A transformação dos educandos em sujeitos que constroem saberes requer ambientes pedagógicos que possibilitem a análise crítica, o debate coletivo, a elaboração de hipóteses de trabalho e a curiosidade . O modelo interacionista constitui-se numa maneira de ver a educação, bem como numa busca de novos patamares interpretativos necessários para reavaliar o fazer pedagógico com o objetivo de transformar o ato de educar. Nesse sentido, os conhecimentos sobre o funcionamento cerebral, bem como o desenvolvimento de redes neurais podem abrir um campo de possibilidades e aplicações práticas na área pedagógica, contribuindo para elaboração de metodologias afinadas com os processos de construção do conhecimento.
Os textos sobre o cérebro sempre enfatizam sua complexidade, porém por mais que o possamos explicar e compreender, isto não bastará para a compreensão de todo o ser humano. Não podemos ser reduzidos ao organismo biológico e ele é mais do que um cérebro. O objetivo deste texto não será o de reduzir o ser humano aos seus aspectos biológicos, mas sim refletir sobre as bases biológicas da inteligência, especialmente sobre alguns aspectos do desenvolvimento e funcionamento cerebrais para um melhor aproveitamento de suas possibilidades, na construção do conhecimento. Construímos
conhecimentos e nos desenvolvemos inseridos em um contexto complexo que possui componentes biológicos, psicológicos e sociológicos. Somos sempre o resultado de uma interação entre estes três elementos.
Vivemos em um mundo complexo, onde mesmo uma atitude simples é influenciada por estes três aspectos. Por exemplo, ao olharmos para uma escada, não vemos apenas ela em si mesma, vemos algo em que podemos subir, que exigirá um certo esforço e isto nos traz sensações. Em outras palavras, mesmo ao olharmos para um objeto bem simples, teceremos considerações que dependem da nossa experiência particular, a qual é o resultado da forma como interagimos com nosso contexto. Os fatos e coisas que "somos capazes de perceber" dependem daquilo em que nos tornamos. O ato de olhar não se refere somente ao sentido biológico da visão, não depende apenas do funcionamento dos olhos e do córtex visual, mas envolve todo o ser humano, seu interesse, sua energia e se constitui em uma das formas de ação do sujeito sobre o meio. Ao contemplarmos não assumimos uma atitude passiva, mas sim ativa. Para todas as demais ações humanas conscientes é possível identificar a mesma complexidade.
Nosso aspecto biológico é essencial, mas não é suficiente. Embora o cérebro possa ser considerado como a sede biológica do conhecimento, a compreensão sobre o desenvolvimento cerebral, isoladamente, não pode explicar toda a inteligência humana. Em geral se acredita que a inteligência depende das informações que chegam ao nosso cérebro. Porém as informações não chegam diretamente ao cérebro, elas são captadas por algo que vão além da janela dos sentidos, ou melhor, pelos sujeitos complexos e não apenas pelos seus orgãos receptores. Os estados emocional e físico destes sujeitos afetam sua capacidade de percepção, sob este aspecto, a inteligência dependerá de todo o sujeito em interação com o seu meio. Todavia, o cérebro se não é suficiente é essencial. Para discorrer mais sobre este tema usemos o exemplo das afasias (dificuldades da fala), que resultam de alguma lesão nas regiões que controlam os processos da fala no cérebro. Dependendo da localização da lesão serão afetadas características específicas. Exemplificando: a afasia localizada na Área de Broca cria dificuldades de falar, mas não entender; já a afasia localizada na Área de Wernicke resultará numa pessoa, que utilizará um pequeno número de palavras, mas com conteúdos específicos.
Esses exemplos salientam a importância da nossa base biológica para a linguagem falada, porém se o sujeito não estabelecer interações sociais sua fala não se estruturará, mesmo que seu cérebro esteja em perfeitas condições. Por sua vez, as interações sociais dependem de aspectos emocionais tais como o afeto, a segurança, a confiança e a alegria. Todavia, mesmo que o cérebro, isoladamente, não explique toda a inteligência humana o conhecimento sobre o seu desenvolvimento pode contribuir para o estabelecimento de práticas educativas, que aproveitem melhor suas características e possibilidades, favorecendo as aprendizagens. Dentre os aspectos do desenvolvimento cerebral
pode-se destacar os períodos críticos. Chamam-se de períodos críticos as fases de desenvolvimento das diferentes regiões cerebrais. Ou seja, o córtex cerebral é o responsável pelo processamento do pensamento, da memória e do raciocínio e pode ser dividido em diferentes regiões, que processam aspectos diferentes da informação que chega ao indivíduo.
Voltando ao exemplo da escada, pode-se dizer que a sua imagem é captada pelos olhos e é formada no córtex visual, o qual se situa na região posterior do crânio. O nome "escada" é dado ao objeto pelos neurônios do córtex da linguagem, que se situa na região lateral de cada hemisfério cerebral, acima das orelhas. A idéia da utilidade da escada e o esforço necessário para subi-la são formados em outras regiões cerebrais, denominadas zonas de associação. As emoções envolvidas são processadas no sistema límbico. Porém, todos estes eventos são de tal forma interligados e rápidos que parecem simultâneos. A "geografia" da organização e do funcionamento cerebrais pode ser comparada à organização e funcionamento de uma orquestra sinfônica. Da mesma forma que o cérebro, uma orquestra é dividida em regiões, cada qual com seus instrumentos específicos (as cordas, os metais, os instrumentos de sopro, os de percussão, etc.). A música que escutamos é o resultado do conjunto de instrumentos que estão sendo tocados a cada momento e soam em uníssono.
A diferença entre o cérebro e a orquestra reside no fato de que as regiões cerebrais não são formadas todas simultaneamente, nem com a mesma velocidade, durante o desenvolvimento dos sujeitos. A semelhança é que assim como os sons extraídos dos instumentos não dependem somente deles, mas de quem os está tocando, os períodos críticos não desencadeiam o desenvolvimento cerebral sem que haja interações entre os sujeitos e o meio, podendo resultar bastante diferente de sujeito para sujeito. Durante os períodos críticos, determinadas regiões do cérebro apresentam maior atividade cerebral do que as outras e se tornam mais sensíveis aos estímulos que deverão processar. Ao receberem os estímulos adequados se desenvolvem mais intensamente do que outras áreas, porém caso não recebam estímulos não se desenvolverão.
Nesse aspecto, queremos ressaltar a importância dos jogos e brincadeiras infantis para o desenvolvimento cerebral, pois o interesse e envolvimento das crianças menores em idades pré-escolares dependem mais da afetividade do que da racionalidade, uma vez que esta última ainda está sendo construída e as interações culturais somente vão desempenhar um papel mais marcante após o realizando atividades que a estimulem mais, as funções dependentes dela serão mais facilmente apropriadas e aproveitadas pelos sujeitos. Em outras palavras, ao realizarmos as ações correspondentes a cada região cerebral, durante seu período crítico, estimularemos o seu desenvolvimento e ela tornar-se-á melhor aparelhada para as necessidades do indivíduo.
O termo, período crítico, também indica que há um determinado tempo para cada região se desenvolver, tempo este que, em geral, dura mais do que alguns meses na espécie humana e pode, em alguns casos, como da formação da memória e do raciocínio, durar a vida inteira. Porém, algumas habilidades importantes como a visão e a linguagem, dependem de regiões cerebrais cujos períodos críticos iniciam e terminam ainda na infância, por este motivo algumas atividades pertinentes aos processos educativos podem desempenhar um papel importante no desenvolvimento biológico dos sujeitos.
Por exemplo, a região cerebral que controla a visão se desenvolve do nascimento até os dois anos de idade. Se uma criança nascer com catarata e não for operada antes de completar dois anos, ficará cega para sempre, mesmo que seja operada, pois findando o período crítico o córtex visual não se desenvolverá mais. Nesta fase é importante estimular atividades visuais e para isto se podem utilizar brinquedos que variem quanto a forma e a cor, bem como realizar brincadeiras com os jogos de encaixe. À medida que a coordenação motora vai se aperfeiçoando, estes brinquedos devem ir gradativamente apresentando novos desafios visuais e motores como os jogos de montagem de objetos maiores a partir de peças menores, atividades de desmontar e remontar brinquedos, desenho e pintura (rabiscos), entre outros.
Outro período crítico importante a ressaltar é o da fala que se desenvolve a partir de um ano e oito meses até os doze anos de idade . Embora a maioria das crianças exercite princípios da fala antes dos 1,8 anos, não significa que as crianças que não o fazem tenham problemas, mas é sempre bom verificar se elas escutam bem. Neste período é necessário que se aprenda uma linguagem, caso contrário esta região cerebral não se desenvolve. Embora outras regiões possam ser usadas para desenvolver uma linguagem, ela não será estruturada, não terá fluência. Por outro lado, durante o período crítico da região da fala é mais fácil aprender uma língua estrangeira que se tornará "natural" para a pessoa. Além desse período as línguas estrangeiras aprendidas utilizarão elementos da região da fala, mas necessitarão de outras regiões cerebrais e não parecerão naturais.
Durante o período crítico das regiões cerebrais que controlam a linguagem é importante a realização de "brincadeiras" fonéticas, bem como atividades que exijam movimentos "balísticos", ou seja movimentos rápidos que uma vez iniciados não possam mais ser consertados. Exemplos de movimentos balísticos são o martelar, o rebater de uma bola com uma raquete ou um taco, o lançamento de projéteis com as mãos. Como este período crítico é bastante extenso durando até o final da infância por volta dos onze anos de idade, estas atividades devem ir sendo adequadas ao desenvolvimento psicomotor dos sujeitos. Nas primeiras fases do desenvolvimento os movimentos balísticos podem ser treinados com chocalhos, mesmo antes do início desse período crítico. Mais adiante se pode usar o lançamento de bolas em determinada direção e depois o lançamento de dardos (existem brinquedos de jogo de dardos adequados às crianças menores, que não oferecem riscos).
O objetivo da linguagem é a comunicação, logo as brincadeiras e jogos infantis devem se dirigir para atividades que envolvam comunicação, logo as brincadeiras e jogos infantis devem se dirigir para atividades que envolvam entre os sujeitos. Nos primeiros anos de vida as crianças não se interessam muito por brincarem umas com as outras, mas gostam muito de ouvir estórias e isto se constitui num dos principais estímulos para o desenvolvimento cerebral nessa fase. À medida que crescem os sujeitos devem aumentar o seu envolvimento com as estórias, isso pode ser feito através de brincadeiras e jogos que desafiem à imitação, à representação e à criação de novas estórias. Ao escolhermos os jogos e brincadeiras infantis devemos ter em conta sempre que não se pode ensinar qualquer coisa em qualquer tempo às pessoas enquanto elas não dispuserem de estruturas para se apropriarem de determinados conhecimentos. Por outro lado, em alguns casos como o córtex visual e da linguagem, finalizando o período crítico para o desenvolvimento de certas habilidades específicas, o aprendizado "cerebral" não será mais possível, ou seja, os neurônios dessa região cerebral não se desenvolverão mais.
Outra característica básica do desenvolvimento cerebral é a necessidade de "reforço" dos estímulos, ou seja, da repetição das atividades. Esta é uma característica que se mantém ao longo de toda a vida dos sujeitos, porém durante a infância o número de repetições deve ser maior. Quando trabalhamos o conhecimento através de experiências práticas, é fundamental que deixemos as crianças descobrirem o que está acontecendo. Se elas não descobrirem tudo o que queremos, não devemos nos apressar, podemos deixar para repetir o experimento mais tarde, depois de alguns dias ou mais, quantas vezes forem necessárias, pois para elas cada descoberta não será uma repetição, mas algo totalmente novo. Ao não aproveitarmos as etapas do desenvolvimento cerebral, desenvolvendo jogos e brincadeiras que auxiliem este processo, deixamos que se percam capacidades que facilitariam as aprendizagens dos sujeitos.
A importância das interações entre os sujeitos e o meio pode ser ressaltada ao analisarmos algumas anomalias biológicas graves como a Síndrome de Sturge-Webwe, uma anomalia congênita de má formação vascular do cérebro, que prejudica o fluxo do sangue, afetando a oxigenação e a nutrição do cérebro. Esta má formação vascular pode gerar convulsões e retardamento mental. Neste caso, dependendo do tamanho da área cerebral lesada, somente com tratamento cirúrgico o problema pode ser resolvido. Por estranho que possa parecer, através de procedimentos que duram, em média, dez horas, as cirurgias empregadas envolvem a retirada de um dos hemisférios cerebrais e são chamadas hemisferotectomia. Um caso intrigante é o de um garoto inglês que aos oito anos de idade falava com vocabulário restrito, sua gramática era precária e ele ainda estava na fase de aprender novas palavras e de se atrapalhar com frases mais complexas. Devido à falta de irrigação sanguínea, o funcionamento normal da porção esquerda de seu cérebro, onde estão justamente as áreas chamadas de Broca e Wernicke, tinha sido inibido. Ele só conseguia dizer "mama" e emitir sons compreendidos apenas para sua mãe, mas a sua capacidade de desenvolvimento da linguagem após a cirurgia foi impressionante.
Este menino foi submetido a hemisferotectomia às vésperas do nono aniversário, para se curar das convulsões que vem da epilepsia associada à síndrome de Sturge-Weber e começou a falar aos dez anos como uma criança de três. Em seis anos adquiriu conhecimentos linguísticos que uma criança normal demoraria sete para aprender. Este fato revela a surpreendente capacidade de adaptação do cérebro, o seu poder de transferir uma função originária de uma determinada região cerebral para outra. Esse mecanismo de compensação não é igual durante toda a vida, quanto maior a idade do paciente, menor a possibilidade de adaptação cerebral. Se uma pessoa de trinta anos retirar três centímetros da área de Broca nunca mais voltará a falar, porém se for retirado o hemisfério esquerdo inteiro de uma criança de três anos, em pouco tempo ela recuperará a fala. Isto ilustra a capacidade que o cérebro humano tem de se adaptar a situações novas nas primeiras fazes do desenvolvimento infantil.
Outro exemplo é de uma menina de quem foi retirado o hemisfério cerebral direito para curá-la de intensas crises convulsivas. Quando nasceu, esta menina parecia normal e saudável, a não ser por certa marca vermelho-púrpura que se estendia da pálpebra direita pela testa até a parte de trás da cabeça. Mais tarde seus pais descobriram que a mancha chamada de "Vinho do Porto" não era simplesmente um problema estético, pois estava associado à Síndrome de Sturge-Weber. Com o passar do tempo, começaram as convulsões, cada vez mais frequentes, que deixavam sequelas cada vez maiores. A menina chegou a ponto de ter dificuldade de ficar em pé. Raramente falava e, quando o fazia, ela apenas balbuciava alguns monossílabos. Não conseguia pronunciar a palavra toda. Com quatro anos foi submetida à cirurgia. O médico ficou assustado como emaranhado de vasos anormais que atingiam a superfície, em vez de matéria firme, branca e cinza, o lado direito do cérebro parecia uma massa de gelatina de morango. Através da hemisferectomia, foram removidas regiões cerebrais que concentram muitas funções sensoriais e cognitivas. Mesmo assim, após a cirurgia, o seu nível de inteligência elevou-se rapidamente, quando o lado esquerdo absorveu as funções do direito. Três semanas após a cirurgia, a menina já falava mais do que em toda a sua vida. Estes dois casos comprovam que o aparato biológico é necessário ao desenvolvimento cognitivo. Portadores de síndromes que causam uma má formação cerebral não conseguem desenvolver as atividades que costumamos designar como inteligentes. A intervenção cirúrgica devolveu a eles a possibilidade de dispor de uma estrutura biológica capaz de reagir às interações sociais, mas nos dois casos citados não se pode ignorar que havia alguma forma de comunicação entre as crianças e seus pais, ou seja, havia interação social e isto também foi essencial para recuperação.
Quando pensamos em educação infantil temos que lembrar que nos primeiros anos de vida o desenvolvimento biológico segue determinados caminhos e ritmos, como salienta Piaget. Os bebês e crianças pequenas são muito semelhantes, mesmo tendo nascido em países com culturas bem diferenciadas. Desse modo, os primeiros anos de educação devem primar em criar condições que ajudem o desenvolvimento biológico e cerebral. Para isto deve-se ter em conta que o desenvolvimento da motricidade e o aspecto lúdico das atividades são essenciais. Também as questões relacionadas ao bem-estar físico não podem ser negligenciadas, pois uma criança cansada, com fome ou amendrontada se fechará para o mundo e não aprenderá.
Em resumo pode-se dizer que o princípio da aprendizagem depende da confiança que a criança deposita nos educadores e isto depende da cultura destes educadores, de como eles vêem a criança. Quanto mais soubermos sobre o significado da construção do conehcimento mais poderemos criar as condições necessárias ao desenvolvimento cognitivo. Quanto mais soubermos sobre os diferentes assuntos mais facilmente poderemos explorar os aspectos lúdicos relacionados aos diferentes conteúdos. O verbo educar, na infância, pode ser traduzido como: brincar de um jeito especial. Antes do saber vem o prazer. Assim quando uma criança resolve um problema, como a montagem de uma quebra cabeças, por exemplo, ela sente prazer e este é o início do conhecer, pois somente depois de várias montagens é que ela passa a entender o processo.
A construção do conhecimento se dá pela contínua interação dos sujeitos como o meio. Nos primeiros anos de vida o número de vezes que uma pessoa deve repetir uma operação para construir o conhecimento é maior, com os anos isto vai diminuindo. Todavia, mesmo um adulto quando retoma o estudo de algum tema sempre reaprenderá algo novo, que está ali, mas não era visto. Os exemplos citados sobre remoção cirúrgica de um hemisfério cerebral inteiro e a posterior recuperação dos pacientes não podem ser reduzidos aos procedimentos médicos, pois se não houvesse estímulos do meio, que proporcionassem o desenvolvimento de outras redes neurais compensatórias, o desenvolvimento das habilidades desses sujeitos acabaria por não acontecer da mesma forma. Por outro lado, eles demonstram a incrível plasticidade cerebral durante os primeiros anos de vida e destacam a seriedade dos jogos e brincadeiras infantis. Uma criança brincando é uma criança que está se desenvolvendo e aprendendo melhor, bem como, criando maiores possibilidades para a vida adulta, não está apenas "passando o tempo", está ganhando tempo.
O conhecimento sobre o desenvolvimento do cérebro e a construção de redes neurais nos leva a compreender que a nossa estrutura pode ser melhorada, mudada, curada e desenvolvida.
Nesse contexto, conhecer é interagir para viver melhor, é lutar contra a passividade mesmo diante de
problemas orgânicos, é desconfiar que as doenças podem ser traduzidas como necessidades especiais e podem se constituir em novas capacidades que o organismo tem para criar outras formas de estruturação. O funcionamento cerebral e construção de redes neurais constituem um dos problemas das neurociências, ainda precisam ser minuciosamente estudados, detalhados e conhecidos para, a partir deles, os educadores poderem embasar suas ações práticas, extrapolando, criando, transcendendo essa mesma teoria para posteriormente registrá-la teoricamente.
Aos educadores interessa conhecer o cérebro em relação às suas estruturas, limitações e períodos críticos de desenvolvimento afim de alterar e melhorar, através de sua prática pedagógica, as condições de vida dos sujeitos, tornando este conhecimento útil ao ser humano, para que ele seja mais feliz. Construir conhecimento é aprender conjuntamente, não se ensina nada a ninguém, não se diz o conhecimento, devemos vivê-lo com os educandos e aprender com eles, através de suas dificuldades encontramos desafios para novas descobertas pedagógicas e isto requer sempre a busca teórica. Ao observar as brincadeiras e jogos infantis com interesse podemos descobrir mais sobre o ato da descoberta. Esta é uma contribuição que artigo pretende ao aprofundar conteúdos que podem qualificar a prática pedagógica. Aprende-se com o corpo inteiro, o conhecimento não é algo que pode entrar todo pelos nossos olhos, pois não está nas coisas ou nas pessoas em si, mas resulta da interação dos sujeitos com estas coisas e pessoas, com o seu mundo. Através dos jogos e brincadeiras é que se estabelecem estas interações na infância, por isto eles são atividades muito sérias.