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sexta-feira, 24 de julho de 2020

Recorte na educação infantil

A psicomotricidade educa “o movimento" ao mesmo tempo em que põe em jogo as funções intelectivas” (Costallat, 1987, p. 1). Na escola, portanto, não podemos deixar de considerar a intrínseca e dialética relação entre ações motoras e ações de cognição.

Na educação infantil, de modo geral, a intervenção no desenvolvimento psicomotor da criança é realizado na recreação e/ou por meio de atividades chamadas de coordenação viso-motora, figura-fundo, coordenação motora fina, entre outras. Tal modo de interferir no desenvolvimento psicomotor das crianças comporta concepções e filiações teóricas a disciplinas científicas que estabelecem, por exemplo, essa relação linear e mecanicista entre psicomotricidade e alfabetização.

Diversas são as atividades psicomotoras (de coordenação viso-motora e dinâmica manual) que compõem a pesquisa de Dalila Molina de Costallat (op cit.): picado, recorte a dedo (mosaicos), recorte com tesouras, bordado, colorido com lápis e pincel, desenho, contorno calcado e modelagem. A pesquisadora após muitos anos de experimentações e análises estabeleceu graduações em cada uma dessas atividades. Quanto à atividade do recorte, ela estabeleceu nove etapas de recorte com os dedos e vinte para o recorte com a tesoura.

As etapas do recorte:

Fase 1 - Recorte com os dedos

Etapa 1 : recorte em tiras 
Etapa 2 : recorte em pedaços grandes
Etapa 3 : recorte em pedaços pequenos
Etapa 4 : cobrir superfícies geométricas puras
Etapa 5 : cobrir superfícies de tamanhos médios, de contornos irregulares, de complexidade crescente
Etapa 6 : recortar linhas retas desenhadas 
Etapa 7 : recortar linhas
Etapa 8 : recortar silhuetas de contornos simples





Fase 2 - Recorte com a tesoura

Preensão correta da tesoura

Etapa 9 : cortar sem material

Manejo

Etapa 10 : franjas ao redor da folha
Etapa 11 : franjas em tira de papel
Etapa 12 : formas geométricas
Etapa 13 : círculos, meio-círculo e um quarto de círculo
Etapa 14 : linhas curvas
Etapa 15 : linhas quebradas
Etapa 16 : linhas mistas
Etapa 17 : recortar silhuetas de contornos irregulares de complexidade crescente
Etapa 18 : recorte de figuras em revistas
















Para além do recorte podemos questionar:

Quantos lados tem este pedaço que estamos segurando?
• Esses lados são iguais?
• Etc.
Depois de cortadas as tiras...
• Quantas tiras vocês conseguiram cortar?
• São estreitas ou largas?

• O que podemos fazer com essas tiras?
• Vocês preferem colar no papel na vertical ou horizontal? (Explicar)

Vários conceitos são trabalhados:

- divisão da folha de papel

- lados iguais / diferentes

- sobreposição

- fração (parte / todo)

- limites do papel (cortes longos e curtos)

- formas geométricas (retângulos, quadrados,triângulos, trapézio e hexágono)

- largo / estreito

- menor / maior

- horizontal / vertical / diagonal

- círculo, meio círculo e um quarto de círculo

- linhas curvas e retas

- Entre outros



quinta-feira, 23 de julho de 2020

A ciência na cozinha

Reaproveitamento de alimentos - Nada se perde tudo se transforma.

No Brasil, estima-se que cerca de 68 mil toneladas de alimentos vão parar no lixo diariamente, portanto, é considerado um dos mais ricos do mundo, e taxado como o país do desperdício (BADAWI, 2009). Os supermercados são os maiores responsáveis pelas perdas alimentares, jogando fora 13 milhões de toneladas de alimentos por ano. As feiras livres de São Paulo contribuem com mais de mil toneladas diárias, e o desperdício no consumo doméstico chega a 20%. Infelizmente, as perdas não se resumem apenas aos alimentos, mas também envolve questões de cunho financeiro do país, visto que há uma cifra de 12 bilhões de reais desperdiçada junto a eles (MAPA,2007).

O desaproveitamento de alimentos promove ainda um impacto negativo no meio ambiente
em função da inadequada deposição do lixo alimentar no solo, tendo consequências danosas como o
odor gerado pela putrefação da matéria orgânica e a formação do chorume, que normalmente
encontra-se contaminado e tem potencial para atingir rios e os lençóis freáticos (SANTOS, 2008).

A utilidade completa dos alimentos é uma alternativa capaz de propiciar às pessoas um melhor consumo nutricional, melhoria da economia relacionada aos alimentos e a relação ecológica entre o homem e o meio ambiente em que vive, uma vez que o aproveitamento tem como consequência a redução do lixo (SILVA et al, 2005). Através do aproveitamento das partes comumente inutilizadas, é possível não só alimentar um número maior de pessoas, mas também reduzir as deficiências nutricionais que possam existir, uma vez que boa parte dos alimentos desperdiçados contém nutrientes com alto valor nutricional.

 Diante da problemática enfrentada pelo Brasil e o mundo em relação ao desperdício de alimentos, e sem falar sobre o número de pessoas no Brasil que não tem o que comer, este projeto surgiu com o intuito de conscientizar os educandos sobre o valor da reutilização dos alimentos, bem como as ações que evitem o desperdício e promovam a melhor distribuição dos mesmos pela população em geral, procurar sensibilizar os discentes sobre a temática e para o desempenho da condição de cidadão.

O projeto de intervenção intitulado “A Ciência na Cozinha: Reaproveitamento de Alimentos; nada se perde tudo se transforma”, foi realizado em uma Escola Municipal , com um público-alvo de 27 alunos do 4º ano do ensino fundamental.

 Como problema a ser investigado no projeto: De que maneira seria possível conscientizar os alunos do 4º ano de uma Escola Municipal a se habituar a variados tipos de alimentos em uma alimentação saudável com o reaproveitamento de alimentos como cascas, talos e sementes?

O projeto teve como objetivo geral: Sensibilizar os alunos do 4º ano sobre o desperdício de alimentos; e objetivos específicos foram: Informar sobre a importância do reaproveitamento dos alimentos; explicar como reaproveitar esses alimentos a fim de evitar desperdício e incentivar a criatividade dos alunos para a criação de receitas alternativas.

Com este projeto pretendeu-se favorecer a aprendizagem e estimular o desenvolvimento do conhecimento científico, por intermédio da pesquisa e experiência.

O presente artigo aborda com o referencial teórico sobre a questão da alimentação saudável e o desperdício de alimentos; aponta sobre a metodologia abordada sobre a temática e os resultados obtidos durante a aplicação do projeto.

No Brasil, a fome é uma indagação para ser discutida no estabelecimento de ensino e a discussão começa pela situação de vida dos alunos e seus direitos e deveres como cidadãos.

O papel dos educadores é importante, pois devem preparar seus alunos para a estrutura de uma sociedade mais igualitária, em que as pessoas tenham não apenas o direito, mas as condições necessárias para usufruir de uma alimentação equilibrada qualitativa e quantitativamente sem desperdiço.

O combate ao desperdício pode começar de maneira bem simples, como através do aproveitamento das partes tradicionalmente não usadas dos alimentos. O aproveitamento integral de alimentos significa usar os nutrientes contidos em partes usualmente não aproveitadas tais como talos, cascas, sementes, folhas, entre outros, permitindo a preparação de novas receitas saudáveis e criativas para o cotidiano, contribuindo para uma alimentação mais rica.

Reaproveitamento de Alimentos: nada se perde tudo se transforma, onde se evidencia a Alfabetização Científica discutida nessa abordagem. Torna-se prioritário, dentro deste prisma, elencar situações de ensino-aprendizagem onde os alunos possam ser instigados à reflexão sobre os hábitos alimentares e a relevância destes para um padrão de vida melhor. O projeto aplicado aos alunos do 4º ano descreve o interesse de uma alimentação saudável, onde relata a importância de se aproveitar o alimento integralmente.

Com o reaproveitamento integral de alimentos podemos evitar o desperdício através da conscientização, fazendo com que a alimentação de muitas pessoas melhore, pois o Brasil está em 1º lugar no ranking por jogar alimentos perecíveis no lixo. Enquanto isso, milhões de pessoas passam fome, outras desperdiçam toneladas de alimentos por dia (BRASIL, 2006). Esta situação é um grande problema que acontece nos lares e também nas escolas, onde vários alimentos vão parar direto na lixeira.

 A educação ainda é a uma das saídas mais eficientes para o desenvolvimento da cidadania, pois desperta no indivíduo a reflexão, colaborando para a formação de um indivíduo prático e integral dentre todas as relações por ele adquiridas. Portanto, é essencial instruir os alunos não só na disciplina de Ciências a combater esses desperdícios de alimentos, mas de maneira interdisciplinar, para que ele perceba essa relação no contexto do seu cotidiano e possa assim relacionar com seus hábitos e atitudes.

Sob essa ótica, o ensino de Ciências nos anos iniciais deverá proporcionar a todos os indivíduos, saberes e possiblidades de progresso de recursos necessários para se orientarem nesta sociedade complexa, entendendo o que se passa à sua volta, tomando posição e intervindo na sua realidade.

Desta maneira, conscientizando os alunos sobre o desperdício de alimentos, se estará proporcionando condições para que o aluno exerça a sua cidadania. Pois, segundo Delizoicov e Angotti (1990), para o indivíduo exercer sua cidadania, ele deve ter um mínimo de formação básica em ciências e deve ser desenvolvido, na maneira a fornecer ferramentas que possibilitem um melhor entendimento da sociedade em que vivemos.

Nesse sentido, as pessoas devem receber pelo menos uma formação mínima em ciências para a sua formação cultural, uma vez que o centro do conhecimento científico das Ciências Naturais é parte constitutiva da cultura elaborada. Ademais, é na esfera dos anos iniciais que a criança constrói seus conceitos e apreende de modo mais significativo o ambiente que a cerca, através da apropriação e compreensão dos significados apresentados mediante o ensino das Ciências Naturais.

A influência da ciência e da tecnologia no mundo contemporâneo é notória, fazendo parte de várias atividades humanas. No entanto, o desenvolvimento científico tecnológico vem causando mudanças significativas nos âmbitos social, econômico, político e cultural e estas influências clamam não apenas por reflexões sobre desenvolvimento e vida social, mas também por tomada de
consciência e mudança de atitudes com relação aos problemas ambientais, éticos e de qualidade de
vida relacionadas a estes avanços.

Alfabetizar, portanto, os cidadãos em ciência e tecnologia é hoje uma necessidade do mundo contemporâneo (SANTOS e SCHNETZLER, 1997). Não se trata de mostrar as maravilhas da ciência, como a mídia já o faz, mas de disponibilizar as representações que permitam ao cidadão agir, tomar decisão e compreender o que está em jogo no discurso dos especialistas (FOUREZ, 1995). Essa tem sido a principal proposição dos currículos com ênfase em CTS. 

Segundo Oliveira et al, (2002) citado por Damiani et al, (2008), nos últimos anos, diversos pesquisadores brasileiros vêm estudando o aproveitamento das partes de vegetais, legumes e frutas não consumidas, tais como as cascas descartadas pela agroindústria, que podem ser utilizadas para a produção de alimentos ou ingredientes, e inclusive, incluídos na dieta humana. 

No que tange a saúde humana, a utilização integral dos alimentos pode contribuir de forma bastante eficiente parauma refeição mais nutritiva, resultando em uma melhor qualidade de vida. 

Para Oliveira et al (2002) e Prim (2003), no momento em que houver um trabalho de educação alimentar que promova a consciência de que os resíduos de vegetais e frutas desprezados, também são ricos em sais minerais, vitaminas e fibras, o desperdício de alimentos diminuirá, a fome terá maneiras de ser evitada, haverá uma maior economia doméstica, ou seja, a estes restos será agregado valor econômico e social e, consequentemente, diminuirão os resíduos depositados no meio ambiente. 


Metodologia 

O projeto de pesquisa intitulado A Ciência na Cozinha: Reaproveitamento de Alimentos; nada se perde tudo se transforma foi apresentado na Escola Municipal, no turno vespertino, com um público alvo de 27 alunos do 4º ano do ensino fundamental. O trabalho se deu em quatro etapas: 

1ª etapa: Conhecimento prévio da turma. Nessa etapa os alunos foram questionados através de conversa informal a respeito da alimentação saudável: se eles sabiam o que era, quais as frutas que eles mais gostavam, se eles comiam verduras e legumes todos os dias, etc. 

2ª etapa: Exposição de frutas e legumes; aula expositiva e dialogada utilizando recursos audiovisuais sobre os tipos de vitaminas encontradas nos alimentos e os benefícios de cada fruta, verduras e legumes, bem como o que ocasiona no organismo a sua carência. 

3ª etapa: Apresentação de vídeos – disponíveis no YouTube (Alimentação Saudável e Campanha contra o desperdício de alimentos) - mostrando a realidade do Brasil sobre o desperdício de alimentos e o que podemos fazer para evitar esse desperdício, reaproveitando sobras de alimentos, talos e sementes. 

4ª etapa: Culminância do projeto com degustação de sucos naturais, bolo de casca de banana, doce da entrecasca da melancia e doce de maçã, feitos pela pesquisadora. 

Conclui-se que o desperdício dos alimentos pode ser evitado através de um planejamento e de um trabalho educacional na escola, pelo esclarecimento dos alunos e da comunidade sobre a utilização dos alimentos, além de que, uma alimentação alternativa pode melhorar a nutrição, servir de auxílio para a economia dos indivíduos, e também auxiliar na diminuição do lixo que é produzido. O projeto se mostrou muito significativo para as crianças, que se envolveram e se sensibilizaram com a reflexão sobre uma alimentação mais saudável. Pode-se perceber que muitas informações já são de conhecimento dos alunos, mas que na prática muitas vezes não se traduzem. Desta forma, se verificou que o tema deve ser retomado com novas dinâmicas, reforçando a necessária mudança para hábitos mais saudáveis.



segunda-feira, 20 de julho de 2020

Reconto

Reconto é a reconstrução oral de um texto já existente. O principal procedimento é a imitação a partir de um texto modelo: um conto clássico, anúncio, texto expositivo, uma notícia, entre outros. Tal procedimento implica recontar parecido com o que estava no livro, no jornal, na revista, no encarte, ou como se fosse o autor. O propósito é a adesão ao texto selecionado, respeitando seu tipo de linguagem, as marcas do gênero, o tema e a sua estrutura.

A capacidade de recontar é influenciada pelas experiências letradas das pessoas, seu contato com os livros e leitores, sua exposição à escrita e à atividade de compor textos - tanto orais quanto escritos. Recontar não pressupõe que a pessoa esteja alfabetizada, pois o acesso ao texto pode ocorrer pela leitura em voz alta dos adultos. Durante o reconto, a análise do texto modelo acontece sobre seu conteúdo e estrutura como, no caso de um conto clássico, a organização temporal e causal, a complexidade dos episódios, as marcas típicas, as formas fixas e as restrições do gênero textual.

Na reconstrução do texto, o que se busca é a apropriação do texto modelo, com pouca flexibilidade para criações e modificações que se distanciem dele. No caso da sala de aula, o professor marcará, com suas intervenções, as relações entre linguagem oral e linguagem escrita, distinguindo entre o que faz parte do modelo, as transgressões e os comentários à parte.

Com crianças da Educação Infantil ou Ciclo Inicial de Alfabetização, o clima didático que se pretende é o de brincar com a linguagem escrita, o fazer de conta que é o autor da história.

O trabalho pedagógico de um reconto de um clássico, por exemplo, pode ser desenvolvido da seguinte maneira: selecionar o conto, uma história escolhida pelo adulto ou pelas crianças, ambos justificando a escolha. Explorar o livro: capa, páginas, texto, letras, ilustração. Identificar conhecimentos prévios: explicitar o que conhecem, criar hipóteses, fazer antecipações (predições) sobre o que pode ou deve acontecer na história. Ler o conto para as crianças: fielmente, sem omissões ou adaptações, criando "clima de encantamento", a partir de entonação, pausas, comentários, perguntas. Explorar alguns aspectos: nomes, modos de referência e descrição dos personagens, palavras interessantes, expressões "diferentes", repetições. Elaborar um roteiro do texto: as crianças identificam as partes importantes da história e o professor registra em um cartaz - é a primeira tentativa de reconstrução oral. Brincar de encenar: o professor reconta a história, a partir do roteiro, e as crianças assumem os personagens, interferindo na narração, completando e sugerindo mudanças no texto. Recontar: a partir do roteiro, as crianças recontam a história, coletivamente, com o desfio de fazê-lo "como fazem os bons autores".












sexta-feira, 17 de julho de 2020

Linguagem: separando as sílabas

A partir dos 4 anos, as crianças começam a desenvolver uma noção maior de como a linguagem funciona e como as palavras são formadas - separando sílabas, brincando com rimas e músicas, descobrindo o som de cada letra.

Assim que esse interesse transparecer, comece a estimular o aprendizado da língua, usando sempre atividades que respeitem o ritmo de desenvolvimento das crianças.













A criança e o brincar: transição da educação infantil para o ensino fundamental no ciclo de 9 anos

Aqui, o eixo central é a importância do brincar no desenvolvimento da criança de seis anos e o que deve ser garantido a ela na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, relatar como o brincar pode contribuir para um melhor desenvolvimento cognitivo, social e afetivos nos alunos de 6 anos, conhecer documentos oficiais do trabalho a ser realizado com os alunos inseridos nessa fase, com levantamento bibliográfico documental e pesquisa descritiva com revisão bibliográfica.

De acordo com a teoria de Piaget (1896 - 1980) o desenvolvimento da criança divide-se em períodos de acordo com o que consegue fazer em cada faixa etária, são eles: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto (PIAGET, 1975).

A pesquisa está focada no período pré-operatório, pois está relacionado a crianças de seis anos de idade. Esse período também pode ser chamado de estágio da representação, onde prevalece o pensamento simbólico, o faz-de-conta, acredita que tudo no mundo foi criado pelas pessoas (Artificialismo) e dá vida a seres inanimados (animismo). A criança ainda não tem a capacidade de raciocinar sobre o mundo de forma racional e adulta.

Aos seis anos de idade, as crianças ainda se encontram em processo evolutivo, onde deveria prevalecer o lúdico, o brincar. É por meio do brincar que aprendem e socializam com mais facilidade, desenvolvendo seu aspecto intelectual, emocional, físico-motor, sendo imprescindíveis em sua vida.

O brincar é algo que faz parte da cultura da criança de um modo geral. Cada criança tem seu modo de aprender, criar, cultura e vínculos afetivos.

O brincar é de suma importância para o desenvolvimento da criança pois ela aprende regras, costumes, aspectos afetivos, exprimir sentimentos, enfim, tem prazer em aprender brincando.

As crianças que acabam de sair da Educação Infantil, de um mundo onde a sua volta é de brincadeiras e fantasias de repente se depara com algo diferente em sua rotina escolar, é uma ruptura entre os dois ciclos, em que o lúdico deixa de prevalecer para ingressar em um ambiente de regras e ordens, algo mais sério, encontrando muitos desafios e frustrações.

Ao compreender a importância do brincar para as crianças, o professor tem o papel de favorecer que ele aconteça em sua prática pedagógica junto com a escola.

É necessário que o sistema escolar esteja atento às situações envolvidas no ingresso da criança no Ensino Fundamental, seja ela oriunda diretamente da família, seja da pré-escola, a fim de manter os laços sociais e afetivos e as condições de aprendizagem que lhe darão segurança e confiança.

As escolas devem criar um ambiente em sala de aula que estimule o aprendizado da criança, para que possa haver um desenvolvimento de todo seu potencial cognitivo.

Com a aprovação da Lei Federal nº 11.274 em Fevereiro de 2006, houve uma alteração na duração do Ensino Fundamental de oito anos para nove anos, assegurando um período mais longo na escola maior oportunidade de aprendizagem, principalmente as crianças pertencentes aos setores populares, pois as de poder econômico, já estão incorporadas no processo privativo desde cedo.

Devem-se respeitar as especificidades da criança de seis anos, não podemos trabalhar o mesmo conteúdo da primeira série do ensino de oito anos no ensino de nove anos. A criança desta faixa etária ainda não tem a capacidade de raciocinar o mundo de forma concreta.

Na transição para o Ensino Fundamental a proposta pedagógica deve prever formas para garantir a continuidade no processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, respeitando as especificidades etárias, sem antecipação de conteúdos que serão trabalhados no Ensino Fundamental. 

As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica diz que a transição entre as etapas da Educação Básica requer uma articulação sequencial, sem rupturas.

Continuidade e ampliação – em vez de ruptura e negação do contexto socioafetivo e de aprendizagem anterior – garantem à criança de seis anos que ingressa no Ensino Fundamental o ambiente acolhedor para enfrentar os desafios da nova etapa.

É necessário que a transição ocorra de forma natural, valorizando o aprendizado através do brincar, no qual as crianças obtinham na Educação Infantil dentro do novo ciclo de nove anos, não provocando rupturas e impactos negativos no seu processo de aprendizagem.

As características das crianças de seis anos devem ser preservadas durante a transição da educação infantil para o ensino fundamental. O ingresso desta criança garante que a mesma entre em contato com a realidade do mundo e da escrita, desenvolvendo suas habilidades cognitivas dentro da escola.

A transição da educação infantil para o ensino fundamental sofre uma grande ruptura onde o mundo da criança era o lúdico, jogos e brincadeiras, e de repente ela se depara com algo diferente, o estudar se torna algo mais sério, sobrecarregando-a com obrigações que não são para sua faixa etária.

A presente pesquisa desenvolveu-se em três capítulos, conforme segue:

Capítulo I - A importância do brincar no desenvolvimento da criança: trata-se da história do brincar na história humana, o brincar e o desenvolvimento da criança de seis anos.

Capítulo II – Aspectos da legislação: uma análise dos documentos legislativos, como: Constituição, Estatuto da criança e do adolescente, Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, Lei de diretrizes e bases e sua alteração e o Currículo.

Capítulo III – Vantagens e desvantagens do ensino de nove anos: um estudo dos pontos positivos e negativos da transição da educação infantil para o ensino fundamental.


terça-feira, 7 de julho de 2020

A Literatura de Cordel e suas contribuições para o ensino desse gênero na sala de aula

Sabendo dos desafios do ensino nos dias atuais e da importância de apresentar aos alunos as diversidades de gêneros textuais, o presente artigo procura dar ênfase à utilidade da Literatura de Cordel para os alunos dos anos finais do ensino fundamental. O propósito primeiro é evidenciar que o trabalho com o gênero textual Cordel é dinâmico e capaz de despertar a criatividade dos alunos incentivando-os na tarefa de ler, recitar e escrever folhetos.

Considerando que a Literatura de Cordel já fez parte das nossas tradições, antes da chegada das mídias que nos trouxe um mundo de inovações de novidades, que nos atrai e faz com que deixemos de lado nossas próprias origens culturais, a Literatura de Cordel é de suma importância nesse resgate de nossas raízes culturais. Ela dá ênfase tanto à riqueza, quanto à expressividade da nossa cultura. Portanto, é uma maneira de despertar o senso crítico, econômico, político e histórico dessa manifestação popular.

Pensando assim, levar a Literatura de Cordel até à escola significa motivar o aluno a conhecer mais da formação cultural de nosso povo, pois o Cordel em sua temática não narra apenas ficção, mas também fatos acontecidos que retratam o cotidiano e a realidade vivida por esses cordelistas. Além do mais, pode ser utilizado como um importante instrumento no processo de incentivo à leitura com foco na oralidade, já que são fáceis de memorizá-los. Sendo o Cordel uma das mais expressivas formas da cultural nordestinas, e nós como descendentes dessa cultura não podíamos deixar essa tradição desaparecer.

Acreditando que a Literatura de Cordel é um ótimo gênero textual, visto que é dinâmico e com certeza irá promover encantamento e envolvimento dos alunos, a escola deve abrir as portas para esta experiência e conhecimento com a literatura popular como um todo, é uma conquista de maior importância.



UM POUCO DA LITERATURA DE CORDEL

O Cordel iniciou-se na Europa no século XVII e por ter uma forma editorial de baixo custo que atingia várias classes tornando-se acessível à grande parte da população. Era vendido em feiras e ainda é no Brasil, e seus autores o cantavam ou declamavam tornando o folheto mais atrativo. Os textos podiam ser em verso ou prosa, não sendo invulgar trata-se de peças de teatro, e versavam sobre os mais variados temas. Encontram-se farsas, historietas, contos fantásticos, escritos de fundo histórico moralizantes etc. O Cordel se desenvolveu em outras partes do mundo, tornando-se assim uma literatura articulada de formas diferentes. Na França este fenômeno é denominado de “Litterature de Colportage” que eram carregadas nas mochilas entre outras coisas, tais como jornais, enfeites femininos, entre outros sendo uma literatura volante de forma dirigida ao meio rural. “Já nos meios urbanos os franceses divulgavam essa literatura nos Jornais de Sátira, populares ou denominados “Canard”. Em outras regiões como Inglaterra, Holanda e Alemanha, o Cordel era semelhante àqueles nordestinos, eram também iguais na forma literária escrita na visual e suas capas traziam xilogravuras que fixavam aspectos do tema tratado.

No Brasil, a Literatura de Cordel chegou com os portugueses e permanece até a presente data no nordeste brasileiro e em outras regiões do país, tomando a forma de uma literatura confeccionada pelo povo e para o povo, com características próprias, possuindo seus próprios clássicos e mestres. Ela começa a traçar caminhos até se firmar na luta pela resistência e formação da identidade cultural do povo sertanejo e brasileiro. São vários os ciclos que esta literatura popular percorreu até a sua chegada no Brasil. Inicialmente introduzida como literatura colonial, trazia um retrato da metrópole portuguesa com temas europeus, que narravam epopeias de bravuras e conquistas. Posteriormente passou a ter influência das etnias existentes no Brasil, indígena e africana, com grande tradição na oralidade. Posteriormente, foi identificada com o cancioneiro nordestino que também fazia uso da tradição oral e expressava a sua poética nas emboladas, hoje conhecido como repente.

Com a chegada da tipografia no Brasil e posteriormente com a sua popularização, a literatura de cordel passou a ser produzida em uma escala considerável, pois no final do século XIX ocorreram algumas práticas de editoras localizadas, principalmente, nas regiões norte e nordeste. As referidas editoras se especializaram na produção de publicações populares direcionadas para o público de baixo poder aquisitivo, aumentando a sua tiragem e consequentemente a sua circulação.

Essa produção preservou as características originais impressa em folhetos e com harmonização poética, porém com conteúdo regional, onde passou a abordar fatos do cotidiano nordestino. Assim, dá-se início a um novo ciclo da literatura de cordel, agora como crônica poética de fatos cotidianos. O processo musical e poético que ocorre nas estrofes de cordel e os desafios caracterizados por textos declamados rapidamente sobre notas repetidas indica a busca por uma identidade.

O Cordel apresenta diferentes temas, assim como as produções da esfera literária em verso. No entanto, podem-se destacar algumas temáticas:

 Cordéis cômicos ou satíricos – abordam questões da vida humana na forma de denúncia social, religiosa ou fatos do cotidiano;

 Cordéis que tratam de temas políticos, comentando ações do governo em geral;

 Cordéis que falam de amor e fidelidade, com destaque para os amores proibidos ou maridos bem-sucedidos e enganados; nota-se que são cordéis marcados pelo heroísmo masculino e pela traição;

 Cordéis que recontam histórias da literatura universal ou apresentam lendas folclóricas, assim como bichos com características humanas;

 Cordéis que apontam para a questão religiosa, discutindo a ideias do castigo divino, do corretivo do desvio de conduta, da violência e da descrença em Deus; há forte presença dos elementos religiosos na Literatura de Cordel.

 Cordéis do ciclo social – trazem como tema central a organização da sociedade patriarcal, o cangaço, as injustiças que favorecem o banditismo social, as secas periódicas em algumas regiões do Nordeste; o foco temático é o drama humano e social;

Enfim, no Brasil, Cordel é sinônimo de poesia popular em verso. As histórias de batalhas, amores, sofrimentos, crimes, fatos políticos e sociais do país e do mundo, as famosas disputas entre cantadores, fazem parte de diversos tipos de textos em versos denominados Literatura de Cordel. Como toda produção cultural, o Cordel vive períodos de fartura e de escassez. Hoje existem poetas populares espalhados por todo país, vivendo em diferentes situações, compartilhando experiências distintas. Portanto a Literatura de Cordel é de inestimável relevância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro.

LITERATURA DE CORDEL – TRADIÇÃO ORAL E ESCRITA

A literatura de Cordel também conhecida no Brasil como folheto é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originada em relatos orais e depois impresso em folhetos. O folheto é o principal suporte de circulação, sempre com número de páginas múltiplos de quatro e em pequeno formato. Circula por várias cidades do Nordeste por meio de vendedores ambulantes, nas feiras e nas ruas do comércio. É possível encontrar coletâneas de cordéis em livros e em sítios especializados.

O gênero Cordel configura-se por trabalhar a oralidade do aluno visto que esta habilidade é aperfeiçoada na escola, muito embora o aluno já chegue à escola sabendo se comunicar, mas é necessário desenvolver no mesmo atividades que favoreçam o gosto por textos em que se exercita a oralidade. Segundo Porto (2009)

 [...] No processo de ensino-aprendizagem da língua, o professor deve promover situações que incentivem os alunos a falar, a expor e debater suas ideias, percebendo, nos diferentes discursos, diferentes intenções. Deve promover ainda atividades que possibilitem ao aluno tornar-se um falante cada vez mais ativo e competente. [...] o professor deve planejar e desenvolver um trabalho com a oralidade[...] (p. 22).

A leitura oral pode representar de início uma dificuldade tanto para o professor quanto para os alunos. No entanto, a Literatura de Cordel facilita a desenvoltura e o aprendizado dessa modalidade devido seu ritmo e da aproximação da poesia popular com os acontecimentos reais e por ser de uma linguagem próxima do cotidiano do aluno. Além do mais, a leitura oral de Cordéis possibilita também que os alunos percebam a beleza da cultura popular através da experiência concreta de leitura das mais variadas obras em vez de se apegar a modelos teóricos que futuramente são facilmente confrontados com outros estudos.

Vale salientar que o próprio gênero Cordel surgiu da modalidade oral. Ele possui um caráter fortemente oral tanto na composição quanto na transmissão. Na década de 1920, os contadores em geral se agrupavam nas casas-grandes ou em residências urbanas organizando festejos para participarem de desafios (denominados peleja) ou contar versos próprios ou alheios.

O folheto impresso demorou a surgir porque esses poetas escreviam suas composições em tiras de papel ou em cadernos, mas não tinham a intenção de publicá-los como folhetos. No entanto, por volta de 1930 a publicação de folhetos passou a ganhar grande relevância. Muitos desses poetas após conseguirem editar e vender seus folhetos, passaram a se dedicar mais à produção de seus versos e assim se organizaram os Cordéis que hoje temos acesso nos mais variados temas.

Analisando essas modalidades orais da poesia popular e aproveitando os tão diferentes temas que são tratados nos folhetos, o Cordel deve ser uma das opções de leitura na sala de aula. Para isso, é preciso ressaltar que do mesmo  modo que os Cordéis nasceram na oralidade, necessitam também ter uma realização oral adequada. Restringir o folheto à leitura silenciosa é limitar seu poder de comunicação e enfraquecer sua recepção e aceitação.

Para isso é preciso dar voz ao folheto de Cordel em sala de aula. Sobre essa metodologia de leitura. (Pinheiro apud Lima, p.6) declara que:

Nossa perspectiva busca enfatizar o folheto como Literatura - e não meramente como informação, jornalismo e outras abordagens de caráter pragmático. Qualquer que seja a escolha, um aspecto precisa ser reforçado: o folheto é para ser lido. Ele pede voz. A sala de aula nos parece bastante adequada para a vivência da leitura de folhetos, uma vez que poderá ser transformada num lugar de experimentação de diferentes modos de realização oral. (PINHEIRO, 2007, p. 39). 

Logo, a leitura oral se faz necessária na sala de aula para que os alunos tenham contanto com os mais diversos textos literários e não apenas como informação sobre a literatura e seus períodos, mas sobre textos de literatura popular, que contribua assim para tornar o aluno um leitor reflexivo a partir da experiência com as mais variadas maneiras que o homem usa para narrar seus sentimentos e seus conflitos sociais.

Portanto, a oralidade deve ser usada, avaliada progressivamente, devendo sempre considerar: a participação individual do aluno, a sua exposição, a fluência de sua fala, a participação organizada, o seu desembaraço e as suas contribuições.E ainda, de acordo com Porto (2009) “saber escutar com respeito os mais diferentes tipos de interlocutores é fundamental. Se não houver ouvinte, a interação não acontece”. Logo, é preciso desenvolver nos alunos a competência de saber escutar o outro, o que favorece, inclusive, a convivência social. 

Somos de tal maneira ligados à língua escrita que se torna muito difícil imaginar a vida fora do mundo colocado no papel. Mas na antiguidade a forma que encontravam para preservar suas histórias, suas tradições e sua cultura era a memória e para fazer com que essas histórias chegassem até as pessoas era através da oralidade. 

Pode parecer surpreendente, mas a escrita é uma invenção recente que data de 5.000 anos, mesmo depois de sua invenção, precisou de um tempo para  que os homens se acostumassem com essa nova tecnologia. Além de tudo isso, uma das formas mais antigas das gerações maduras passarem ensinamentos para as gerações mais novas é pela contação de histórias, muito usual nas sociedades sem escritas e sem escola. O Cordel surgiu, justamente dessa classe do campo que buscava através dos trovadores maneira de retratar seus amores, seus sofrimentos e sua ambições.

O GÊNERO TEXTUAL CORDEL NA SALA DE AULA

Uma das formas de mediação do ensino da linguagem ocorre por meio dos gêneros textuais. De acordo com Marcuschi (2008)

 Os gêneros textuais são textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativo característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas. (MARCUSCHI, 2008, p. 155).

Portanto, cada gênero tem suas particularidades para cumprir as suas funções comunicativas. Assim, diante dessas vastas especificidades e utilidades dos gêneros textuais tendo como objetivo orientar e direcionar o trabalho do professor com a linguagem na sala de aula. Porque é na escola que o professor deve procurar trabalhar com a diversidade de gêneros textuais tratando cada um de acordo com as condições materiais de que o aluno dispõe fora da escola, ou seja, devem ser levado em consideração as condições socioeconômicas do aluno. Como bem aborda os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998, p. 71), “Formar leitores é algo que requer condições favoráveis, não só em relação aos recursos materiais disponíveis, mas, principalmente, em relação ao uso que se faz deles nas práticas de leitura”.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais enfatiza que para formar leitores é necessária a junção de vários recursos e, principalmente como será conduzido o trabalho com o gênero textual em estudo, pois apenas ler e fazer interpretação não leva o aluno a reconhecer a verdadeira importância e a função social da leitura e da produção de diversos gêneros textuais.

Por conseguinte, é necessário o domínio dos gêneros, quanto maior for sua competência, melhor será seu desempenho, o que lhe permite prever quadros de sentidos e comportamentos nas diferentes situações de comunicação com que se depara cotidianamente. Esse conhecimento possibilita de antemão a melhor escolha de vocabulário para a ocasião e ainda a adequação de uma prática social.

No que diz respeito ao trabalho com a Literatura de Cordel na sala de aula se dar devido a grande proporção que a cultura popular tem na sociedade, já que a Literatura de Cordel é conhecida como patrimônio histórico e cultural do povo nordestino e brasileiro. A utilização do Cordel no ambiente escolar deve explorar todas as possibilidades de sentidos oriundos do texto como as vozes sociais que tratam de vários temas.

Logo, o Cordel como gênero do discurso contribui na formação do aluno possibilitando o domínio de outros conteúdos. O professor poderá mostrar as variantes regionais, o conceito de moralidade e de religiosidade do povo brasileiro, despertar nos alunos interesse pela criação de poemas, conduzi-los para que conheçam e compreendam como é retratada a realidade nesses poemas. De acordo com Marinho e Pinheiro (2012):

 Experiências culturais fortes e determinantes de grandes obras artísticas como o Cordel – seu valor não está apenas nisto – estão praticamente esquecidas e a escola pode ser um espaço de divulgação destas experiências. Sobretudo mostrando o que nelas há de vivo, de fervescente, como ela vem sobrevivendo e adaptando-se aos novos contextos socioculturais. Como elas têm resistindo em meio ao rolo compressor da cultura de massa (p. 128).

Os autores deixam claro que se faz necessário procedimentos metodológicos que orientem o trabalho com o Cordel terá que favorecer o diálogo com a cultura da qual o aluno emana e poderá buscar novas vivências e conhecimentos, além do mais propiciar ao mesmo conhecer a contribuição do Cordel na formação do povo brasileiro. 

Autores como Marinho e Pinheiro (2012) apresentam algumas sugestões para o trabalho com a literatura de Cordel: atividades envolvendo toda a escola podem ser realizadas, uma boa estratégia é a realização de uma Feira de Literatura de Cordel. A Feira pode ser realizada em uma tarde, uma amanhã, durante um dia; por exemplo, ser uma atividade específica, mas também figurar dentro de uma semana cultural, artísticas etc. Ela pode compreender diferentes atividades:

 Folheteiros vendendo seus folhetos; 
 Emboladores e violeiros cantando, fazendo desafios, improvisado; 
 Exposição de xilogravuras e de folhetos antigos e/ou novos; 
 Murais com reportagens sobre cordelistas e literatura de cordel em geral; 
 Palestras e oficinas de criação de poemas de cordel, realizadas por poetas locais.

A feira pode conter outras atrações. Tudo dependerá de como o trabalho será feito, como os alunos foram estimulados e das considerações materiais para trabalhar, assim como da própria inventividade. O mais importante de tudo isso é que a Literatura de Cordel seja percebida como uma produção cultural de grande valor e que precisa ser conhecida, preservada e cada vez mais integrada à experiência de vida de nossas gerações. Portanto, muitas são as possibilidades do trabalho com o gênero Cordel na sala de aula. 

Para finalizar, o trabalho com a Literatura de Cordel na modalidade oral segundo Gomes-Santos (2012): 

[...] é importante compreender melhor a natureza da exposição oral porque, ela assume na escola uma dupla função: é ao mesmo tempo, um instrumento de trabalho do professor – afinal, grande parte das atividades de ensino é organizada por meio de exposições orais – e uma tarefa escolar importante a ser realizada pelo aluno – de transmitir aos outros os conhecimentos aprendidos (p. 10).

Dessa maneira, é possível afirmar que o ensino e a aprendizagem da oralidade ultrapassam os limites da sala de aula. Levando o aluno a ser sujeito ativo no meio em que vive e a escola exercendo sua função social.

 CONCLUSÃO

De acordo com o que já foi dito anteriormente, o Cordel é uma atividade
de contar histórias que vem desde a Idade Média e, no Brasil, é muito mais difundido na região nordeste do que em outras partes. Nesses textos, um narrador, geralmente anônimo, conta suas experiências para transmitir um ensinamento moral, uma sugestão de vida. O anonimato, no entanto, foi uma característica histórica que ao longo do tempo foi se perdendo e hoje não é mais tão relevante. Todavia cabe à escola trazer esse tão importante texto de volta para que os alunos conheçam, pois para valorizar eles precisam conhecer e compreender seu valor cultural e social.

A escola deve ampliar as experiências de trabalho com a Literatura de Cordel e proporcionar aos alunos entrarem em contanto com essa literatura, é justamente um alerta para o fato do multiculturalismo e não ficarem presos a formas literárias, bem como conhecerem um pouco do seu país e de sua cultura. Além disso, o Cordel com seu lirismo e marcas filosóficas são motivadores para se adquirir e desenvolver o prazer que a leitura traz, com toda a tecnologia ao alcance se faz necessário tornar a sala de aula agradável, com materiais que façam a diferença no ensino aprendizagem.

Diante disso, o maior desafio é dar continuidade ao processo de resgate da Literatura de Cordel que não tem um lugar tão especial na escola. Por conseguinte levar a Literatura de Cordel para a sala de aula é contextualizar o aluno no meio social, é confirmar que o Cordel faz parte da identidade não somente do povo brasileiro. Assim, é sempre importante ressaltar, que a sociedade contemporânea não valoriza a cultura popular, deixando-a a margem do processo educativo, mascarando por vezes, sua riqueza, esta perdida no tempo e no esquecimento.

 Enfim, o Cordel se apresenta como um importante instrumento para o aprendizado, devido a sua linguagem peculiar e as suas vozes sociais presentes que representam uma parcela da cultura brasileira. A Literatura de Cordel possui seu valor que pode ser comparado com a literatura considerada clássica. Pois têm escritores consagrados, que também escreveram sobre os problemas de miséria do sertanejo e até dos cangaceiros. Além de tudo que foi dito, o trabalho com a Literatura de Cordel na sala de aula com incentivo à leitura, em um mundo cercado de tecnologias, fazer uso de textos considerando “extintos” se torna um grande desafio para os professores, e ao mesmo tempo permite que o mesmo trabalhe na sala de aula no desenvolvimento das competências leitoras dos alunos.

Acreditando que os poetas na escola se formam a partir de uma ampla e significativa experiência de leitura e se a escola contribuir com esta formação estará cumprindo seu papel.


segunda-feira, 6 de julho de 2020

Jogos e brincadeiras auxiliam no processo de alfabetização e contribuem para uma aprendizagem divertida

Os jogos e as brincadeiras são a essência da criança e, utilizá-los como ferramentas no cotidiano escolar, possibilitam a produção de seu conhecimento, sua aprendizagem e seu desenvolvimento. No processo de alfabetização, o jogo garante a possibilidade da descoberta das palavras em atividade lúdica, no ambiente de aprendizagem prazeroso e motivador.

Ao construírem essas atividades, além de promoverem a socialização e desenvolverem a criatividade, os alunos trabalham também a coordenação motora, a expansão e o aprimoramento do vocabulário, bem como a utilização correta da grafia das palavras.