O Trabalho pedagógico-musical deve
se realizar em contextos educativos
que entendam a música como um
processo contínuo de construção, que
envolve perceber, sentir,
experimentar, imitar e criar e refletir.
Surpreendentemente através de sapiência humana, o homem em contato com os
fenômenos da natureza, começa a distinguir e a reconhecer seu sentido auditivo por
intermédio dos sons que se desenvolveram pelos aspectos naturais, como ―o quebrar das
ondas do mar, o som trovejante das tempestades e os diversificados sons dos animais‖.
(OLIVEIRA, 2011, p.3). A música, então, é demarcada na história por aspectos místicos,
que se transforma em sons, influenciados pelos indivíduos apreciadores dos campos
sonoros.
De acordo com os estudos históricos foram encontradas pinturas importantes em
determinados lugares que demonstram a relação do homem com a música, para
acontecimentos históricos importantes, como manifestações culturais em que a música
servia como preparação para fortalecer o caçado em busca das forças da natureza, na
reverência e lembrança dos mortos. A música dentro desses momentos era manifestada
através da voz e do corpo, se tomando conhecimento dela na prática aos longos dos anos
sobre produções sonoras. Dai por diante a música foi evoluindo, influenciando diretamente
os períodos históricos.
A música chega à contemporaneidade como algo essencial para a aprendizagem,
contribuindo assim para o desenvolvimento humano.
De uma forma mais artística e lúdica, a música contribui para que os fatores como a
timidez, dicção, linguagem, corporeidade e motricidade sejam desenvolvidos e melhor
explorados espontaneamente, através de adaptações musicais em situações de
aprendizagem que estejam relacionados ao cotidiano educacional da criança.
Com base nesse pressuposto, aqui se buscou pesquisar sobre O trabalho com a
música na educação infantil, partindo-se de um grandes motivo: refere-se à lei nº 11.769, declamando que ―a música deverá ser conteúdo
obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular‖ (LDB, 1996, p27). Diante deste
decreto surgiu o interesse pessoal de observar como a música está sendo
inserida nas salas de aulas da educação infantil e como seus respectivos professores estão
trabalhando em sala de aula.
Para tanto, o objetivo geral desta pesquisa é investigar que concepções os docentes
possuem sobre o papel da música na educação infantil. A fim de alcançarmos este objetivo,
delimitamos os seguintes objetivos específicos: 1. Analisar as contribuições que a
musicalidade traz para aprendizagem; 2. Destacar o papel da música dentro do
desenvolvimento educacional; 3. Identificar o entendimento dos professores sobre o papel
da música na educação infantil.
Para realizarmos este estudo, adotou-se como metodologia a pesquisa de campo
exploratória, que buscou, por meio do instrumento de coleta de dados, obter informações
sobre o trabalho realizado com a música na educação infantil.
A fim de subsidiar esta pesquisa, foram retomados os estudos de Oliveira (2011),
Piaget (2001), Palagana (2001), Weiz e Sanchez (2009), Brennand (2009), RCNEI (1998),
Prado et al (1998), Lino (1999), Brito (2003), entre outros. Tais referências auxiliaram no
desenvolvimento da interpretação e análise dos dados, conduzindo-nos aos resultados
apresentados no final deste trabalho.
A organização da pesquisa segue os parâmetros metodológicos, sendo apresentada
da seguinte forma: parte pré-textual, textual e pós-textual. Em se tratando dos capítulos,
apresentamos três, assim descritos – no capítulo 1 aborda-se sobre o processo de
aprendizagem infantil, retomando os estudos de Piaget (2001) sobre a gênese do
desenvolvimento humano e a influência da música neste contexto. No capítulo 2 são feitas
considerações a respeito do papel da escola na inserção da arte musical, tomando-se como
referência a perspectiva dos parâmetros e dos referenciais curriculares nacionais para a
educação infantil. Já o capítulo 3 dedica-se à pesquisa de campo, seu processo
metodológico, delimitação dos sujeitos e coleta, organização e análise dos dados. Em
seguida, apresentam-se as considerações finais, em que são expostos os resultados
alcançados.
Espera-se que este trabalho traga contribuições relevantes para o contexto da
educação infantil, servindo como um instrumento para reflexão de docentes sobre a prática
pedagógica envolvendo a educação musical.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A APRENDIZAGEM ESCOLAR
ATRAVÉS DA MÚSICA
- OS NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E A APRENDIZAGEM
ESCOLAR
O ato de conhecer e de aprender não acontece por acontecer. Assim, o aprendizado
do ser humano ocorre em etapas, conforme seu desenvolvimento físico e cognitivo.
As primeiras etapas do aprendizado ocorrem na infância. É nesta fase em que a
criança precisa ser estimulada com qualidade, para adquirir conhecimento e
desenvolvimento físico.
Sobre estas etapas, os estudos de Piaget nos trazem muitos esclarecimentos. O foco
de sua pesquisa trata da gênese do conhecimento humano, a qual estabelece uma ligação
direta com desenvolvimento cognitivo que compreende fases de crescimento, acontecendo
em estágios distintos ao mesmo tempo em que se adquirirem mudanças e novas
habilidades.
No desenvolvimento cognitivo a criança passa a refletir sobre ações pensadas.
Independentemente da seqüência que faça, suas ações vão sendo adquiridas em disposição
e ligação de uma atividade para outra. Através deste processo que vai fixando ainda mais o
desenvolvimento cognitivo, acontecem múltiplas produções de conhecimentos, em
seguimentos de evoluções biológicas, em que a criança começa a se coordenar através
ações repetidas e contínuas. Acontecendo a [...] ―organização de ações no espaço e tempo,
que é chamado de lógica das ações‖. (PALANGA 2001, p.21, aupd PIAGET 2001, grifo
nosso).
Essa lógica das ações está relacionada tanto com a maturação física quanto
cognitiva. Desse modo, as ações e reações, o que se aprende e o que ainda não é possível
de compreender, dependem de estágios do desenvolvimento humano, os quais são
denominados por Piaget (2001) como: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto
e operatório formal.
O estágio sensório–motor está ligado ao desenvolvimento humano na fase do
nascimento aos 2 anos de idade. Neste período a criança não tem pensamento organizado
em sua afetividade, que permita fazer identificação de pessoas e objetos sem que estejam em sua presença. Dentro de um processo construtivo, os sentidos básicos vão se formando
e, na medida em que os utiliza, o sistema nervoso vai se amadurecendo através do contanto
da criança com meio. Os reflexos comportamentais vão se modificando e com um mês e
meio de vida a criança já é capaz de identificar objetos e pessoas, amadurecendo
inicialmente suas estruturas cognitivas. As mesmas são formadas através da construção da
coordenação ―sensório- motora‖ (PALAGANA, 2001, p.24). O crucial neste período é a
evolução da criança na identificação estável de um objeto. Possibilitando também a
formulação conjunta de estruturas cognitivas que serviram como suporte para o
desenvolvimento perceptivo e intelectual subseqüentes.
O segundo estágio de desenvolvimento se trata do pré-operatório, que ocorre de 2 a
7 anos. Sendo um período mais evoluído, neste estágio o indivíduo desenvolve suas
possibilidades de diferentes formas: no sentido da atuação lingüística/comunicação oral, no
processo de raciocínio e na apresentação de um comportamento substancial: é a fase em
que a individualidade melhor se expressa. Neste estágio a criança possui o entendimento
próprio diante a representação do meio, fazendo o reconhecimento através de seu
entendimento do que é posto em sua presença, diferentemente daquilo que está ausente. ―É
nele que se estrutura a função semiótica, habilidades cognitivas fundamentais para que a
criança possa trabalhar com operações lógicas, passando assim para estágio seguinte‖.
(PALAGANA, 2001, p. 26).
O estágio seguinte se trata das operações concretas, ocorrendo entre os 7 e 12 anos.
Os processos cognitivos dentro desse estágio não são responsáveis por ações lógicas e
independentes da criança. O entendimento depende de situações vividas em sua realidade.
Neste período acontece a troca constante de representações mentais, ocasionando a
aquisição, modificação e ampliação de informações decorrentes do processo contínuo de
aprendizagem. A criança agora procura desenvolver um pensamento que seja transmitido
diante uma argumentação compreendida e considerada por todos em seu meio.
O último estágio, denominado de período das operações formais, se dá dos 12 anos
em diante. Nesta fase a criança passa a ampliar as suas habilidades e capacidades
adquiridas na fase anterior e já consegue raciocinar usando hipóteses e idéias abstratas. A
criança adquire a capacidade de analisar e avaliar criticamente a realidade social. Segundo
Piaget (2001), é o mais alto nível de desenvolvimento cognitivo.
Deste modo, tendo-se compreensão dos níveis de desenvolvimento humano, é
possível realizar um trabalho educativo voltado para as peculiaridades da criança, de
acordo com seu processo cognitivo. Por isso o professor tem que ser um constante observador das ações demonstradas pelo aluno, para que novos conhecimentos aconteçam
diante dos existentes.
Considerando que a aprendizagem se constrói diante das respostas das ações dos
alunos, o professor precisa construir ações em que o aluno desenvolva suas estruturas
cognitivas, constantemente. Uma das inúmeras formas de proporcionar situações de
aprendizagem significativa e, portanto, coerente com o nível de maturação cognitiva, é
inserindo a música nas atividades escolares. É o que veremos no item a seguir.
A INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Desenvolver atitudes espontâneas é de importantíssimo valor para se construir uma
educação rica em valores culturais. Diz Brennand que ―Rousseau defendia que a escola
não deveria prepará-la para o futuro nem modelá-la para determinados fins, mas oferecerlhe a possibilidade de ser livre e espontânea, oportunizando-lhe felicidade, enquanto ainda
criança‖ (SILVA, 2009, p.395).
É a partir deste entendimento que começo a falar sobre a importância da música
para aprendizagem, ressaltando a importância de se oferecer possibilidades para a criança
ser livre e espontânea, por meio da educação musical. Assim, interagir com o meio natural
e o ritmo musical, usando sua espontaneidade a desenvolver habilidades musicais.
Esta vivência deve ser priorizada na escola, a partir do momento em que o
professor põe em prática o ensinamento de Pestalozzi, quando ele diz que o ensino deveria
partir do conhecido para novo, do concreto para abstrato. Recomendando que seja
essencial para a escola o ato do ―aprender fazendo’‖. (SILVA, 2009, p.396.)
A música desenvolve o raciocínio, dando criatividade à criança e aptidões para que
sejam aproveitadas nas ricas atividades dentro da sala de aula. Assim como é a música é a
dança que atuam no desenvolvimento corporal através da gesticulação e movimentação,
dando equilíbrio para metabolismo humano, estimulando a disposição e evitando doenças
como obesidade, fadiga, problemas cardíacos, levando o aluno ao prazer e estimulação
fazendo uma aprendizagem de forma saudável.
A música e a dança proporcionam movimentos corporais, que trazem satisfação e
alegria. Desenvolvendo a criança a música despertando seu interesse e criatividade, ao
mesmo tempo em que estimula a sua autodisciplina, através das distinções rítmicas e estéticas. Abrindo caminho para imaginação, fazendo com que a identidade do sujeito seja
construída. Este aprendizado proporcionado pela música pode ser direcionado às práticas
educativas escolares, a começar pelo contexto da educação infantil, uma vez que desperta o
interesse e o envolvimento da criança, ajudando-a a expressar-se e a socializar-se melhor.
Por isso, cabe ao professor sempre proporcionar apoio às crianças, dentro do
ambiente e por meio dos acervos musicais que possam ser trabalhados, despertando as
crianças para conhecimento cultural diversificado, de outras cidades ou regiões, como
músicas clássicas, músicas folclóricas, regionais, líricas, etc. Vale ressaltar que estas
atividades que devem sempre partir do conhecimento prévio da criança, respeitando seu
tempo de assimilação e aprendizagem – ou seja: trabalhar a educação musical de acordo
com as possibilidades e recursos que estejam dentro das condições que professor possa
disponibilizar para crianças, favorecendo, assim, o desenvolvimento cognitivo.
Como se percebe, a música contribui para vida do ser humano e traz um bem estar a
pessoas. Pensando-se no contexto escolar, o professor pode desenvolver práticas de ensino,
ampliando os sentidos das crianças, principalmente o auditivo, na estimulação do ouvir.
A música estimula à prática sonora desenvolvendo o aluno a distinção dos efeitos
sonoros, como timbre, altura e intensidade, fazendo com que seja distinguido cada som
escutado. E aos poucos vai se ampliando o seu desenvolvimento sonoro, apreendendo-se
quais gostos sonoros mais aprecia e o que não são de seu agrado, assim podendo fazer
reproduções que são agradáveis ao gosto.
Música dentro da perspectiva sonora faz com que se despertem sensações afetivas,
pensamentos e ações. Portanto, estimular a socialização, interagindo musicalmente, faz a
criança aprender a conviver melhor se comunicando afetivamente em harmonia na família,
na escola e em meio à sociedade.
A ESCOLA E A ARTE MUSICAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
- CONSIDERAÇÕES SOBRE O ENSINO DA MÚSICA NA PERSPECTIVA DOS
REFERENCIAIS CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI) é desenvolvido
numa abordagem diversificada, para estímulo e organização da aprendizagem e identidade
da criança. Dentre desses aspectos são inseridos vários métodos e orientações que apontam
caminhos para uma melhor prática docente.
No RCNEI (1998) se encontram várias formas de abordagem de ensino direcionado
à criança. Numa dessas abordagens está à música como método de aprendizagem a ser
utilizado e desenvolvido, para que trabalhem as capacidades afetivas, emocionais e sociais.
―A cultura dentro referencial curricular é entendida de forma a ampliar conteúdos
dentro de seus códigos e produções simbólicas‖ (RCNI, 1998, pg 46). Por isso, a música
proporciona, ao professor, meios que possibilitem aprendizagens e manifestações culturais
das e para as crianças.
Para que o professor se utilize adequadamente destes meios, o seu perfil deve ser
amplamente diversificado, para que no planejamento de suas atividades proporcione
conteúdos diversos a garantir aprendizagens em diferentes abordagens, em especial quando
se trabalha com a arte musical, uma vez que ―a implantação e/ou implementação de uma
proposta curricular de qualidade depende, principalmente, dos professores que trabalham
nas instituições‖. (RCNEI, 1998, p.41)
O RCNEI contém três volumes. O terceiro volume é relacionado ao âmbito do
conhecimento de mundo, em que se desenvolve na construção de um trabalho com
variadas linguagens pelas crianças, objetivando conhecimentos relacionados entre si.
Dentre os conteúdos curriculares está a música, como construção de conhecimento
significativo a se inserir de forma integral a métodos diversos, na promoção da
aprendizagem das crianças. Assim:
O trabalho com a música proposto por este documento se fundamenta em
estudos de modo a garantir à criança possibilidades de vivenciar e refletir
sobre questões musicais, num exercício sensível e expressivo que
também oferece condições para o desenvolvimento de habilidades.
(RCENI, 1998, p.48).
A música está presente na educação infantil, ao longo dos tempos, sendo
compreendida como forma curricular contribuinte no desenvolvimento de hábitos,
atividades e culturas, além de proporcionar a prática do convívio social, desempenhando
estímulos à memorização e melhorando a fixação conteúdos e aprendizagens.
Partindo-se dessas considerações, podemos dizer que o trabalho com a música está
entrelaçado com práticas e referenciais interdisciplinares, já que remete a conhecimentos
diversificados, ao se inserir em contextos literários e artísticos, datas comemorativas,
brincadeiras, atividades desportivas, etc.
Assim, na perspectiva das práticas curriculares da educação infantil a
interdisciplinaridade é entendida [...] ―como um ponto de cruzamento de disciplinas ou
atividades baseadas em diferentes pressupostos que articulam os conteúdos trabalhados de
forma harmoniosa‖ (BEZERRA, 2010, p.206). O professor de educação infantil, através de
uma abordagem interdisciplinar, deve considerar a diversidade dos conteúdos disciplinares,
para que haja uma articulação maior entre o que se ensina e o que se aprende. Assim, é
preciso saber fazer uso de métodos interdisciplinares para melhor favorecer a
aprendizagem.
Deste modo, para educar com qualidade, as instituições precisam fazer adaptações
estruturais e funcionais, para promover condições de desenvolvimento das crianças, de
acordo com as orientações curriculares nacionais.
Nas escolas o desenvolvimento infantil deve ser acessível a todos sem qualquer tipo
de discriminação, em que sejam válidos e resgatados os fatores culturais da criança. Logo,
o desenvolvimento curricular deve criar possibilidades diversas de aprendizagem, pois
diante das metodologias adotadas estimula a criança a desenvolver sua identidade,
emitindo seu reconhecimento através de várias situações envolvendo a música, o corpo, a
cognição e o afeto.
A educação escolar infantil respaldada pelo RCNEI (1998) proporciona várias
situações em que as aprendizagens contribuam integramente para o desenvolvimento de
habilidades como o ouvir/falar, o ler/escrever, o cantar/ dançar, entre outras. O estímulo ao
desenvolvimento de diferentes habilidades, especialmente as motoras e lingüísticas, faz
com que a relação entre o cuidar e o educar se estabeleça, pois a educação escolar está
sendo pensada e planejada adequando-se ao cuidado não apenas físico, mas o cuidado
global da criança – o que resulta na qualidade e diversidade do ensino em relação aos
diferentes níveis de desenvolvimento cognitivo.
Portanto, o cuidado global da criança deve acontecer na interação de métodos
interdisciplinares, através de orientações baseadas nos procedimentos curriculares que
estimulem o aluno a se descobrir e desenvolver suas capacidades. Isto pode ser favorecido
por meio de estímulos musicais.
TÉCNICAS E MÉTODOS PARA O TRABALHO COM A ARTE MUSICAL NA
ESCOLA
A aprendizagem deve acontecer de forma que socialize o indivíduo, que ele
conquiste a autonomia e se torne crítico e criativo. ―O respeito à autonomia e à dignidade
de cada um é imperativo ético, e não, um favor que podemos ou não conceder uns aos
outros‖. (BEZERRA,2010, p.162 apud FREIRE,1996,p.59).
O ensino e aprendizagem estão disponíveis da mais variadas formas para crianças,
através das tecnologias da informação e comunicação, que inclui a música na aquisição e
uso desses novos métodos (utilização de vídeo, áudio, conto, musical, etc), ampliando e
facilitando uma aprendizagem com mais eficácia através utilização mídias, que traz para
sala de aula informações de formas diversas através cultura contemporânea. Em suas
reflexões, Ausebel (apud MOREIRA e MAZINI, 1982), apresenta dois eixos de
aprendizagem memorística (mecânica), sendo um deles aprendizagem por descoberta – em
que o estudante precisa descobrir o conteúdo antes de assimilá-lo. Por esta razão, o uso do
meio mediático, dentro da sala de aula, deve ser adaptado para ser utilizado pelas crianças.
A utilização de métodos que instiguem uma aprendizagem sadia e significativa,
proporcionando formas novas de aprendizagem, faz com que o aprendizado se apreenda na
prática. É através da música que tais possibilidades podem se inseridas no contexto escolar,
como, por exemplo, na contemplação da arte cênica, no desenho de melodias, na busca das
variações lingüísticas, na valorização da diversidade cultural.
A formação da música é o que dá forma ao seu gênero, por isso também pode ser
abordada dentro da sala de aula a criação de gêneros e letras curiosas, demonstrando como
a forma estrutural da música pode se desenvolvida. A dança faz parte da composição dos
gêneros que podem ser abordados dentro da música.
Os gêneros musicais são os mais diversificados possíveis, deixando que o professor
possa procurar os ritmos e harmonias que melhor possam se encaixar em algum conteúdo
que queira aplicar.
A voz é uma forte contribuinte de percepção musical que pode se desenvolvido no
ser humano. O professor está em constante uso da voz para desempenho de suas aulas;
então precisa fazer exercícios que trabalhem o cuidado e qualidade da sua voz, através do
gargarejo, da respiração correta, de exercícios vocais que estimulem a garganta,
verificando como está a sonoridade da voz. A visita ao fonoaudiólogo orienta sobre os
devidos cuidados com a garganta e a voz. Exercícios como descanso da voz, o hábito de
tomar água e falar baixo são atos benéficos para aos professores, para que possa garantir
uma qualidade na sua voz, para desempenho de sua profissão.
Este cuidado é uma questão para ser abordada dentro da sala de aula, ao trabalhar a
música, despertando e conscientizando o aluno sobre a importância do cuidado com a
garganta, e com voz, dentro de seus aspectos acústicos, fonéticos e na comunicação.
Segundo Lino (1999, p.62), ―o som é uma onda invisível, e através da percepção
tornamos esse invisível, visível, respeitando a medida o tempo no tempo da medida e de
suas direções‖. A música é construída através de manipulação do som. A sonoridade vai se
formando na construção musical, que vai sendo adquirida através dos conhecimentos
criados pelas e com crianças.
―A noção de conhecimento em música surge da ação da criança com a música‖
(LINO, 1999, p.64). Através do contato com brinquedos sonoros e brincadeiras
desenvolvidas através do ar com músicas que despertem na criança formas
desenvolvimento através movimentos corporais, da voz e interação.
Os sons da voz e dos instrumentos se integram aos elementos sonoros, sendo
descobertos e inovados pelas crianças. Através de objetivos como som da mesa, cadeira,
porta, janela, zíper da bolsa, sons que possam desenvolver construções sonoras diferentes,
podem ser explorados aguçando a curiosidade da criança, fazendo que ela pesquise sons
através exploração sonora desses objetos. Assim, [...] ―atividades de improvisação e
composição podem ser utilizadas pelo educador para desenvolver o processo de percepção
- expressão – comunicação possibilitado pela música‖ (LINO, 1999, p.67). Direcionando o
entendimento da prática consciente nos campos musicais, propiciada pela qualidade da
compreensão dos elementos sonoros, que desdenhados sobre formas livres expressionais
propicia diversidades rítmicas, dentre outras características sonoras que podem se
impulsionadas e descoberta.
Para Lino (1999, p. 80), a sala de aula precisa ter um espaço dedicado à música,
em que os alunos possam colecionar objetos sonoros e músicas para dividir com toda a
turma. É preciso que a escola que trabalha com educação infantil obtenha um espaço para
desenvolvimento musical, e que tal espaço seja confortável e estimulante com almofadas e
tapetes, com infra-estruturar adequada à sonorização da escola, em que seja distante de
áreas muito movimentadas, que ofereça ambiente térmico e acústico, seja agradável. Sendo
composta de brinquedos, CDs, vídeos, equipamentos de som, gravador, microfones e
instrumentos; assim como livros e contos musicais: todo material possível para que a
criança desenvolva a relação afetiva através das expressões sonoras.
É interessante o docente e a escola construírem uma sala em que todo material
musical esteja disponível para criança ter acesso, planejando momentos diários com
ambiente musical, trabalhando as mais diversas possibilidades de estilos musicais a serem
desenvolvidas. Assim, o planejamento de momentos de relaxamento e apreciação musical,
através da acomodação das crianças nos tapetes da sala de aula, faz com que a música seja
contemplada e que as crianças possam se envolver no momento, prestando atenção aos
conteúdos e ritmos musicais utilizados.
Portanto, o ambiente deve ser estimulante para que atividades sobre percepção
musical sejam utilizadas nos momentos da aprendizagem instrumental. O instrutor deve
estimular as crianças para explorar a sonoridade dos instrumentos e todos os materiais
disponibilizados dentro da sala, fazendo a mistura dos sons, que podem ser leve grave ou
agudo, curto ou longo e forte ou fraco.
Assim, tocando, expressando-se e cantando as crianças terão vivenciado as mais
diversas possibilidades de sonoridades que elas poderem descobrir, explorar e criar, pois ―a
escola é um lugar pedagógico por excelência e por essa razão é o local onde devemos
oportunizar diferentes modalidades de escuta infantil‖. (LINO, 2003, p.81).
O professor pode realizar atividades dirigidas, que sejam desenvolvidas sempre
mediante o binômio educar e cuidar, através do acompanhamento do professor, verificando
se o ambiente está nas devidas condições e se os materiais são de qualidade para que
atividade seja desenvolvida com êxito, sem prejudicar o órgão auditivo ou vocal da
criança, como também respeitando suas possibilidades físicas e mentais.
Para Louro (2006, p.27), a educação musical, realizada por profissionais
informados e conscientes de seu papel, educa e reabilita a todo o momento, uma vez que
afeta o indivíduo em seus aspectos principais: físico, mental, emocional e social.
Dentre estas atividades, que envolvem a educação musical, temos como recurso
pedagógico o jogo musical, os brinquedos sonoros, os objetos sonoros, as brincadeiras
rítmicas (parlendas, trava-línguas, cantigas de roda, etc.).
O Jogo musical tem ficcionalidade de trabalhar muitas vezes à memorização da
criança. Jogos musicais são geralmente encontrados em lojas, como teclado, guitarra.
Jogos de dança que tem identificação de cores ou números, notas musicais para que
seqüências de sons ou movimentos e notas musicais sejam desenvolvidas dentro do jogo.
Com um desses jogos, a criança pode trabalhar a questão do fazer letras e melodias
musicais, proporcionando que elas se divirtam aprendendo através das tecnologias da
informação.
O trabalho na área de música pode reunir grande variedade de fontes sonoras.
―Devem-se valorizar os brinquedos populares, instrumentos étnicos, materiais aproveitados
do cotidiano‖. (BRITO, 2003, p.64)
Os brinquedos sonoros são materiais que devem ser valorizados dentro da
aprendizagem formal, pois possuem uma interação para realização continuada da
aprendizagem musical. Brinquedos populares como piões sonoros, reco-reco, chocalho,
violão, pandeiro, teclado, ao serem usados, dão entoações acústicas a ritmos, em diferentes
emissões sons produzidas.
Para BRITO (2003, p.69), construir instrumentos musicais ou objetos sonoros é
uma atividade que desperta a curiosidade das crianças. Uma forma lúdica de as crianças
fazerem suas descobertas sobre o surgimento da produção sonora, podendo elas ser
produtoras do mecanismo sonoro e da confecção dos instrumentos musicais que gostam.
Então, envolver as crianças na produção desse instrumento possibilita o desenvolvimento
da arte de criar.
A questão ambiental também é introduzida nesta atividade. Ao se usar material
reciclado como lata, canudos, varetas, papel usadas, bexigas, tintas, colar, para confecção,
por exemplo, de uma bateria de lata, também se trabalha a questão da conscientização da
preservação do meio ambiente:
As crianças devem ser orientadas para escolher aquelas que formem uma série
interessante de sons, explorando contrastes, tais como: uma lata com som mais
grave, outra com som agudo, uma que vibre mais, produzindo um timbre mais
metálico outra com timbre mais abafado. (BRITO, 2003, p.74).
As brincadeiras com a utilização da música são uma forma de os adultos entrarem
na brincadeira e animarem as crianças. As parlendas são brincadeiras rítmicas com rima e
sem música (BRITO, 2003, p.101). São versos animados com rimas através de uma
linguagem que permite estimular a memorização e fazer com que aconteça associação de
aspecto da realidade através do lúdico numa iniciativa própria da criança ou realizada pelos
pais para entreter mesma. Elas são desenvolvidas para melhorar a relação entre professor
aluno ou entre os próprios alunos, a linguagem, a memorização. Estimulando noções de
aprendizagens como para distinção dos dias, semana, mês, gênero, variações de regiões,
alfabeto, fonemas.
O trava-língua usado no campo educacional se direciona ao desenvolvimento da
linguagem da criança através de pronúncias silábicas repetidas: apresenta-se como um
desafio de pronúncia, em que a criança explora as formas de linguagens, através de frases
populares com pronúncia dificultada. Produzir o trava-língua é também proporcionar
momentos descontraídos, por meio de vivência folclórica.
A dança circular também uma forma de resgatar as próprias brincadeiras do
professor. Através da cantiga de roda, as crianças interagem na cultura folclórica, assim
desenvolvendo movimentos corporais através dos ritmos e melodias são adaptadas
coreografias. São muito usadas dentro da sala de aula infantil, para trabalhar o
desenvolvimento lingüístico, motor e valores da cultura popular.
PROCEDIMENTO METODOLOGICO
- A PESQUISA DE CAMPO
Para compreender como o Trabalho com a música na educação infantil é
realizado, realizamos nossa pesquisa de campo, cujo estudo se apoiou em alguns critérios
metodológicos que traçaram a diretriz de nossa investigação. Uma pesquisa de campo é
definida como:
Aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma
resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda,
descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (LAKATOS E
MARCONI, 1991, p. 188)
Considerando-se que a pesquisa de campo possui diferentes características,
realizou-se uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, buscando encontrar
respostas para os objetivos, de forma planejada, no lócus da pesquisa. Assim, o método
qualitativo busca significados, que investigados sobre várias possibilidades procuram
entender as reações e desenvolvimento humano dentro campo social. ―Nessa perspectiva, a
pesquisa tem como foco a vida e a realidade como fonte direta dos dados, demandando um
trabalho intenso de campo‖. (BRENNAND et. al., 2012, p.66).
DESCRIÇÃO DO CAMPO EMPÍRICO
Uma escola onde funciona a Educação Infantil, sendo 1 turma de Pré-Escola no
turno da manhã e 2 no turno da tarde, e mais uma turma do 1º ano do Ensino Fundamental
no turno da manhã.
A escola se encontra em
local residencial, onde os principais problemas são precariedades sociais da comunidade.
As principais carências da escola, no momento, estão relacionadas com a infra-estruturar.
Na atual administração passou por reformas significativas como a construção de 2
salas de aula; houve reformas também na cozinha e segundo a diretora outras reformas
serão realizadas durante os anos. Atualmente a escola é composta de 5 salas de aulas.
O seu projeto político pedagógico tem como objetivo o atendimento a comunidade
ao redor da escola, construindo ações benéficas na relação escola e comunidade, assim
como promover um bem estar para todos os professores e alunos.
DELIMITAÇÃO DA AMOSTRA E CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS
PARTICIPANTES
Para pesquisa foram escolhidas 4 professoras que trabalham na educação infantil,
pois as mesmas condizem com área desta pesquisa.
A professora 1 é formada no ensino superior completo do curso de
Licenciatura do curso de Pedagogia, tendo 58 anos de idade e tem como tempo de serviço
prestado na educação 32 anos.
A professora 2 tem formação e pós-graduação em
orientação e supervisão educacional, tendo 32 anos de idade e com tempo de serviço
prestado na educação de 12 anos de trabalho.
A professora 3 possui formação no curso superior em licenciatura plena em
história, com 31 anos de idade, com tempo de serviço prestado à educação de 3 anos de
trabalho.
Já a professora 4 possui ensino superior incompleto, estando cursando
pedagogia, com 23 anos de idade; tem de tempo de serviço prestado na educação de 2
anos, sendo a mais nova do campo educacional.
METODOLOGIA ADOTADA PARA A COLETA DE DADOS
Os procedimentos para coleta de dados da pesquisa aconteceram com o
consentimento da gestora da escola (anexo1). Com a pesquisa concedida, iniciou-se o
processo para a coleta dos dados.
Os sujeitos das pesquisas responderam a um questionamento com perguntas abertas
(anexo3) sobre a utilização da música na prática docente, no contexto da educação infantil.
ANÁLISE DOS DADOS
Para a organização e análise dos dados obtidos, utilizamos a tabulação que é um
procedimento que permite apresentar os dados coletados por meio gráfico (RUDIO, 1986).
Para melhor tabular as respostas apresentadas pelos sujeitos participantes da pesquisa,
utilizamos os quadros abaixo.
Registro e análise das respostas apresentadas no questionário
1 – Você usa a música em atividades de sala de aula? Justifique:
Professora 1
Sim! É através da música que a criança sente o prazer de ir para escola e
o aluno aprende com mais facilidade, pois a música em sala de aula é
um grande incentivo.
Professora 2
Sim! A música está sempre presente em sala de aula com objetivo de
enriquecer qualquer tema ou disciplina que seja abordado assim
facilitando a compreensão.
Professora 3
O uso da música em sala de aula tem o intuito de deixar as aulas mais
dinâmicas e expor assuntos lúdicos.
Professora 4
A música facilita para a interação do professor com aluno.
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Conforme as respostas dadas, a música é utilizada como atividade em sala de aula,
sendo responsável pela facilitação da aprendizagem, pois enriquece os conteúdos, deixando
as aulas mais dinâmicas, lúdicas e interativas.
Diante das respostas apresentadas, entendemos que a utilização da música é
significativa para as professoras.
2 – Em sua opinião, para se aplicar atividades com música em sala de aula precisa ter
formação em música? Justifique.
Professora 1
Não! Na sala de aula o educador e alunos construíram o instrumento
musical.
Professora 2
Não! É necessário apenas que o professor trabalhe de maneira ampla,
inove e crie novas técnicas para a construção do saber.
Professora 3
Acredito que a formação e relativa, pois a maioria dos professores
não tem formação em música, contando apenas com suas
experiências docentes.
Professora 4
Não! Precisa de nenhuma graduação em música, mas é sempre bom
os educadores participarem de formação continuada.
De acordo com as opiniões das professoras, todas concordam que não
necessariamente precisariam ser formadas em música para trabalhar com as crianças. As
professoras 1 e 2 frisam que o professor, independente de formação, sabe trabalhar e
consegue inovar e criar ―novas técnicas‖, o que é relativizado nas respostas dadas pelas
professoras 3 e 4, ao colocarem respectivamente que a formação é relativa (no
entendimento da formação inicial) e que seria ―bom os professores participarem de
formação continuada‖.
Estas respostas apresentam posições contrárias em relação à formação do professor
de educação infantil, principalmente no que se refere ao conhecimento de métodos eficazes
para o trabalho com a educação musical. Como então planejar as aulas, procurando
explorar a música no seu campo interdisciplinar, quando não existe uma orientação
musical voltada para este contexto de sala de aula? É uma questão polêmica, já que ―um trabalho pedagógico-musical deve se realizar em contextos educativos que entendam a
música como processo de construção, que envolve perceber, sentir, experimentar, imitar,
criar e refletir‖ (BRITO, 2003, p. 46).
3 – Qual função da música na educação Infantil?
Professora 1
É um método que a criança aprende brincando, tendo o prazer de
chega na escola, pois lá é um ambiente prazeroso.
Professora 2
A Música tem inúmeras possibilidades. Assim como ampliar,
promover um ambiente que a escola seja alegre, que promova e
contribua no conteúdo e no desenvolvimento corporal da criança.
Professora 3
A música tem como função um agente facilitador integrado do
progresso educacional.
Professora 4
Facilitar a interação da criança com o professor, contribuindo para
laços de amizade, desenvolvendo corporal, contribuindo com a
metodologia no ensino – aprendizagem.
Mesmo não tendo formação apropriada, as professoras reconhecem a música como
um recurso pedagógico, com diferentes funções: a música propicia aprendizagem dos
conteúdos trabalhados, motivação, alegria, prazer, melhor interação e habilidade motora.
Se a escola tivesse melhor estruturada, podia-se pensar em um planejamento
partilhado, em que as professoras pudessem associar, por exemplo, as habilidades motoras
e lingüísticas ao trabalho com a música. Assim, haveria um momento para a troca de
conhecimentos e experiência que pudessem auxiliar a prática de cada uma delas.
Também é interessante se conceber a prática da educação musical ―como um
processo orientado que, visando promover uma participação mais ampla na cultura
socialmente produzida, efetua o desenvolvimento dos instrumentos de percepção,
expressão e pensamento necessários à apreensão da linguagem musical, de modo que o
indivíduo se torne capaz de apropria-se criticamente das várias manifestações musicais
disponíveis em seu ambiente‖. (PENNA, 2008, p.47). Mas isto também só poderia
acontecer se a formação inicial orientasse o professor neste processo.
4 – De que forma a música pode entrar no planejamento da educação infantil?
Professora 1
A música deve ser objetiva. A música você trabalha a palavra e a
família silábica, é uma aula interdisciplinar podendo se desenvolvida
em português e ciência.
Professora 2
A música pode entra num planejamento através de temas
pedagógicos integrados.
Professora 3
Sim! Como instrumento didático pedagógico que além de ampliar os
conhecimentos, pode proporcionar aos alunos momentos agradável.
Professora 4
A música não deve entrar de que forma aleatória, tem que ser
objetiva, tendo conteúdos compreensíveis, para isso o professor tem
saber adapta a música ao conteúdo explanado.
Os planejamentos devem correr através elaboração construtiva, se possível de
forma interdisciplinar, ampliando as possibilidades de aprendizagens das crianças. O
professor deve estruturar um planejamento que aborde a melhor forma de aplicar um
conteúdo.
As professoras apontam para a possibilidade de inserir a música no planejamento,
como também indicam como isto pode ser feito, embora de modo superficial: a professora
1 afirma que a música tem que ser objetiva – e pelo que demonstra, serve apenas para
ilustrar o ensino das famílias silábicas (método este tradicional); a professora 2 menciona o
trabalho com a música de forma interdisciplinar, quando trata de temas pedagógicos
integrados; a professora 3 inseriria a música como um recurso/instrumento para ampliar
conhecimentos e tornar a aula descontraída; e por último, a professora 4 aponta para a
necessidade de adequar a música ao contexto do ensino, tomando como referência
conteúdos compreensíveis.
Esta compreensão do que é aprendido, mesmo que superficial, poderia ser aqui
relacionada aos estágios de desenvolvimento infantil (PIAGET, 2001), uma vez que a
música inserida nas atividades cotidianas favoreceria o aprendizado de certo conteúdo,
como também influenciaria a desempenho das crianças em atividades motoras.
5 – Você Faz uso de recursos específicos como instrumentos musicais nas atividades
cotidianas? Justifique.
Professora 1
Sim! Nossos instrumentos são improvisados
em sala de aula.
Professora 2
Sim! Nossos instrumentos são criados em
sala de aula
Professora 3
Não! Por que a escola em que onde trabalho
não disponibiliza de instrumentos musicais.
Professora 4
Não! Faço uso dos instrumentos por que a
escola não possui tais instrumentos.
Os instrumentos sonoros devem estar presentes no cotidiano da criança, pois é
através do toque e da exploração de conhecimento instrumental que vai ajudar a criança a
conhecer suas possibilidades de uso e desenvolver seus sentidos e gostos musicais.
Os materiais sonoros como pianos, violões, pandeiros e chocalhos de brinquedos
(ou não) fazem parte dessa composição; com eles o professor pode desenvolver o trabalho
mais criativo, envolvente e com qualidade. Dentro da escola é preciso que sua estrutura
favoreça o ensino e a aprendizagem. Assim, ter disponível determinados recursos faz com
que haja um trabalho de maior qualidade. No caso da educação musical, a falta de
materiais e recursos didáticos tende a dificultar o trabalho do professor, inviabilizando a
aplicação da lei.
Conforme as respostas apresentadas, as professoras 3 e 4 não usam instrumentos
porque a escola não possui. Deduz-se, então, a inviabilidade do trabalho com a música
através de instrumentos musicais, mesmo de brinquedo. No entanto, como declararam as
professoras 1 e 2, pode-se também criar instrumentos musicais. Elas conseguem fazer algo
a mais, tentando suprir a falta de material adequado. É importante se frisar que esta criação
é uma estratégia utilizada pedagogicamente, desde que seu manuseio seja seguro e possa
ser usado com objetivo voltado não apenas para ―a hora da brincadeira‖, mas que trabalhe
também aspectos da educação musical.
Construir instrumentos musicais e/ou objetivos sonoros é uma atividade que
desperta a curiosidade e o interesse das crianças, ―além de contribuir para o entendimento de questões elementares referentes à produção do som e às suas qualidades, às acústicas, ao
mecanismo e ao funcionamento dos instrumentos musicais.‖ (BRITO, 2003, p.69).
A confecção de instrumentos musicais, desperta arte, a dominação de técnicas de
planejamento e execução, que desperta a criança no desenvolvimento para capacidade de
reconhecer, criar, reproduzir, produzir. ―Ao construir instrumentos musicais, as refazem, à
sua maneira, o caminho traçado por nós, seres humanos, na busca de meios para o
exercício da expressão musical, ao mesmo tempo em que transcendem esse caminho por
meio da invenção de novas possibilidades‖ (BRITO, 2003, p.71).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo geral desta pesquisa foi investigar como vem sendo desenvolvido o
trabalho com música na Educação Infantil. Buscamos, também, analisar as contribuições
que a musicalidade traz para aprendizagem, destacando o papel da música dentro do
desenvolvimento educacional e identificando o entendimento das professoras, sujeitos da
pesquisa, sobre o papel da música na educação infantil.
Estes objetivos, como se pode verificar, foram alcançados, fazendo-nos entender
mais sobre a importância da música nas atividades escolares e sua aplicabilidade na
educação infantil.
O referencial teórico que subsidiou o trabalho reforçou conceitos e diretrizes
relacionadas à educação musical, principalmente tomando-se como base o RCNEI (1998).
Deste modo, na escola de educação infantil, a música deve fazer parte da vivência das
crianças, estimulando os sentidos e os movimentos corporais, favorecendo interação e uma
melhor socialização entre criança/criança e professor/criança, além de proporcionar
momentos lúdicos, envolvendo também a família.
Com relação aos dados coletados, percebeu-se a importância das respostas
apresentadas, fazendo-nos refletir tanto sobre a urgência e necessidade de uma formação
inicial que contemple um melhor preparo com relação ao trabalho com a música na escola,
em especial, na educação infantil, como a urgência e a necessidade de políticas públicas
que invistam melhor na educação básica, estruturando-a conforme determina a lei.
Mesmo diante da falta de recursos e de uma formação continuada capaz de suprir as
necessidades de professores da educação infantil, as professoras participantes da pesquisa
têm conhecimento sobre a importância da música inserida nas atividades escolares e
tentam fazer o trabalho da forma que é possível. Elas demonstram aceitação da música, e a
insere em suas práticas, para ilustrar um conteúdo, descontrair a turma, ou motivar a
criação/uso de instrumentos musicais artesanais.
É preciso também ressaltar que não foi percebida, diante das respostas, uma ação
pedagógica que expressa diretamente o trabalho interdisciplinar ou multidisciplinar
envolvendo a música. Isto reflete a realidade do ensino e a predominância do trabalho com
conteúdos isolados. Assim, por mais que se tenha explicitada a importância do trabalho
com a música, deduz-se que ela é ainda pouco utilizada como prática curricular.
Deste modo, concluímos que a formação inicial do professor precisa contemplar a
educação musical, para assim poder instrumentalizar melhor o profissional em educação,
possibilitando-o com técnicas e metodologias adequadas ao contexto da educação infantil,
favorecendo o aprendizado tanto da música, quanto dos conteúdos e conhecimentos a ela
associados