A HORTA DA ESCOLA AURORA DO CERRADO
Autora: Renata Bravo
Está obra é uma ficção. Qualquer semelhança com pessoas, fatos ou lugares reais é mera coincidência.
Desde que os primeiros povos descobriram que a terra podia alimentar, cultivar tornou-se mais que sobrevivência, tornou-se conhecimento, cultura e cuidado.
Na Escola Aurora do Cerrado, localizada no fictício Estado de Verdejantes, em uma região de clima tropical, uma grande área improvisada no fundo do pátio aguardava destino.
O que muitos chamavam de espaço vazio, a escola enxergou como oportunidade.
Assim nasceu a horta educativa, um laboratório vivo que uniu professores, estudantes, famílias e a comunidade.
Este livro conta essa história.
E, ao mesmo tempo, ensina como a terra, quando tocada com respeito, ensina de volta.
A Escola Aurora do Cerrado ficava em um bairro simples de Vila Esperança, uma cidade cheia de ventos quentes e árvores tortas pelo sol forte. Atrás da quadra esportiva, havia um terreno esquecido, onde a poeira se acumulava e apenas algumas plantas espontâneas teimavam em nascer.
A professora Mathilde Mendonza, de Ciências, observava aquela área todas as manhãs.
- Um espaço assim não gosta de ficar parado - ela dizia sempre.
Certa tarde, durante uma reunião pedagógica, Mathilde levantou a mão e lançou a semente da ideia:
- Que tal transformarmos o terreno ocioso em uma horta escolar? A terra aqui é fértil. Está só esperando gente.
A coordenação se surpreendeu, os professores se animaram e os estudantes… esses vibraram. Uma horta! Com plantas vivas! Com terra de verdade nas mãos!
Foi decidido: a escola deixaria de ser apenas muros, corredores e salas. Seria também chão, raízes e vida.
A diretora, Consuelo Duarte, convocou todos os professores para planejar um projeto interdisciplinar.
- A horta será mais que um plantio - explicou ela. - Será ensino de Ciências, de Matemática, de História, de Geografia, de Língua Portuguesa, de Arte… de vida!
E assim foi.
O caderno de campo
Cada turma ganhou um caderno especial para registrar:
temperatura do ar
umidade do solo
crescimento das plantas
quantidade de água usada
relatos de observação
desenhos dos estágios das hortaliças
O laboratório vivo
Mathilde explicou aos alunos:
- A horta é um laboratório vivo. Aqui nada é só teoria. Tudo respira, cresce, se transforma. É a natureza ensinando o que nenhum livro sozinho dá conta.
E todos aprenderam que:
o solo é formado por camadas
as minhocas arejam a terra
o húmus é o ouro do agricultor
cada planta tem época certa
sem o sol não há fotossíntese
sem água não há vida
A escola começava a mudar.
Na semana seguinte, as turmas foram para o terreno.
O sol brilhava forte quando o professor de Matemática, Juvenal Campos, anunciou:
- Hoje não teremos conta no quadro. Teremos medidas reais. Vamos dividir o terreno em canteiros.
Os estudantes pegaram cordas, estacas e fitas métricas. Aprenderam:
o que é área
como calcular perímetro
como dividir espaços proporcionalmente
como alinhar fileiras de plantio
Enquanto isso, a turma de Arte, com a professora Mirian Souza, pintava placas coloridas para identificar os canteiros: “Alface”, “Rúcula”, “Cebolinha”, “Coentro”, “Cenoura”, “Beterraba”.
O terreno que antes era poeira virou promessa.
Antes de plantar, a professora Mathilde pediu:
Peguem um punhado de terra. Sintam.
Os estudantes colocaram a mão no solo e se surpreenderam.
- Cheira diferente!
- Tem bichinhos aqui dentro!
- Parece vivo!
Mathilde sorriu.
- Porque é vivo. A terra boa é cheia de seres microscópicos que decompõem matéria orgânica e criam nutrientes para as plantas.
Eles aprenderam sobre:
decompositores
macrofauna e microfauna
ciclo do nitrogênio
importância da matéria orgânica
pH ideal do solo
como a chuva infiltra no terreno
A horta já estava ensinando antes mesmo de ser plantada.
O dia do plantio chegou.
Cada aluno recebeu sementes e mudas. O professor de História, Edilásio Penna, contou:
- A agricultura é uma das mais antigas criações humanas. Quando aprendemos a plantar, aprendemos também a viver em comunidade.
As crianças descobriram que:
sementes são pacotes de vida
cada espécie tem profundidade ideal
algumas plantas gostam de sombra parcial
outras precisam de sol pleno
a água deve ser suave para não arrancar a semente
E assim, mãos pequenas fizeram pequenos sulcos, colocaram sementes, cobriram com cuidado e regaram com carinho.
Os dias passaram. E algo mágico aconteceu: as primeiras folhas surgiram.
Os estudantes correram para ver:
- Olha! Ela nasceu!
- Meu canteiro está maior!
- O meu precisa de mais sombra!
A cada visita:
medições eram feitas
hipóteses eram levantadas
comparações eram registradas
folhas eram desenhadas
minhocas eram celebradas
A horta virou um livro aberto.
Com o tempo, os alunos perceberam lições que não estavam nos cadernos:
que paciência é essencial
que cada planta tem seu ritmo
que nada nasce forte de um dia para o outro
que cuidar é tão importante quanto plantar
que comida não aparece magicamente nas prateleiras
que o tempo da natureza é diferente do tempo humano
Essas lições mudaram comportamentos.
Estudantes que não conversavam passaram a dividir regadores.
Turmas que disputavam espaço passaram a compartilhar canteiros.
A escola inteira descobriu que aprender junto é mais gostoso.
O grande dia chegou: colheita.
A merendeira Amara Clemente recebeu as hortaliças com brilho nos olhos:
- Nunca pensei que faria salada com o que vocês plantaram!
A cozinha ganhou cores: verde da alface, roxo da beterraba, laranja da cenoura, cheiro fresco da cebolinha.
A merenda escolar ficou mais saborosa e mais saudável.
Os alunos comeram orgulhosos:
— Parece mais gostoso porque fomos nós que fizemos!
— O sabor é diferente!
— Dá vontade de plantar mais!
E plantaram.
Ao verem o entusiasmo, as famílias começaram a visitar a escola.
Alguns pais ensinaram técnicas tradicionais de plantio; outras mães trouxeram sementes raras; avós contaram histórias antigas da época da roça.
A horta tornou-se ponte entre gerações.
Muitos estudantes criaram pequenas hortas em casa.
Outros ensinaram irmãos menores.
Alguns até venderam temperos para arrecadar fundos para a escola.
A natureza uniu a comunidade.
A Escola Aurora do Cerrado criou um manual pedagógico do projeto, registrou tudo e deixou como herança para as próximas turmas:
protocolos de plantio
calendário agrícola local
fichas de observação científica
projetos interdisciplinares
relatórios ambientais
receitas feitas com a colheita
planos para ampliar o espaço
A horta tornou-se identidade da escola.
A terra ensinou mais do que conteúdo programático.
Ensinou respeito, cooperação, paciência, responsabilidade, alimentação saudável, ciência, comunidade e esperança.
E em cada folha colhida, havia uma certeza:
Quando a escola planta conhecimento, a colheita é para a vida inteira.
Da Coleção Horta Viva - Escola Aurora do Cerrado
Havia na Escola Aurora do Cerrado um espaço quase esquecido: um terreno amplo atrás do galpão de artes, onde o vento brincava com o capim seco.
A professora de Ciências, Náyra Alencar, costumava passar por ali todos os dias. Cada vez que caminhava, sentia como se a terra lhe pedisse um favor em silêncio:
“Acordem-me. Deixem-me respirar. Quero voltar a ser vida.”
Um dia, decidiu: a nova turma do 6º ano daria início ao maior projeto de Ciências que a escola já vira, a Horta Aurora, mas antes disso, eles precisavam entender o que havia por baixo de seus pés: a vida invisível que brota da terra.
NARRATIVA
As crianças reuniram-se ao redor da professora Náyra, que segurava um punhado de solo escuro na palma da mão.
- Olhem bem para isto. Parece apenas terra, não é?
- Parece sujeira - respondeu Mateus.
Ela sorriu.
- E se eu disser que essa “sujeira” respira?
Os alunos se entreolharam.
A professora então colocou o solo dentro de um vidro com tampa e introduziu um pequeno sensor de oxigênio. Aos poucos, os números começaram a mudar.
- Viram? O solo consome oxigênio. Ele respira. E quando cuidamos dele, devolve a vida para nós.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
O solo é formado por matéria orgânica, areia, argila, água e ar.
Micro-organismos liberam gases e transformam nutrientes, como se fossem pulmões da terra.
Um solo saudável “respira” porque há vida nele.
ATIVIDADE
Montar o experimento com solo fechado em potes e observar variações de gases por dias.
NARRATIVA
A turma cavou um pequeno perfil de solo próximo à sombra de um jatobá. As camadas surgiam como páginas de um livro antigo.
- A natureza escreve sua história em capítulos de terra, disse Náyra.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Horizonte O (orgânico): folhas, galhos, restos que formam húmus.
Horizonte A: solo fértil onde as raízes se firmam.
Horizonte B: minerais, ferro, argila.
Horizonte C: rocha-matriz.
ATIVIDADE
Construir um Pote Estratificado: colher solos de diferentes pontos da escola e montar um frasco com camadas visíveis.
NARRATIVA
A professora levou a turma até um canteiro onde folhas amareladas chamavam atenção.
- Esta planta está pedindo socorro, disse.
Os alunos começaram a investigar como verdadeiros cientistas.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Nitrogênio (N): fortalece folhas e caules > quando falta, a planta fica amarela.
Fósforo (P): energia, raiz forte, floração.
Potássio (K): resistência e defesa.
Esses nutrientes vêm do solo, de compostos orgânicos e da decomposição.
ATIVIDADE
Diagnóstico de plantas: identificar sintomas e criar uma ficha.
NARRATIVA
A professora contou uma história: Gota Clarinha, uma gotinha curiosa que caiu em uma folha de alface, infiltrou-se no solo, encontrou raízes e evaporou de volta ao céu.
As crianças ouviram com encanto, mas logo foram para a investigação prática.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Evaporação
Condensação
Precipitação
Infiltração
Transpiração
ATIVIDADE
Criar um mini-ecossistema fechado (terrário) e observar o ciclo da água funcionando dentro dele.
NARRATIVA
Com lupas em mãos, os alunos observavam pedacinhos de terra.
- Professora, parece um planeta! - disse Mila.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
O solo possui milhões de seres:
Bactérias fixadoras de nitrogênio
Fungos micorrízicos que ajudam raízes
Protozoários que controlam micróbios
Minhocas que arejam e formam túneis
ATIVIDADE
“O Hotel dos Micróbios”: montar caixas de decomposição com folhas, restos vegetais e solo para observar o processo ao longo das semanas.
NARRATIVA
A escola se localizava em uma região onde a terra era avermelhada, quente, forte.
A professora explicou:
- O Cerrado tem solos antigos, mas resistentes. A vida aqui aprende a persistir.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Latossolos: profundos, ácidos, ricos em ferro.
Argissolos: transição entre argila e areia.
Neossolos: jovens, rasos.
ATIVIDADE
Comparar amostras de solos da região com lupa e registro em tabela.
A turma se sentiu como pequenos cientistas quando receberam jalecos simples feitos de TNT e cadernos de anotação.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Experimentos realizados:
1- Teste de infiltração da água
2- Medição de pH usando repolho roxo
3- Testes de retenção de umidade
4- Observação de decomposição
5- Montagem de composteira
ATIVIDADE
Relatório científico com hipóteses, resultados e conclusões.
NARRATIVA
Os alunos visitaram uma área erodida próxima à escola. Era como se a terra estivesse ferida.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Erosão
Compactação
Agrotóxicos
Queimadas
Perda de biodiversidade
ATIVIDADE
Elaborar cartazes e planos de mitigação para a escola.
NARRATIVA
Depois de meses de estudos, observações e cuidados, o espaço abandonado ganhou vida.
Havia canteiros, composteiras, pluviômetro artesanal, bandejas de germinação e um mural de registros.
A horta finalmente respirava.
E, ao seu redor, as crianças também respiravam um novo tipo de conhecimento: o conhecimento que nasce da terra.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
O Laboratório Vivo inclui:
Área de experimentação
Área de observação
Cartografia da horta
Espaços de solo, água, clima e biodiversidade
Diário da Horta Aurora
Coleta de dados contínua
ATIVIDADE FINAL
Cada grupo cria um “Livro da Terra”, registrando todo o processo, ciência, poesias, relatos, desenhos.
Com o vento soprando entre as folhas, a horta da Escola Aurora do Cerrado se transformou no maior laboratório que os alunos poderiam ter.
Porque a vida, afinal, sempre brota da terra,
LIVRO 2
“CONTANDO SEMENTES, MEDINDO SONHOS”
Na manhã ensolarada de terça-feira, os alunos do 6º ano entraram na sala encontrando nove envelopes marrons sobre a mesa. Cada envelope tinha um número escrito à mão e um pequeno desenho de uma semente.
- Hoje vamos começar um desafio matemático que vem direto da terra, disse a professora Náyra, que, além de Ciências, também coordenava o projeto interdisciplinar.
Ao lado dela estava o professor de Matemática, Aramis Ventura, sorrindo de maneira enigmática.
- Dentro desses envelopes há o início da nossa jornada. Escolham com cuidado. A matemática da horta está viva e espera vocês.
A partir dali, cada capítulo seria uma etapa dessa aventura.
NARRATIVA
Os alunos abriram os envelopes. Dentro, encontraram sachês de sementes variadas: feijão, girassol, cenoura, coentro, rúcula. A tarefa parecia simples:
“Contem as sementes. Classifiquem-nas. Descubram seus padrões.”
Mas logo perceberam que nada era tão óbvio. Sementes de tamanho irregular, sementes grudadas, sementes incompletas…
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Conceitos trabalhados:
Contagem exata
Estimativa
Agrupamento
Classes e categorias
Noção de amostragem
A horta é um excelente laboratório para mostrar que a Matemática nasce do real.
ATIVIDADE
Criar uma “Caixa de Estimativas da Horta”: frascos com sementes onde os colegas tentam estimar quantidades antes de contar.
NARRATIVA
O professor Aramis espalhou sobre as mesas sementes de diferentes formas, cores e texturas.
- A natureza não é desorganizada. Somos nós que ainda não aprendemos a ver a ordem.
Os alunos, então, criaram sistemas de classificação próprios: por cor, tamanho, função, tipo de germinação. Cada grupo justificava matematicamente seus critérios.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Tabelas
Diagramas de Venn
Relações de equivalência
Séries e conjuntos
ATIVIDADE
Montar o “Banco de Sementes Matemático Aurora”, com fichas e classificações.
Os alunos plantaram as primeiras sementes.
O professor Aramis pediu que trouxessem régua, fita métrica e caderno.
- O crescimento é uma história escrita em números.
Cada planta passou a ter seu próprio Diário de Medidas: altura, número de folhas, variações semanais.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Conceitos:
Medidas de comprimento
Tabelas de variação
Proporção e razão
Unidades de medida
Porcentagem de crescimento
ATIVIDADE
Criar gráficos de altura e fazer previsões (interpolação).
A professora Náyra pediu ajuda para reorganizar a horta.
O professor Aramis sorriu:
- Eis o momento perfeito: vamos usar geometria.
Os alunos mediram áreas, calcularam perímetros, projetaram formatos de canteiros — quadrados, círculos, triângulos e até espirais.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Área e perímetro
Formas planas
Ângulos e orientação solar
Simetria e padrões geométricos
ATIVIDADE
Desenhar a planta baixa da horta em escala.
NARRATIVA
A coleta de dados já era hábito na turma: altura das plantas, número de folhas, quantidade de água aplicada.
Aramis ensinou:
- A horta fala através dos números. Basta ouvir com atenção.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Média, moda e mediana
Gráficos de colunas e linhas
Gráficos de pizza
Interpretação de dados
Variáveis dependentes e independentes
ATIVIDADE
Montar o mural “Como crescem nossas plantas?” com gráficos coletivos.
NARRATIVA
Durante a observação de flores de girassol, o professor mostrou a clássica espiral.
- A sequência de Fibonacci está por toda parte.
As crianças ficaram fascinadas ao descobrir padrões nas folhas, na disposição das sementes do girassol, nos brotos da horta.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Sequências numéricas
Fibonacci
Razão áurea
Padrões naturais (filotaxia)
ATIVIDADE
Criar mandalas de sementes seguindo padrões matemáticos.
NARRATIVA
A horta enfrentou desafios: alguns canteiros receberam água demais; outros, de menos. Um ataque de formigas exigiu cálculos para distribuir iscas naturais. A previsão de chuva mudou o calendário de plantio.
Os alunos resolveram cada situação usando Matemática:
Quanto de água cada canteiro precisa?
Se 40% das mudas não germinaram, quantas restaram?
Qual é a quantidade de composto por metro quadrado?
Qual é o custo de uma horta sustentável?
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Porcentagem
Regra de três
Proporcionalidade
Problemas de raciocínio lógico
ATIVIDADE
Criar “O Livro de Problemas da Horta Aurora”, com desafios autorais.
NARRATIVA
Professor Aramis propôs uma investigação:
- Até onde a Matemática pode mostrar nosso impacto no mundo?
Os alunos calcularam economia de água, peso da colheita mensal, redução de resíduos graças à composteira.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Cálculo de consumo
Gramas, quilos e litros
Comparação de dados
Linha do tempo quantitativa
ATIVIDADE
Produzir um relatório anual: “Quanto a Horta Aurora salva o planeta?”
NARRATIVA
Depois de meses de trabalho, os números contaram a história da horta.
Alturas, gráficos, medidas, formas, padrões - tudo se transformou em um grande atlas, como um livro-mapa da vida que crescia.
O professor Aramis ergueu o volume finalizado:
- Aqui está. A Matemática não é só conta. É caminho, é descoberta, é vida.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
O Atlas Matemático inclui:
Mapa da horta
Gráficos de crescimento
Tabelas de medidas
Padrões geométricos
Problemas resolvidos e criados pelos alunos
ATIVIDADE FINAL
Exposição escolar: Feira “Números que brotam”.
A horta crescia.
As crianças cresciam junto com ela.
A Matemática, que antes parecia distante, agora morava nas sementes, nas mãos, nos olhos atentos.
Porque quando contamos sementes, também medimos sonhos.
PALAVRAS QUE FLORESCEM: A HORTA COMO TEXTO VIVO
Da Série Interdisciplinar da Escola Aurora do Cerrado
APRESENTAÇÃO DO LIVRO
A horta escolar é mais que um espaço verde: é um texto vivo cheio de significados.
Cada planta, cada semente, cada gesto de cuidado carrega palavras, narrativas, descrições, instruções e poesias escondidas.
Este livro transforma a Horta Aurora do Cerrado em cenário, personagem e inspiração para o estudo da Língua Portuguesa, revelando como a natureza ensina a ler, escrever, falar e ouvir.
SUMÁRIO
PARTE I
1- Capítulo 1 - O Caderno que Mudou Tudo
2- Capítulo 2 - A Palavra que Nasceu da Terra
3- Capítulo 3 - A Conversa dos Ventos
4- Capítulo 4 - O Dia em que Plantaram um Poema
5- Capítulo 5 - Os Textos que Germinam
6- Capítulo 6 - A Colheita das Histórias
7- Capítulo 7 - O Festival das Palavras Frescas
8- Capítulo 8 - Quando a Horta Silenciou
9- Capítulo 9 - A Palavra Final
PARTE II
PARTE I - NARRATIVA COMPLETA
Ane, do 6º ano da Escola Aurora do Cerrado, nunca havia se interessado tanto pela aula de Língua Portuguesa.
Gostava de histórias, sim, mas não gostava de escrever. Achava difícil, lento, às vezes sem graça.
Até o dia em que a professora Anésia entregou a cada aluno um Caderno Verde, capa grossa, folhas recicladas, um adesivo com uma pequena muda de alecrim.
- Este será o seu Caderno da Palavra Plantada - anunciou a professora.
- Aqui, tudo o que escreverem poderá crescer.
Ane não entendeu de imediato, mas gostou da ideia.
O vento daquela manhã cheirava a terra molhada. Era o dia da inauguração oficial da Horta Aurora do Cerrado, construída pelos alunos, professores, merendeiras e até por alguns moradores da comunidade.
No final da aula, a professora disse:
- Quem quiser pode começar escrevendo lá fora. A horta é o nosso novo laboratório da língua.
Ane abriu o Caderno Verde pela primeira vez e escreveu timidamente:
“A horta fala. Mas eu ainda não entendo o idioma dela.”
E assim começou a história.
As aulas de Língua Portuguesa passaram a acontecer entre as fileiras de hortaliças.
Anésia ensinava os gêneros textuais usando exemplos vivos.
Um bilhete era comparado a uma etiqueta de planta.
Uma instrução era comparada ao modo de plantar cenouras.
Uma descrição era inspirada nas texturas das folhas.
- A língua está em tudo. Basta observar - dizia ela.
Um dia, Lila percebeu algo curioso: quando ela se sentava próxima aos canteiros de manjericão, as ideias vinham com mais facilidade. O aroma parecia arrumar os pensamentos.
E escreveu:
“Se eu fosse uma palavra, seria verde.”
Anésia leu, emocionada.
- Uma frase simples, Ane. Mas cheia de imagem e sentimento. Isso é literatura começando a brotar.
A escola ficava numa área onde os ventos do Cerrado tinham personalidade própria: às vezes calmos como leitura silenciosa; outras vezes barulhentos, como alunos em recreio.
A professora propôs:
- Vamos escrever textos poéticos sobre o vento da horta. Observem, sintam, esperem, escutem.
Cada aluno se espalhou.
Ane fechou os olhos.
Parecia ouvir conversas.
Suspiros.
Histórias contadas em outro idioma.
Ela escreveu:
“O vento passa e leva com ele palavras que ainda não inventei.”
O exercício virou o primeiro mural poético da escola.
O professor de ciências sugeriu:
- Vamos plantar flores para atrair polinizadores.
Anésia viu nisso uma oportunidade literária:
- E vamos plantar poemas junto.
Foi assim que cada aluno enterrou no solo um rolinho de papel biodegradável com versos escritos à mão.
- Poesia é semente - disse a professora.
Algumas semanas depois, entre folhas novas, começaram a surgir mini cartazes plastificados com trechos dos poemas.
Era a Exposição Brotação Poética.
Ane, surpresa, encontrou o seu:
“Dentro de mim é sempre primavera quando escrevo.”
Tudo inspirado na horta.
Criaram:
- receitas com verduras colhidas pelos alunos;
- entrevistas com as merendeiras;
- uma fábula sobre um tomate tímido;
- uma reportagem sobre a construção da horta;
- crônicas sobre amizade e cuidado coletivo.
Ane se descobriu repórter.
Gostava de ouvir, registrar e transformar fatos em linguagem.
Sentiu que escrever era conversar com o mundo.
O semestre estava terminando.
A horta estava exuberante.
As palavras também.
A professora pediu que cada aluno escolhesse seu texto favorito do Caderno Verde.
Ane escolheu uma narrativa chamada “O Sol que me Ensina”, em que o sol conversava com ela e explicava que a escrita também precisa de paciência, repetição e um pouco de calor no coração.
Na apresentação para a comunidade, Ane leu seu texto em voz alta pela primeira vez.
E percebeu que sua voz era mais firme do que imaginava.
A escola realizou o 1º Festival das Palavras Frescas da Aurora do Cerrado.
Tinha:
- recitais poéticos
- contações de histórias
- leitura dramática
- exposição de crônicas
- peça teatral criada pelos alunos
- receitas escritas e degustações com verduras da horta
Ane foi convidada a abrir o festival. Ela começou dizendo:
- Escrever é regar o que ninguém mais vê, até que floresça.
Aplausos surgiram como chuva fina.
Um dia de verão, uma tempestade forte atingiu a escola.
A horta foi parcialmente danificada.
Algumas mudas ficaram destruídas.
Os alunos ficaram entristecidos.
— Mesmo quando tudo parece destruído, ainda há o que escrever — disse Anésia.
Ela propôs um desafio:
“Escrevam sobre o silêncio.”
Ane hesitou, mas escreveu:
“O silêncio da horta é um pedido de ajuda, mas também uma promessa de recomeço.”
E, de fato, recomeçaram: limparam, reconstruíram, replantaram.
A linguagem da horta se tornou ainda mais preciosa.
No encerramento do ano letivo, os alunos encontraram envelopes colados em seus cadernos, escritos pela professora:
“A palavra que você cultiva hoje será a sombra que acolherá alguém amanhã.”
Ane fechou o Caderno Verde com carinho.
Agora sabia falar o idioma da horta.
E sabia, sobretudo, ouvir.
PARTE II - EXPLICAÇÃO PEDAGÓGICA DE CADA CAPÍTULO
Cap. 1 - Gênero Diário / Escrita Inicial
Objetivos: registrar sentimentos, iniciar contato com escrita espontânea, desenvolver voz autoral.
Cap. 2 - Descrição e Linguagem Sensorial
Estudos sobre adjetivação, metáfora, sentidos e observação detalhada.
Cap. 3 - Poesia e Figuras de Linguagem
Trabalha ritmo, sonoridade, personificação, imaginação e sensibilidade literária.
Cap. 4 - Poesia Concreta e Projeto Artístico-Literário
Integração entre escrita e artes visuais; processo de publicação escolar.
Cap. 5 - Múltiplos Gêneros Textuais
Instruções, relatos, fábulas, crônicas, entrevistas, reportagens.
Aprendizagem contextualizada.
Cap. 6 - Leitura em Voz Alta / Oralidade
Confiança, fluência, expressão, comunicação com público.
Cap. 7 - Produção Final / Curadoria de Textos
Evento que valoriza autoria; formação de leitores e escritores.
Cap. 8 - Texto Reflexivo / Narrativa Intimista
Trabalha empatia, resiliência, escrita emocional, interpretação subjetiva.
Cap. 9 - Fechamento / Autoavaliação Poética
Desenvolvimento metacognitivo: como escrevo, por que escrevo, como cresci.
RAÍZES DO TEMPO: A HORTA QUE GUARDA MEMÓRIAS
Da Série Interdisciplinar da Escola Aurora do Cerrado
APRESENTAÇÃO
A história está em tudo: nas plantas, nas mãos que cultivam, nos alimentos que atravessam séculos e migram de um continente a outro.
A Horta Aurora do Cerrado torna-se aqui uma máquina do tempo, permitindo que os estudantes compreendam ciclos, tradições, povos, migrações e modos de vida.
Este livro transforma o estudo da História em uma aventura narrativa, guiada por personagens que descobrem que cada verdura esconde uma história ancestral.
SUMÁRIO
PARTE I - NARRATIVA: “O BAÚ DE SEMENTES DA PROFESSORA AYNA”
1- Capítulo 1 - O Baú Antigo
2- Capítulo 2 - As Sementes-Passaporte
3- Capítulo 3 - As Hortas dos Povos Antigos
4- Capítulo 4 - Uma Linha do Tempo que Brota
5- Capítulo 5 - Histórias que Vieram em Barcos
6- Capítulo 6 - O Cerrado, a Casa das Raízes
7- Capítulo 7 - Memórias das Mãos que Plantam
8- Capítulo 8 - A Grande Exposição Viva
9- Capítulo 9 - A História que Se Replanta
PARTE II - EXPLICAÇÃO PEDAGÓGICA E CONTEÚDOS
Na sala de História da Escola Aurora do Cerrado havia um objeto misterioso sobre a mesa da professora Ayna: um baú de madeira escura, com desenhos entalhados de folhas, rios e pássaros.
Quando a turma chegou, ela disse apenas:
- Aqui dentro existe história viva. E vocês vão descobri-la.
Os alunos se entreolharam, curiosos.
Ane, personagem que já conhecemos dos outros livros, levantou a mão:
- Professora, história viva? Tipo… sementes?
Ayna apenas sorriu.
- Abram e vejam.
Dentro do baú havia centenas de envelopes pequenos, cada um com o nome de um vegetal… e uma data.
Algumas eram muito antigas.
No fundo do baú, uma mensagem:
“Cada semente carrega um povo, um tempo e um caminho.”
A aventura começava ali.
A professora explicou que o projeto do semestre se chamaria “Raízes do Tempo”.
Os alunos escolheriam envelopes, pesquisariam as origens daqueles alimentos e voltariam à horta para plantá-los com consciência histórica.
Uma semente poderia ter vindo dos Andes.
Outra, da savana africana.
Outra, de povos originários brasileiros.
- Cada vegetal é um passaporte para viajar no tempo - dizia Ayna.
Ane escolheu quinoa, e descobriu povos inteiros que a consideravam sagrada.
Pedro escolheu milho, e ouviu histórias do avô sobre antigas plantações familiares.
Maya escolheu quiabo, e se emocionou ao descobrir sua ancestralidade africana.
As sementes deixavam de ser objetos: viravam memórias.
A professora levou a turma ao laboratório e projetou imagens:
- hortas circulares indígenas
- jardins suspensos babilônicos
- terraços incas
- hortas de mosteiros medievais
- hortas coloniais
- quintais de comunidades quilombolas
Cada uma respondia às necessidades de um povo, a sua geografia, seu clima e sua cultura.
- Vocês vão criar uma horta inspirada em um desses modelos.
A escolha seria coletiva.
Os debates foram ricos: uns preferiam terraços incas; outros, o círculo indígena; alguns queriam misturar elementos.
Decidiram: um círculo dividido em setores, representando cada cultura estudada.
A horta ganhava significado global.
A turma construiu no chão, ao lado da horta, uma Linha do Tempo dos Alimentos no Mundo.
Ela começava 10 mil anos atrás, na agricultura do Crescente Fértil, e seguia até hoje.
Para cada cultura, cada época, cada povo, uma semente era colocada no ponto correspondente.
Havia cartazes assinados pelos alunos:
- “Tomate: do México para o mundo.”
- “Mandioca: raiz indígena brasileira.”
- “Arroz: múltiplas origens na Ásia.”
- “Melancia: viajante africana.”
- “Cenoura: mudou de cor com o tempo.”
A linha do tempo virou um museu a céu aberto.
- alimentos que cruzaram oceanos;
- sementes carregadas em porões de navios;
- espécies que migraram com imigrantes que buscavam um novo lar;
- espécies que sobreviveram a expulsões, escravizações e diásporas.
Os alunos criaram diários fictícios, como se fossem as próprias sementes viajando:
“Sou um grão de milho. Fui colhido por mãos incas, viajei em sacos pesados e hoje estou nas mãos de uma menina chamada Ane.”
A consciência histórica nascia suave, profunda e afetiva.
A turma visitou o entorno da escola com apoio de um guia ambiental da comunidade.
Ele falou sobre:
- as plantas nativas do Cerrado;
- raízes profundas que guardam água;
- os ciclos de fogo natural;
- as espécies alimentares pouco conhecidas.
Os alunos ficaram impressionados com a força da biodiversidade local.
Ane escreveu:
“O Cerrado não é só um bioma. É um tempo diferente que mora debaixo da terra.”
E começaram o canteiro das espécies nativas, parte essencial do projeto.
Vieram:
- Dona Dorizete, descendente de agricultores;
- Seu Lázaro, ex-morador de roça comunitária;
- Maria das Brotas, cozinheira que aprendeu tudo com sua avó.
Cada um contou histórias de plantio, festas, colheitas, rezas, ferramentas antigas.
A turma percebeu que História não estava apenas nos livros, mas nas pessoas.
Foi criado o “Livro das Mãos Sabidas”, onde os alunos registraram relatos orais e fizeram desenhos.
O semestre terminou com a Exposição Viva - A História que Floresce.
A horta foi dividida em:
- setor indígena
- setor africano
- setor das migrações europeias
- setor asiático
- setor nativo do Cerrado
Havia placas explicativas, códigos para leitura, QR codes com áudios gravados pelos próprios alunos contando as histórias das plantas.
A comunidade ficou impressionada.
Era um museu vivo, que mudava a cada estação.
No último dia, Ayna devolveu aos alunos envelopes com as sementes que eles mesmos haviam colhido.
- A história continua com vocês. Plantem longe. Plantem perto. Plantem no tempo.
Ane guardou seu envelope no bolso do caderno.
Sabia que ali havia mais que alimento: havia identidade, pertencimento, memória.
E escreveu:
“A história não termina: ela brota.”
PARTE II - EXPLICAÇÃO PEDAGÓGICA DOS CAPÍTULOS
Cap. 1 - Introdução ao conceito de patrimônio histórico
Reconhecer objetos como fontes históricas.
Cap. 2 - Linha do tempo e difusão agrícola
Pesquisas, origem dos alimentos, processos de migração humana.
Cap. 3 - Povos antigos e modos de cultivo
Comparações culturais e históricas; análise de sociedades.
Cap. 4 - Construção de linha do tempo
Ferramenta visual e concreta para compreender periodização.
Cap. 5 - Colonização, escravidão e diásporas
Compreensão sensível de movimentos históricos e seus impactos.
Cap. 6 - Bioma Cerrado como patrimônio natural
História ambiental e geográfica.
Cap. 7 - História oral
Valorização de memória, identidade, comunidade.
Cap. 8 - Curadoria histórica
Organização de exposição viva; desenvolvimento de competências.
Cap. 9 - Continuidade histórica e cidadania
Reflexão final sobre tempo, cultura, responsabilidade e preservação.
Da Série Interdisciplinar da Escola Aurora do Cerrado
APRESENTAÇÃO
A Geografia nasce do olhar curioso: observar o espaço, entender os caminhos da água, sentir o vento, ler o solo, interpretar mapas e compreender como o ser humano transforma o ambiente.
A Horta Aurora do Cerrado é o cenário perfeito para isso.
Este livro transforma o espaço geográfico da horta em objeto de estudo e imaginação, mostrando como plantas, lugares, mapas e pessoas se conectam num grande sistema vivo.
SUMÁRIO
PARTE I - NARRATIVA: “O MAPA SECRETO DE ARYEL”
1. Capítulo 1 - O Mapa Encontrado na Garrafa
2. Capítulo 2 - A Cartografia das Raízes
3. Capítulo 3 - Quando a Horta Virou Bússola
4. Capítulo 4 - Os Territórios do Vento
5. Capítulo 5 - O Rio Invisível
6. Capítulo 6 - A Viagem das Sementes pelo Mundo
7. Capítulo 7 - Os Climas que Conversam com a Terra
8. Capítulo 8 - O Dia em que o Solo Falou
9. Capítulo 9 - A Geografia que Floresce
PARTE II — EXPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS E CONTEÚDOS
Aryel, aluno do 7º ano da Escola Aurora do Cerrado, adorava explorar o pátio.
Certo dia, caminhando perto do local onde a horta começou a ser construída, encontrou uma garrafa de vidro meio enterrada.
Dentro havia um mapa amarelado, com desenhos de plantas, setas e símbolos estranhos.
No topo do papel, em letras tortas:
“Mapa Vivo da Terra que Cuida”.
Sem perceber, Aryel acabara de abrir caminho para o maior projeto de Geografia que a escola já vivera.
A professora de Geografia, Dona Elíria, examinou o mapa e sorriu:
- Alguém conhecia bem a arte da cartografia.
O papel trazia:
- curvas de nível, mesmo que simples;
- símbolos que indicavam diferentes tipos de solo;
- setas que mostravam direção dos ventos;
- desenhos das plantas originais do Cerrado.
Mas havia também espaços em branco.
- Essa será nossa missão: completar o mapa vivo da horta e seus arredores.
A turma aprendeu que mapas são representações, escolhas, códigos.
Criaram uma legenda coletiva:
▲ - árvores
○ - canteiros
≈ - áreas úmidas
-> - direção dos ventos
✦ - espécies nativas
A horta virava um atlas em construção.
A professora ensinou a turma a usar bússolas simples.
Achavam que seria difícil.
Mas o encantamento tomou conta quando perceberam:
- o leste exato dos nasceres do sol;
- o oeste brilhante do fim das aulas;
- o norte apontando para o bosque;
- o sul abraçando o campo de areia.
Com isso, dividiram a horta em quadrantes.
Lila observou:
- Professora… algumas plantas crescem mais no quadrante norte.
Elíria explicou:
- A influência da luz solar muda tudo.
Assim, aprenderam orientação, pontos cardeais e insolação.
O objetivo: observar a direção e a intensidade dos ventos.
Descobriram:
- ventos calmos pela manhã;
- rajadas mais fortes à tarde;
- redemoinhos locais perto das árvores;
- áreas protegidas naturalmente.
Essas observações permitiram planejar canteiros:
- espécies delicadas em locais protegidos;
- plantas altas onde o vento ajudava a polinização.
E o mapa ganhou flechas maiores e menores, desenhadas pelos alunos.
Aryel escreveu no caderno:
“O vento é um viajante que desenha o espaço.”
Durante uma observação após a chuva, a turma percebeu que a água sempre seguia o mesmo caminho.
A professora explicou o conceito de escoamento superficial.
- Existe um rio invisível aqui, - disse Aryel.
Criaram o “Mapa das Águas”:
- áreas onde a água se acumula;
- áreas de infiltração;
- trilhas que a água percorre;
- lugares em risco de erosão.
A partir disso, construíram pequenos canais de drenagem e sistemas de captação simples.
A horta agora era sustentável, e “inteligente”.
A turma estudou a origem geográfica das plantas horta:
- tomate: região mesoamericana
- pimenta: Andes
- quiabo: África
- manjericão: Ásia tropical
- couve: Mediterrâneo
- mandioca: povos originários brasileiros
Usando linhas de barbante em um globo terrestre de papelão, traçaram rotas:
“Rotas das Sementes Migrantes.”
Aryel percebeu:
- As plantas viajam como pessoas. Carregam histórias.
A Geografia humana entrava em cena.
Os alunos compararam:
- meses mais secos;
- meses mais chuvosos;
- temperaturas médias;
- regime solar do Cerrado.
Com isso, entenderam:
- estações adequadas para cada cultivo;
- importância do clima na agricultura;
- como eventos climáticos extremos afetam o espaço.
Criaram o Calendário Agroclimático da Horta Aurora.
Um trabalho lindo, com aquarelas e legendas.
A professora ensinou a testar o solo:
- textura (arenoso, argiloso, siltoso);
- cor;
- porosidade;
- pH.
A turma percebeu que diferentes partes da horta tinham solos distintos.
E assim surgiram áreas de:
- raízes profundas,
- hortaliças leves,
- folhosas que gostam de sombra,
- plantas aromáticas.
O mapa agora incluía zonas de solo, algo que surpreendeu até outros professores.
Aryel escreveu:
“O solo fala com quem sabe ouvir.”
CAPÍTULO 9
No fim do semestre, a turma finalizou o Mapa Vivo da Horta Aurora do Cerrado:
- orientação;
- ventos;
- águas;
- solos;
- culturas associadas;
- rotas de origem das plantas.
O mapa foi plastificado e exposto no corredor da escola.
E a professora disse:
- Vocês não aprenderam apenas a ler mapas. Aprenderam a ler o mundo.
Aryel olhou o grande painel colorido e pensou:
“A Geografia é uma plantação de perguntas que nunca para de crescer.”
PARTE II - EXPLICAÇÃO PEDAGÓGICA DOS CAPÍTULOS
Cap. 1 - Cartografia básica
Introdução a mapas, símbolos, legendas, leitura espacial.
Cap. 2 - Representação do espaço
Conceito de paisagem e território; mapas mentais.
Cap. 3 - Orientação e pontos cardeais
Bússola, sol, sombreamento, orientação prática.
Cap. 4 - Dinâmica dos ventos
Climatologia básica, microclimas e influência no cultivo.
Cap. 5 - Hidrografia local
Escoamento, infiltração, erosão, captação de água.
Cap. 6 - Geografia humana das plantas
Migrações, rotas agrícolas, globalização histórica.
Cap. 7 - Clima e agricultura
Estudo dos climas, estações do ano, calendário agrícola.
Cap. 8 - Pedologia
Tipos de solo, fertilidade, manejo responsável.
Cap. 9 - Síntese cartográfica
Produção final, leitura crítica do espaço, cidadania ambiental.
“CORES DA TERRA, FORMAS DA VIDA”
Coleção Interdisciplinar Aurora do Cerrado
APRESENTAÇÃO
A horta da Escola Aurora do Cerrado é um espaço de criação.
Cada semente plantada desenha uma forma; cada cor revelada pela natureza inspira uma paleta; cada textura do solo, da folha ou da água convida o olhar a transformar ciência em arte.
Este livro traz uma narrativa poética sobre descobertas estéticas e sensíveis vividas pelos estudantes, revelando como a arte floresce quando as mãos tocam a terra.
Em seguida, apresenta reflexões e explicações pedagógicas que aprofundam conteúdos de artes visuais, teatro, música, composição, estética, processos criativos e educação sensível.
PARTE I - NARRATIVA LITERÁRIA
“CORES DA TERRA, FORMAS DA VIDA”
Era cedo na Escola Aurora do Cerrado quando Nira, do 5º ano, percebeu algo curioso: o sol, ao bater na horta recém-regada, criava pequenos arco-íris nas gotas.
- “A horta está pintando luz!”, exclamou.
A professora de Artes, Maestra Lígia, sorriu:
- “E você acabou de descobrir o primeiro pincel da natureza: o sol.”
A partir daquele dia, Nira nunca mais olharia a horta de forma comum.
Ela veria as cores escondidas em tudo, no verde, no dourado do solo, no roxo da beterraba, no vermelho das flores, no azul imaginado do céu dentro de cada gota d’água.
Em uma aula ao ar livre, Maestra Lígia levou tintas, papéis e lupas.
- “Hoje vamos descobrir quantas cores existem na horta.”
Os alunos catalogaram:
- cinco tons de verde nas folhas
- quatro variações de marrom no solo
- três amarelos diferentes nas flores
- um rosado delicado na raiz exposta de um rabanete
- as listras brancas da cebola
- o laranja profundo da cenoura
Nira concluiu:
- “A horta é uma paleta que nunca acaba.”
Maestra Lígia propôs uma atividade de frottage (técnica de atrito).
Os alunos posicionaram folhas, cascas, pedras e galhos sob as folhas de papel e passaram giz por cima.
As texturas revelaram:
- nervuras de folhas
- ranhuras de troncos
- rachaduras da terra seca
- desenhos inusitados das cascas de abóbora
- “Cada textura guarda uma história de vida”, disse a professora.
Nira passou o dedo nas texturas e imaginou que eram impressões digitais da natureza.
Na semana seguinte, os alunos montaram pequenas encenações baseadas na vida das plantas:
- A semente tímida que acorda no escuro
- A raiz que explora caminhos
- O caule que espreguiça
- As folhas que dançam com o vento
- A flor que recebe um visitante inesperado (uma abelha interpretada com muito humor)
- O fruto que amadurece e oferece alimento
Nira fez o papel do vento, sempre presente, sempre invisível, sempre em movimento.
As plantas ganhavam voz e personalidade.
O teatro mostrava que a horta é cheia de personagens silenciosos.
Durante uma roda de observação, Maestra Lígia pediu silêncio absoluto.
De repente, todos ouviram:
- o som delicado das folhas roçando
- o canto distante de um pássaro
- o vento passando pelas cercas
- o barulhinho suave da água no regador
- um inseto vibrando como uma nota aguda
- “A natureza já compõe sua própria música”, explicou a professora.
- “Nosso papel é ouvir.”
A turma compôs então a Sinfonia da Horta, unindo instrumentos feitos com materiais naturais:
- chocalhos de sementes
- tambores de troncos ocos (simulados com caixas)
- flautas improvisadas
- batuques no chão
Nira sentiu que a música fazia a horta respirar.
Ao final de uma tarde, Lígia levou a turma para observar sombras.
As sombras das plantas formavam:
- silhuetas longas e hieráticas
- recortes geométricos
- figuras abstratas
- arabescos inesperados
Os alunos criaram esculturas feitas com galhos secos, pedras e folhas que, ao receberem luz, projetavam sombras diferentes.
- “Escultura não é só massa e forma”, explicou Lígia. “É também o que a luz cria.”
Nira ficou fascinada: era como se a horta tivesse dois mundos, o visível e o da sombra.
No final do semestre, a escola organizou a Exposição Aurora das Artes, com obras criadas na horta.
Havia:
- pinturas de observação
- mosaicos de sementes (feitos com cuidado para não desperdiçar)
- esculturas de argila retirada de maneira sustentável
- peças de teatro filmadas
- letreiros de poesia feitos com galhos
- instrumentos musicais artesanais
- fotografias das sombras
- diários visuais da horta
Nira apresentou seu quadro favorito:
“O Sol que Pinta a Terra”, uma aquarela feita com pigmentos naturais.
A horta, naquela noite, parecia uma grande galeria viva.
PARTE II - EXPLICAÇÕES EDUCATIVAS (CAPÍTULO POR CAPÍTULO)
Capítulo 1 - O dia em que as cores despertaram
Conceitos: teoria da cor, interação luz-matéria, percepção visual, sensibilização estética.
A horta como espaço para observar fenômenos ópticos e variações de luz.
Capítulo 2 - Paleta viva do Cerrado
Conceitos: tonalidades, matiz, saturação, observação cromática, estudo das cores naturais.
Mostra como o Cerrado possui uma ampla paleta que pode inspirar a pintura e o design.
Capítulo 3 - Texturas que contam histórias
Conceitos: textura natural, frottage, composição visual, leitura tátil do ambiente.
As texturas da horta revelam características biológicas e estéticas.
Capítulo 4 - O teatro das plantas
Conceitos: improvisação, personificação, dramaturgia simples, expressão corporal.
Transforma processos naturais em linguagem cênica.
Capítulo 5 - Canção do solo, música das folhas
Conceitos: paisagem sonora, acústica natural, criação musical, instrumentos alternativos.
Amplia a escuta sensível e aproxima música e meio ambiente.
Capítulo 6 - Esculturas de luz e sombra
Conceitos: escultura, tridimensionalidade, luz, sombra, contraste, composição.
A horta como laboratório de observação dos efeitos luminosos.
Capítulo 7 - A grande exposição
Conceitos: montagem de exposição, curadoria escolar, artes integradas.
Os alunos tornam-se criadores e curadores de suas próprias obras.
EDUCAÇÃO FÍSICA
“CORPO EM MOVIMENTO NA HORTA”
Coleção Interdisciplinar Aurora do Cerrado
APRESENTAÇÃO
O corpo também aprende.
Movimentar-se na horta da Escola Aurora do Cerrado é compreender o espaço, sentir o clima, perceber o ritmo da natureza e transformar tarefas simples em práticas de consciência corporal.
A horta não é apenas um ambiente de cultivo, mas um campo de experiências motoras, onde crianças e jovens exploram equilíbrio, força, coordenação, lateralidade, respiração, interação social e cuidado com o meio ambiente.
Este livro une narrativa literária e explicações pedagógicas, mostrando como o movimento humano transforma a relação com a terra — e como a terra devolve ao corpo uma nova forma de se mover.
PARTE I - NARRATIVA LITERÁRIA
“CORPO EM MOVIMENTO NA HORTA”
O professor de Educação Física, Mauro Benício, decidiu começar o semestre com uma aula diferente.
Levou sua turma para a horta.
- “Hoje, o nosso ginásio é o chão da Aurora do Cerrado.”
Os alunos acharam estranho.
Mas assim que pisaram na terra fofa, perceberam que o corpo reagia de outro modo: o solo afundava levemente, pedindo equilíbrio; as pedras exigiam atenção; o vento esfriava e aquecia a pele; os perfumes de ervas despertavam a respiração.
A aluna Íris, do 8º ano, abriu um sorriso:
- “É como se meu corpo acordasse.”
O professor Mauro propôs um circuito de corrida leve entre os canteiros.
O percurso incluía:
- curvas suaves
- pequenos saltos sobre troncos
- desvio de obstáculos naturais
- trechos de aceleração
- zonas de desaceleração para observar as plantas
- “O movimento também é respeito”, explicou Mauro.
- “Corremos sem prejudicar os canteiros, percebendo o espaço.”
Íris percebeu que, ali, correr era mais do que velocidade: era ler o ambiente com o corpo.
Na aula seguinte, Mauro trouxe um desafio:
- “Vamos treinar equilíbrio usando elementos da natureza.”
Os alunos caminharam sobre:
- linhas de pedras
- troncos estreitos
- caminhos sinuosos marcados no solo
Depois, equilibraram pequenos pesos (feitos de saquinhos de areia) enquanto caminhavam lentamente.
- “É assim que a cenoura cresce”, brincou Íris, segurando o peso imóvel como se fosse uma folha na brisa.
O equilíbrio não era apenas físico, mas mental.
O professor pediu ajuda dos estudantes para abrir um novo canteiro.
Usaram:
- enxadinhas leves
- pás pequenas
- ancinhos
- baldes de água
Durante o trabalho, Mauro explicou:
- “A força que usamos precisa ser consciente. Nada de exagero. Observem o corpo.”
Íris aprendeu que força não é só potência, é também controle, postura, respiração e ritmo.
Era como as raízes das plantas: fortes, mas inteligentes.
No fim da manhã, os alunos se reuniram sob a sombra do grande jambo da escola.
Fizeram alongamentos inspirados na natureza:
- postura do tronco
- respiração de vento
- alongamento em raiz
- movimento ondulante das folhas
- postura da flor aberta
Íris sentiu que o corpo ficava mais leve enquanto o vento atravessava a copa do jambo.
- “O corpo também floresce”, disse baixinho.
Mauro inventou jogos cooperativos baseados na colheita:
- Corrida da Cestinha: equipes precisavam encher uma cesta com hortaliças de brinquedo.
- Travessia da Irrigação: transportar copinhos de água sem derramar.
- Desafio dos Polinizadores: jogo de pega-pega em que quem “polinizava” (tocava) acumulava pontos em grupo.
O foco não era competição, era união.
- “A natureza não compete para destruir. Coopera para sobreviver”, explicou Mauro.
Íris percebeu que cooperar deixava o corpo mais confiante.
Em um fim de tarde, o professor conduziu uma atividade de respiração consciente na horta.
Os alunos fecharam os olhos e escutaram:
- o som dos insetos
- o vento nos capins
- a água escorrendo do regador
- as folhas batendo umas nas outras
Mauro falou:
- “Respirem como o Cerrado respira: lento, profundo e atento.”
Íris sentiu uma calma nova, como se ela própria fosse parte da paisagem.
A última aula foi uma trilha leve pelos arredores da escola.
Durante o percurso, o professor pediu que notassem:
- o ritmo natural do corpo
- os músculos que mais atuavam
- o impacto do chão
- a postura
- a hidratação
- a percepção da paisagem
A trilha terminava em um mirante onde era possível ver toda a Escola Aurora do Cerrado - e sua horta viva.
Mauro concluiu:
- “O corpo também cria raízes quando aprende a se mover com consciência.”
Íris sorriu. Agora, sabia que movimento era mais que exercício, era relação.
PARTE II - EXPLICAÇÕES EDUCATIVAS (CAPÍTULO POR CAPÍTULO)
Conceitos: propriocepção, consciência corporal, estímulos sensoriais, ambientação natural.
A horta como espaço de percepção do corpo no ambiente.
Conceitos: resistência aeróbica, coordenação espacial, velocidade com controle ambiental.
Ensina a movimentar-se respeitando o espaço natural.
Conceitos: equilíbrio estático e dinâmico, coordenação motora fina e grossa.
A natureza como referência para exercícios motores lúdicos.
Conceitos: força funcional, ergonomia, movimentos conscientes, cadeia muscular.
Mostra como tarefas da horta podem desenvolver força com segurança.
Conceitos: flexibilidade, respiração, consciência postural, relaxamento.
Integra práticas corporais inspiradas na observação da natureza.
Conceitos: cooperação, sociabilidade, comunicação não violenta, ludicidade.
Evita a competição excessiva e valoriza objetivos coletivos.
Conceitos: respiração profunda, atenção plena, consciência ambiental.
A horta como espaço para práticas de concentração e calma.
Conceitos: caminhada, resistência, ritmo corporal, leitura do espaço geográfico.
Expande a horta como território de movimento e exploração.
GUARDIÃO DA TERRA, GUARDIÃO DA VIDA
Coleção Interdisciplinar da Escola Aurora do Cerrado
APRESENTAÇÃO
A Escola Aurora do Cerrado nasceu rodeada de árvores de cascas retorcidas, flores resistentes e um céu que mudava de azul a dourado ao longo do dia. Dentro desse cenário, alunos e professores descobriram que a horta escolar era mais do que um espaço de cultivo: era um convite para compreender o planeta.
O oitavo livro da coleção traz uma narrativa educativa sobre responsabilidade ambiental, sustentabilidade e consciência ecológica. Cada capítulo combina história, conceitos, projetos práticos, diálogos pedagógicos e reflexões éticas, formando o coração do trabalho de Educação Ambiental da escola.
Narrativa
Era início de agosto quando o vento quente trouxe um cheiro doce de terra molhada - mesmo sem chuva. Os alunos estranharam, mas Cecília, a professora de Ciências Ambientais, explicou:
- A Terra fala com quem sabe escutar.
Naquele dia a turma recebeu um desafio: transformar a horta da escola em um laboratório vivo de sustentabilidade.
O líder da turma, Ravi, perguntou:
- Professora, mas como vamos saber o que a natureza precisa?
Ela sorriu, retirou uma muda de pequizeiro da sacola e respondeu:
- Observando. Investigando. E cuidando.
Explicação Educativa
O capítulo introduz:
Sensibilização ambiental
O conceito de ecossistema escolar
O Cerrado como bioma rico e ameaçado
Observação da natureza como método científico e ético
Atividade Sugerida
Caderno da Terra: cada aluno cria um diário para registrar sensações, descobertas e perguntas sobre o ambiente.
Narrativa
Durante a semana, os alunos começaram a observar pequenos problemas: lixo espalhado, desperdício de água na pia da cantina, folhas queimadas no quintal vizinho.
Ravi anotou tudo. Helena desenhou soluções. Otávio criou um mapa dos problemas. Jade escreveu cartazes educativos.
Em assembleia, reuniram suas ideias e criaram o Pacto do Cuidado, com ações reais para mudanças cotidianas.
Explicação Educativa
Conceitos trabalhados:
Sustentabilidade prática
Consumo consciente
Redução, reutilização e reciclagem
Mapas ambientais
Projeto do Capítulo
Criação do Pacto do Cuidado da turma ou da escola.
Narrativa
Na horta, os alunos aprenderam sobre o ciclo das plantas. Mas Cecília apontou algo maior:
- O ciclo da vida depende da relação entre todos os seres: água, solo, plantas, insetos, humanos.
Ravi observou uma joaninha e perguntou:
- Até ela faz diferença?
- Sem dúvida - disse Cecília - uma joaninha protege nossas plantas dos pulgões. Ela é pequena, mas essencial.
Explicação Educativa
Conceitos:
Cadeia alimentar
Ciclo de nutrientes
Relações ecológicas (cooperação, predação, mutualismo)
Importância da biodiversidade
Atividade
Mapa da Cadeia da Horta: os alunos representam graficamente como seres vivos se relacionam.
Para entender o solo, Cecília levou a turma até uma clareira atrás da escola. Com pequenas pás, as crianças coletaram amostras. Cada uma tinha cor, textura e cheiro diferentes.
- O solo é como uma biblioteca - explicou a professora - guarda histórias de milhares de anos.
Ravi ficou impressionado ao descobrir que um punhado de terra viva contém mais seres do que pessoas em uma cidade inteira.
Explicação Educativa
Camadas do solo
Solo fértil, arenoso, argiloso
Microorganismos úteis
Erosão e preservação
Experimento
Construção de um perfil de solo em garrafas PET.
Narrativa
Depois de dias secos, uma chuva intensa caiu. A turma correu ao pátio e viu a água escorrendo pelo chão, levando terra da horta.
- Isso é erosão! - disse Cecília.
Jade se assustou:
- Vamos perder nossa horta?!
A turma decidiu construir um sistema simples de contenção e reaproveitamento da água de chuva.
Explicação Educativa
Ciclo da água
Importância da água potável
Erosão
Captação e reaproveitamento
Projeto
Mini cisterna artesanal
Relevo artificial para observar fluxo da água
Narrativa
Na aula seguinte, Cecília levou todos para caminhar pelo bosque atrás da escola. Pediu que inspirassem profundamente.
- Sem as árvores, nenhum de nós estaria aqui - disse ela.
Helena abraçou um jatobá e afirmou:
- Eu quero ser protetora das árvores quando crescer.
Explicação Educativa
Fotossíntese
Poluição do ar
Plantio de árvores nativas
Importância dos biomas e da vegetação
Atividade
Mapa das árvores da escola
Plantio coletivo de espécies nativas
Uma onda de calor atingiu a cidade. Os alunos perceberam como o pátio sem árvores ficava quente demais.
- O clima está mudando - disse Cecília.
Ela mostrou gráficos, notícias e exemplos reais. A turma decidiu criar uma ilha de sombra, plantando espécies que crescem rápido.
Explicação Educativa
Diferença entre clima e tempo
Ação humana no clima
Ilhas de calor
Soluções naturais para resfriamento de ambientes
Narrativa
Durante a organização do pátio, Ravi encontrou um brinquedo quebrado e disse:
- Se jogarmos fora, isso vira lixo.
- E o lixo não desaparece - completou Cecília - ele apenas muda de lugar.
A turma criou uma cooperativa fictícia chamada EcoAurora, com divisão de tarefas:
coleta,
separação,
transformação,
educação ambiental.
Explicação Educativa
Tipos de resíduos
Compostagem
Reciclagem e reutilização
A importância social dos catadores
Projeto
Composteira da escola
Cestos de separação ilustrados
Narrativa
A Escola Aurora do Cerrado organizou um grande encontro chamado Dia da Terra Viva, aberto para a comunidade. Os alunos apresentaram:
maquetes,
experimentos,
cartazes,
mudas plantadas,
teatro sobre sustentabilidade,
exposição fotográfica da horta.
Ravi subiu ao palco e disse:
- Somos guardiões da Terra. E todo guardião protege aquilo que ama.
Cecília chorou de emoção.
Explicação Educativa
Engajamento comunitário
Protagonismo estudantil
Projetos sustentáveis
Ação coletiva
Narrativa Final
Antes das férias, Cecília entregou um envelope a cada aluno.
Dentro havia uma carta escrita como se fosse da própria Terra:
> “Quando vocês cuidam de mim, eu respiro melhor.
Quando plantam, eu floresço.
Quando preservam, eu agradeço.
Continuem sendo meus guardiões.
Com amor,
A Terra da Escola Aurora do Cerrado.”
As crianças guardaram a carta como um juramento silencioso.
O livro incentiva:
reflexões éticas,
projetos ambientais reais,
protagonismo estudantil,
interdisciplinaridade com ciências, artes, geografia, matemática, língua portuguesa e ética.
Inclui propostas de atividades, experimentos, textos de apoio, pesquisas de campo e ações comunitárias alinhadas às competências gerais e específicas da BNCC.
LIVRO 9
SABORES DA TERRA, SABERES DA VIDA
Coleção Interdisciplinar da Escola Aurora do Cerrado
APRESENTAÇÃO
No coração do Cerrado, onde os sabores têm força de raiz e perfume de flor resistente, a Escola Aurora do Cerrado descobriu que a alimentação é muito mais do que comer: é cultura, ciência, memória e cuidado consigo e com o planeta.
Este livro acompanha a turma da professora Mara, responsável pelo projeto Alimentar Para Viver Bem, inspirado na horta da escola e no conhecimento ancestral das famílias da comunidade.
Aqui, cada capítulo combina:
narrativa ficcional;
conceitos científicos e culturais;
atividades práticas;
reflexões sobre saúde, sustentabilidade e culinária do Cerrado.
Narrativa
Era segunda-feira quando a professora Mara entrou na sala com uma cesta coberta por um pano colorido.
- Hoje começamos nossa jornada pelos sabores da Terra! - anunciou.
Ao retirar o pano, revelou frutas, legumes e raízes da região: cajuzinho-do-campo, maxixe, abóbora-seringa, taioba, buriti.
Ravi, curioso, perguntou:
- Professora, isso tudo faz parte da alimentação saudável?
Mara sorriu.
- Faz parte da nossa história.
Explicação Educativa
O que é alimentação saudável
Conceito de alimento in natura, minimamente processado e ultraprocessado
Valorização da produção local
Segurança alimentar
Atividade
Montar uma Feira Sensorial com alimentos da região.
Narrativa
A turma visitou a horta da escola. Lá, Mara explicou:
- Cada alimento que vocês comem tem uma história. E essa história começa no solo.
Os alunos acompanharam o ciclo das hortaliças, entenderam o plantio, a colheita e a importância de respeitar o tempo das plantas.
Helena falou:
- Então quando a gente desperdiça comida, desperdiça a vida que a Terra deu?
- Exatamente - respondeu a professora.
Explicação Educativa
Origem dos alimentos
Agroecologia
Impacto do desperdício
Sazonalidade
Projeto
Criar um Calendário de Plantio e Colheita do Cerrado.
Narrativa
No laboratório de Ciências, Mara mostrou um cartaz colorido com grupos alimentares.
Ravi exclamou:
- Carboidratos, proteínas, vitaminas… isso tudo está no nosso prato?
- Sim. Cada alimento tem uma função no nosso corpo - explicou a professora.
A turma montou pratos equilibrados usando cartões ilustrados.
Explicação Educativa
Nutrientes e suas funções
Pirâmide alimentar atualizada
Alimentação equilibrada na infância e adolescência
Hidratação
Atividade
Jogo "Monte Seu Prato Saudável".
Narrativa
Mara pediu que cada aluno trouxesse uma receita de família.
Vieram histórias de avós, tios, vizinhos, festejos, roças, viagens.
Receitas de pequi, bolo de jatobá, caldo de mandioca, angu, arroz com ora-pro-nóbis, doce de buriti.
Jade trouxe uma história emocionante do avô que plantava mandioca há décadas.
- A comida guarda memórias - disse Mara - e quando cozinhamos juntos, revivemos essas memórias.
Explicação Educativa
Alimentação e cultura
Patrimônio imaterial
Tradições culinárias regionais
Afetos ligados ao comer
Projeto
Criar o Livro de Receitas da Escola Aurora do Cerrado.
Narrativa
Em uma mesa, Mara organizou alimentos por cor.
- Cada cor diz algo sobre os nutrientes que estão ali - explicou.
Os alunos ficaram impressionados ao descobrir que o roxo da beterraba tem antioxidantes, que o laranja da cenoura protege a visão e que o verde das folhas fortalece o corpo.
Explicação Educativa
Classificação das cores e seus nutrientes
Antioxidantes
Importância da diversidade alimentar
Experimento
Fazer sucos coloridos e observar diferentes pigmentos.
Narrativa
Durante o recreio, a turma percebeu que muitos colegas jogavam comida fora.
Mara organizou uma roda de conversa:
- O que significa comer com responsabilidade?
As crianças refletiram sobre:
quantia servida;
responsabilidade com quem prepara a comida;
impactos ambientais do desperdício.
Explicação Educativa
Desperdício de alimentos
Compostagem
Porcionamento consciente
Ética da alimentação
Projeto
Criar a Campanha “Pegue Apenas o Que Vai Comer”.
Narrativa
A professora levou a turma a uma agroindústria artesanal da região. Eles viram:
lavagem dos alimentos,
seleção,
embalagem,
cuidados sanitários.
Otávio comentou:
- Nunca imaginei que desse tanto trabalho até chegar na nossa mesa.
Explicação Educativa
Cadeia produtiva dos alimentos
Controle sanitário
Transporte e impacto ambiental
Armazenamento seguro
Atividade
Montar um Mapa do Caminho dos Alimentos (campo -> escola -> prato).
Em uma manhã de debate, Mara provocou:
— Quem escolhe o que vocês comem?
As respostas variaram: “minha mãe”, “o mercado”, “quem produz”.
Ela explicou como fatores sociais, econômicos e ambientais influenciam a alimentação de toda comunidade.
Explicação Educativa
Direito humano à alimentação
Economia local
Feiras e agricultura familiar
Políticas públicas de merenda escolar
Projeto
Simular uma Feira Solidária onde os alunos usam “moedas ecológicas”.
A turma participou de oficinas culinárias com receitas simples da horta:
pesto de ora-pro-nóbis
vinagrete colorido
chips de maxixe
suco de buriti com limão
pão com abóbora-seringa
No final, fizeram um piquenique coletivo sob a sombra das mangueiras.
Explicação Educativa
Higiene alimentar
Técnicas culinárias básicas
Compostagem do que sobra
Valorização dos ingredientes locais
Atividade
Montar a Cozinha Experimental da Escola Aurora.
Narrativa Final
Em parceria com famílias e vizinhos, a escola organizou o Festival do Saber e do Sabor do Cerrado.
Houve:
apresentações culturais,
oficinas de culinária,
estandes com alimentos in natura,
teatro sobre alimentação saudável,
exposição “Do Solo ao Prato”.
Ravi encerrou o evento dizendo:
- Agora entendemos que comer é também agradecer: a quem planta, a quem cozinha, à Terra e à vida.
Mara sorriu, emocionada.
O Livro 9 trabalha:
Componentes da BNCC
Ciências
Geografia
História
Língua Portuguesa
Matemática (quantidades, proporções, medidas)
Arte e cultura
Saúde e ética
Competências desenvolvidas
Consciência alimentar
Sustentabilidade
Protagonismo juvenil
Identidade cultural
Alfabetização científica
Inclui projetos fáceis de aplicar, roteiros culinários, atividades sensoriais e materiais que promovem saúde integral.
“Cores da Terra: Criando com a Horta”
APRESENTAÇÃO GERAL DO LIVRO
“Cores da Terra” é um livro interdisciplinar de Arte voltado para estudantes do Ensino Fundamental, tendo como cenário a horta pedagógica da Escola Aurora do Cerrado.
A obra combina narrativa literária, conceitos de artes visuais, história da arte, processos criativos, experiências práticas, projetos coletivos, e educação sensível.
SUMÁRIO
1- Capítulo 1 - A Horta como Atelier Vivo
2- Capítulo 2 - As Cores que a Natureza Revela
3- Capítulo 3 - Formas, Texturas e Simetrias no Jardim
4- Capítulo 4 - Arte com Elementos Naturais
5- Capítulo 5 - Retratos da Terra: Do Desenho à Pintura
6- Capítulo 6 - Esculturas Vivas e Efêmeras
7- Capítulo 7 - Arte, Cultura e Identidade do Cerrado
8- Capítulo 8 - A Exposição “Belezas que Brotam”
9- Capítulo 9 - Projetos Artísticos Interdisciplinares
10- Atividades Finais
11- Orientações Pedagógicas para Professores
NARRATIVA PRINCIPAL DO LIVRO
A protagonista é Íris, uma estudante do 6º ano que sempre gostou de desenhar, mas nunca acreditou que pudesse ser uma artista “de verdade”.
Um dia, a professora de Artes, Alba Lúmen, leva a turma para a horta da escola, afirmando:
> “Aqui está o maior atelier do mundo: a Terra.”
Ao explorar o espaço, Íris percebe cores, sombras, linhas, padrões e texturas que nunca tinha notado.
Durante o ano letivo, ela e seus colegas criam obras inspiradas na horta e realizam uma grande exposição aberta para toda a comunidade.
A narrativa acompanha o crescimento da horta e o crescimento artístico dos alunos, revelando que arte é um jeito de enxergar a vida.
NARRATIVA
Íris entra na horta e se sente dentro de uma pintura. O vento move as folhas como pincéis invisíveis. A professora Alba pede que todos fechem os olhos e “escutem as cores”.
Íris sente o cheiro da terra e imagina um quadro marrom e úmido, cheio de vida.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
A arte nasce da observação.
A horta é um “atelier vivo”, com luz, contraste, simetria, ritmo e movimento.
Conceitos: composição, contraste, luz natural, perspectiva do olhar.
ATIVIDADE
“Mapa artístico da horta”: o aluno desenha a horta destacando onde vê cores, formas e movimentos interessantes para criar arte depois.
NARRATIVA
Íris descobre que a beterraba solta tinta roxa; o açafrão, um amarelo forte; folhas podem virar pigmentos. Ela prepara sua primeira paleta natural.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Pigmentos naturais na história da humanidade.
Cores primárias, secundárias, quentes e frias.
Misturas, tonalidades e saturação.
ATIVIDADE
“Criando tintas naturais”: usar beterraba, cúrcuma, espinafre e terra peneirada.
NARRATIVA
A professora pede que os alunos procurem “arte escondida”.
Íris observa padrões nas folhas, simetria nas flores e fractais em brócolis.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Linhas e formas.
Simetria radial e bilateral.
Texturas naturais.
Arte biomórfica.
ATIVIDADE
Impressão de folhas (carimbos naturais).
NARRATIVA
Íris cria um mandala com sementes, galhos e pedras. Ela percebe que a arte pode ser efêmera, durando apenas alguns minutos.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Land art.
Arte efêmera e permanente.
Arte sustentável.
ATIVIDADE
Criar mandalas de solo, sementes e folhas.
NARRATIVA
Íris tenta desenhar sua planta favorita, mas se frustra. A professora diz:
“Arte não imita a realidade: dialoga com ela.”
A menina tenta novamente e cria seu primeiro retrato botânico.
EXPLICAÇÃO DO CAPÍTULO
Proporção.
Observação atenta.
Luz e sombra.
Técnicas de desenho e aquarela.
NARRATIVA
A turma modela o solo úmido e cria pequenas esculturas inspiradas em raízes e pedras. O vento modifica as obras, e Íris entende que “a natureza também é artista”.
EXPLICAÇÃO
Modelagem com argila.
Arte tridimensional.
Equilíbrio das formas.
NARRATIVA
Um artista local visita a escola e mostra como a cultura do Cerrado inspira obras: grafismos indígenas, cerâmicas, pinturas sobre o fogo e tradições populares.
EXPLICAÇÃO
Patrimônio cultural.
Arte indígena e popular.
Identidade regional.
NARRATIVA
A escola inteira se reúne. Pais, avós, comunidade, todos visitam a exposição criada pelos alunos.
Íris sorri, certa de que encontrou seu lugar no mundo da arte.
EXPLICAÇÃO
Curadoria.
Organização de exposição.
Montagem, iluminação, narrativa visual.
Arte + Ciências: pigmentos naturais.
Arte + Matemática: simetria.
Arte + Geografia: paisagens do Cerrado.
Arte + História: tintas antigas e artes tradicionais.
Arte + Língua Portuguesa: poemas visuais da horta.
1- Criar um diário visual da horta.
2- Fazer uma obra usando apenas materiais naturais.
3- Produzir um autorretrato inspirado em uma planta.
4- Montar uma mini exposição pessoal.
Incentivar a observação sensível.
Propor atividades práticas com baixo custo.
Relacionar arte com sustentabilidade.
Convidar artistas locais.
Promover exposições, varais artísticos e murais.

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