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terça-feira, 24 de março de 2015

Kabuletê - instrumento de percussão

Kabuletê
Sons que conectam culturas

Autoria: Renata Bravo, idealizadora do blog Brincadeira Sustentável

Há sons que não se escutam com os ouvidos,
mas com a pele, com a memória, com a alma.
O kabuletê é um desses.
Gira entre as mãos como quem gira o tempo.
O barulho que nasce do toque das sementes contra o corpo do instrumento
é o eco de muitas vozes – vozes de crianças em brincadeira,
de ancestrais em vigília, de povos em resistência.

Cada fio que prende o barbante,
cada semente que vibra,
cada gesto que conduz o ritmo,
carrega saberes que não se leem em livros,
mas se transmitem pelo ato de fazer, de sentir, de compartilhar.

O kabuletê não pertence a um único lugar.
É ponte entre continentes e gerações.
Alguns dizem que nasceu na África,
outros que veio do Oriente.
Talvez tenha vindo de ambos,
ou talvez tenha surgido do próprio desejo humano
de criar sons para espantar medos
e celebrar a vida.

No Brasil, encontrou solo fértil nas mãos daqueles
que mesmo silenciados, seguiram cantando.
Instrumento de sobrevivência,
de alerta, de culto, de festa.
Mais tarde, tornaria-se brinquedo,
e hoje, renasce como arte, como história, como aula viva.

Nesta exposição, convidamos o público a ouvir
o que os olhos não dizem
e ver o que o som revela.

Convidamos a dançar com as memórias,
a bordar afetos,
a girar o mundo com a palma das mãos.

Aqui, o kabuletê se reinventa:
escultura, fotografia, arte têxtil, pintura, vídeo, instalação.
Grita e canta.
Conta segredos sobre ancestralidade,
sobre liberdade,
sobre o direito de existir em ritmo próprio.

Se a história muitas vezes se escreveu com espada,
aqui se escreve com semente.
Se a cultura tanto já foi calada,
aqui ganha voz, movimento e cor.

Que os sons deste kabuletê
toquem os que passam.
Que despertem em cada visitante o desejo de aprender,
de respeitar, de celebrar as raízes culturais que nos sustentam.

Porque no coração de cada batida
há a certeza de que somos feitos de movimento,
de resistência
e de poesia.

E enquanto o kabuletê gira,
gira também a história,
gira a esperança,
gira o futuro.

Material: Papel cartão ou prato descartável, botões, fitas, palito de picolé

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