-Encontra-se no trabalho do
bibliotecário uma excelente oportunidade para mediar informação dentro da escola e,
principalmente, dentro da biblioteca escolar.
-O profissional, portanto, precisa se unir aos
professores e pedagogos da instituição de ensino para promover momentos de leitura
reflexiva, dar voz às crianças e ensinar ao corpo discente as primeiras noções de cidadania
infantil.
A cidadania infantil pode e deve
ser desenvolvida dentro da biblioteca escolar a partir do trabalho do bibliotecário. Este
profissional precisa se unir aos professores, pedagogos e demais funcionários para
promover momentos de leitura reflexiva, dar voz às crianças e ensinar ao corpo discente
as primeiras noções de cidadania infantil.
O acesso à informação e educação é um direito de todos os indivíduos, logo deve ser
fomentado a partir da infância pela família e instituições de ensino. Em vista disso, ambos
precisam ser proporcionados à criança através da participação da sociedade no
desenvolvimento de um indivíduo ao prepará-lo para exercer a cidadania (BRASIL, 1988).
A primeira maneira de socializar uma criança é pelo convívio familiar, porém a escola é
um dos principais ambientes em que ela irá entrar em contato com diversas pessoas e
culturas. Neste contexto, a biblioteca escolar também pode ser inserida como um espaço
de extrema importância para a promoção da leitura reflexiva e o desenvolvimento da
cidadania infantil.
Um indivíduo, por mais jovem que seja, precisa ser incentivado a ter espaço e voz ativa
para se manifestar na sociedade. Isso significa que para formarmos bons cidadãos é
necessário que eles sejam ensinados desde a infância sobre coletividade, convivência
em grupo, ética, respeito e responsabilidade.
A pesquisa surgiu para identificar como o trabalho do bibliotecário
escolar pode se tornar um dos pilares para a formação da cidadania infantil, pois sabe
se que esse profissional também é considerado um agente educador e possui função
fundamental nesse processo.
O objetivo é proporcionar um olhar amplo acerca do trabalho desse profissional no que
diz respeito ao desenvolvimento da cidadania infantil. Configura-se em uma pesquisa
exploratória de cunho bibliográfico pois apresenta como principal finalidade esclarecer ideias em relação ao bibliotecário escolar como agente educador além de apresentar
problemas e ações pesquisáveis para estudos futuros (GIL, 2008).
Durante a Idade Média, a criança participava de todas as
esferas da sociedade sem limitações por ser considerada um pequeno adulto e por não
existir diferença entre a infância e a vida adulta. A visão que se tinha das crianças é que
elas se tornariam adultos adequados às exigências sociais caso fossem disciplinadas de
modo severo e inflexível. Essa disciplina, contudo, era extremamente rígida ao ponto de
engessar e podar o potencial da criança para tudo o que não lhes fosse ensinado.
A partir do século XVII, a ideia de infância foi reconhecida na sociedade e os adultos
começaram a entender que elas são seres dependentes e precisam de cuidados
diferenciados. Na Convenção Internacional Relativa aos Direitos da
Criança, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1989, a criança
passou a ser encarada como um cidadão hábil a deter seus próprios direitos . Desse modo, a distinção entre as fases de desenvolvimento humano ficou mais
clara através do reconhecimento da importância da educação infantil, uma vez que os
períodos escolares eram determinados pelas idades.
Dentro dessa conjuntura, cidadania é o direito à vida em todos os sentidos, isto é, o direito
que deve ser concebido socialmente. Ele precisa satisfazer não apenas às necessidades
essenciais do ser humano, mas também precisa ser acessível a todos os níveis de
existência. De forma geral, a cidadania é promovida pela convivência e
socialização do indivíduo, mas para que se tenha consciência do seu significado,
compreendê-la e exercitá-la, exige-se um nível de aprofundamento que pode acontecer
por meio da leitura e obtenção de informação nos mais variados suportes.
A missão de uma instituição de ensino é preparar as crianças “[...] para a vida em
sociedade e para o exercício da cidadania [...]”. Diante deste
cenário, a biblioteca escolar e o trabalho do bibliotecário surgem, em meio aos espaços
que existem na escola, para contribuir com a promoção da cidadania infantil. Além de
professores, pedagogos e demais agentes educadores que compõem a equipe escolar,
também existe um grande potencial na dimensão educativa do trabalho do bibliotecário.
Por ser um ambiente que preza pela coletividade, o bibliotecário escolar precisa construir
em seus usuários mirins a percepção de respeito aos livros, materiais e indivíduos
envolvidos. Assim, os estudantes começam a entender desde cedo que as obras e
materiais à sua disposição precisam ser cuidados e preservados para que os demais
visitantes também tenham acesso a eles. Por mais que as crianças
não saibam explicar o conceito de cidadania, elas irão colocá-la em prática a partir do
momento que desenvolverem um senso de zelo e respeito ao próximo.
Compreendido assim o trabalho do bibliotecário escolar como agente educador, cultural,
gestor e mediador da informação, espera-se que este profissional vise a formação da
cidadania infantil através de mudanças inovadoras e da difusão da informação. Uma
biblioteca escolar, além de existir como um espaço físico, também deve se fazer presente
e estar envolvida com o papel social da escola para que seus usuários se tornem
cidadãos responsáveis.
O professor tem uma função essencial dentro da escola em face do papel educacional,
mas essa função também deve ser dedicada ao bibliotecário já que ele faz parte do
processo educacional de uma instituição. Em cima dessa análise, entende-se que o
bibliotecário escolar deve procurar a se fortalecer como um dos pilares da educação,
especialmente nos casos em que esse profissional se encontra trabalhando em ambiente
escolar.
Em diversos espaços da sociedade é muito comum que a criança
não seja considerada como um cidadão. A infância é vista como uma fase à parte do
restante do desenvolvimento dos indivíduos, isto é, uma fase em que a criança não possui
personalidade e pensamentos próprios. Apesar de nesse período ela ser inteiramente dependente dos cuidados de um adulto, esse indivíduo já é um cidadão que desfruta de
direitos, possui deveres e pode ser participante ativo da sociedade. Sendo assim, as
crianças precisam de espaço para terem sua voz e ideias levadas em consideração.
Espera-se que essa pesquisa possa contribuir para a discussão sobre o desenvolvimento
da cidadania infantil e como o bibliotecário pode ser um agente fundamental para esse
processo. Além disso, o assunto abordado pode incentivar diversos bibliotecários
escolares a refletirem sobre o modo como trabalham atualmente e, quem sabe, tentarem
transformar a biblioteca escolar em um ambiente mais lúdico, convidativo e de grande
difusão da cidadania infantil.
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