portanto, uma atividade criativa que transmite
curiosidade e alegria e finalmente leva o executante a ter orgulho e satisfação da
obra concluída. As crianças a demonstram satisfação e
entusiasmo ao terminarem de dobrar o papel e notarem que haviam conseguido
fazer a dobradura proposta.
É necessário, a partir desse desenvolvimento mental, enfatizar no
desenvolvimento da criança a observação, a persistência, a meticulosidade, a concentração e atenção, a autoconfiança, o
esforço pessoal, tornando-as capazes de aprender e compreender
essa arte fascinante.
Acredita-se também que através do origami se trabalha no aluno a
autonomia e responsabilidade capacidades fundamentais para o nosso dia a dia. O uso de dobraduras no ensino não é novo. Friedrich
Froebel (1782-1852), educador alemão, foi quem iniciou este uso. Ele foi o criador
do “kindergarten” mais conhecido como “jardim de infância”, e na sua abordagem
dividia-as em três estágios: dobras de verdade, onde visava o trabalho da
geometria elementar com a intenção de que as crianças descobrissem sozinhos
os princípios da geometria euclidiana; as dobras da vida, consistia em
conhecimentos básicos de dobradura tendo como finalidades dobraduras
tradicionais como pássaros e animais. Esse estágio não foi tão relevante de
segundo os adeptos desse estágio, pois o considerava como apenas uma forma
rigorosa de memorização, acreditando que não havia à exploração da criatividade
infantil. As dobras da beleza tinham como intenção a criatividade e a arte. As
crianças guardavam suas dobraduras em álbuns ou em caixas, muitas dessas
coleções datam do século 19 e podem ser encontrados em museus da Europa.
Foi Friederich Froebel (1782-1852) quem pela primeira vez utilizou
essa arte obtendo sucesso junto à sua primeira turma de educação
infantil, ao usar as dobraduras iniciais em suas praticas
pedagógicas, onde usa esta arte nas salas de aula com toda a
filosofia de educação ocidental, que nasce suas pretensões alterar
ou substituir o ensino tradicional da educação infantil e do Ensino
Fundamental existentes, com isso houve mudanças positivas na
educação. A criança é que tem que estar agindo para aprender e
escolher o caminho a seguir a partir da imaginação e do seu
potencial.
O professor ao utilizar o origami nas suas aulas, pode suscitar um maior
interesse dos alunos e o enriquecer a metodologia das suas aulas, tornando-a
mais satisfatória e satisfazendo a sua proposta. Sabemos o quanto é importante para o indivíduo que ele desenvolva de forma equilibrada e possa exercer todo o seu potencial e criatividade. O origami pode ser
um excelente recurso pedagógico.
Na psicopedagogia, jogos e brincadeira são considerados instrumentos ricos
para a avaliação pedagógica e para o acompanhamento terapêutico das crianças.
O professor deve observar pensamentos e atitudes dos alunos, inclusive durante
as atividades que estão relacionadas ao fazer. Existe um provérbio chinês que diz
o seguinte: “o que escuto, esqueço; o que vejo, lembro; o que faço, compreendo."
O origami é considerado um instrumento educativo e terapêutico.
Seu uso trabalha com toda a parte física e o lado emocional, onde
estudos comprovam que ao trabalhar com as duas mãos, é
exercitar toda à parte do cérebro. Exercitando ainda a
coordenação motora, atenção, visualização espacial e a
criatividade.
A inserção do origami nas escolas possibilitaria alternativas didáticas a
serem trabalhadas nas mais diversas disciplinas. Por mais difícil que seja
trabalhar interdisciplinarmente na estrutura escolar atual, percebemos que a
ferramenta origami poderia atuar como facilitadora nesse processo.
Diante disso porque não adotar as potencialidades que o origami traz como
ferramenta pedagógica nas aulas de Educação Física Escolar para trabalhar com
um ou mais conteúdos conectados, na temática da cultura corporal?
Analisando a coleta de dados, os relatórios de estágios, as informações que
foram observadas, podemos considerar que os alunos demonstraram interesse
em participar das aulas. Observa-se que alguns tem dificuldade na questão
de dobrar o papel quanto a precisão dos movimentos das mãos. Mesmo que a
atividade seja individual a cooperação entre os alunos pode ser observada. Durante a
atividade os alunos que conseguem assimilar a dobradura ajudam os colegas,
e quando é entregue o diagrama (passo a passo) pode-se perceber que para alguns
fica ainda mais compreensível, pois eles olham a figura e tentam reproduzir.
É necessário que o origami seja trabalhado e apresentado ao aluno de
acordo com o seu nível de conhecimento. Utilizamos o origami de forma
cadenciada seguindo uma linha de raciocínio cuja o conhecimento é construído
em saltos qualitativos de forma espiralada. No caso, contamos primeiro a história
do origami, abordamos e relacionamos a questão cultural e refletimos a sua
utilidade no contexto social. É preciso também relacionar esses aspectos na hora
de dobrar o papel, pensando no desenvolvimento motor de cada aluno. Diante
disso, apresentamos e ensinamos dobraduras simples, sem muito detalhe e de
fácil assimilação. Depois acrescentamos o diagrama e um origami modular
(estrela ninja), onde exige do aluno um pouco mais de atenção e concentração.
Depois que o origami está pronto, percebe-se a animação dos alunos
e ao mesmo tempo um ar de admiração ao ver o objeto pronto. A atividade tem como proposta usar os dois aviões e explorar o lançamento, de distância e de
precisão. Uma das variações da atividade é que o aluno escolha um avião que
melhor se adapta e invente um lançamento criativo. Tem exemplos de alunos que saem correndo e saltam, lançando o avião por debaixo das pernas. A ideia é através o origami como objeto de auxílio, explorar no aluno a liberdade de
expressão dos movimentos.
Observa-se também que os alunos mostram ser solidários e
cuidadosos com o objeto do colega, tanto com o avião e a estrela ninja. por
exemplo, quando as estrelas são lançadas, algumas se perdem devido ao seu
tamanho e velocidade. Cada estrela estará com o nome do aluno, então quando
se acha, logo devolvem para o dono. Eles tem a preocupação de manter
aquele objeto intacto, sempre arrumando das dobras para que o objeto volte
ao seu formato.
Um fato que também poderá ser observado na aula da estrela ninja, será quando os alunos ja tiverem feito os módulos, porém não for ensinado a forma de encaixa-los, devido ao um "contra-tempo". Na aula seguinte poderão surgir alguns alunos mostrando que conseguiram montar a estrela colando os dois módulos, etc. Como e de que
forma fizeram para conseguir resolver a dobradura não saberemos. O importante é
deixar claro que mesmo que o origami tenha uma sequência de dobras e técnicas
envolvidas, os mesmo tentarão solucionar a dobradura do jeito deles. Os alunos
terão a autonomia, liberdade, paciência, criatividade, persistência em resolver
aquele problema. As observações relatadas aqui mostram que o origami não está
somente relacionado a coordenação motora, e que podemos usá-lo e explora-lo
para além do desenvolvimento motor.