Uma pequena fresta de luz, um arco íris refletido na parede ou a própria sombra podem deixar uma criança intrigada e convidá-la a investigar as causas desses instigantes fenômenos.
Você pode começar por observar quais são os horários e espaços em que o sol aparece em sua casa e convidar as crianças a brincar.
Você pode separar uma lanterna e alguns objetos translúcidos, tais como copos de acrílico e garrafas pets coloridas ou com água e corante alimentício. Ao relacionarem esses materiais com o foco de luz, as crianças têm a possibilidade de observar a passagem ou não da luz e a transformação da cor dos objetos.
Feixes de luz
sobre CDs que não
estejam mais em uso
formam arco-íris. Pode ser
luz artificial, como a luz de lanternas, ou luz natural,
como a luz do sol.
O arco-íris que vemos no céu nasce de um encontro entre a luz do sol e as gotas de chuva, e é por isso que ele só aparece se tiver chuva caindo e sol brilhando ao mesmo tempo.
A luz do sol, que é branca, é feita de todas as cores. Mas, para que as cores sejam separadas, é preciso que a luz encontre a água.
Não só a luz do sol, mas a luz branca de uma lanterna, por exemplo, é a mistura de muitas cores.
Os Cds são bons instrumentos para nos ajudar a ver as cores presentes na luz. Se você tiver um, coloque-o perto de uma janela, ou sobre qualquer superfície em que haja incidência de luz. Você vai ver muitas cores, as mesmas cores presentes no arco-íris, do vermelho ao azul. Isso acontece porque a luz comum do dia-a-dia é essa mistura de cores, que as trilhas de um CD conseguem separar.
Observar estas diferenças pode ser um primeiro passo interessante: as cores que vemos são fruto de uma relação entre a luz e o CD. A posição do CD em relação à incidência da luz e a nossa posição em relação ao CD e à luz produz diferenças.
Se eu me movimento diante do CD, que cores vejo? Como elas aparecem?
Se eu movimento o CD, que cores vejo? Como elas aparecem?
Em quantas posições diferentes o CD pode ser colocado?
Quais resultados essas diferentes posições podem produzir?
Como as cores aparecem no CD?
A luz natural produz efeitos diferentes da luz artificial?
A luz de led produz as mesmas cores quando em contato com o CD?
Podemos refletir as cores que aparecem no CD em outra superfície?
O que temos que fazer pra conseguir isso?
Em quais superfícies conseguimos refletir as cores que aparecem no CD: na parede, no chão, sobre um papel, no tecido?
O que temos que fazer para isso? Onde colocamos o CD, como seguramos, ou prendemos?
Como as cores aparecem refletidas? Que desenhos elas formam?
O reflexo das cores em outras superfícies também muda se eu mudo a posição do CD?
De quantas maneiras diferentes os reflexos das cores podem aparecer?
Todas essas perguntas estarão presentes na brincadeira das crianças e podem alimentar a curiosidade e o desejo de produzir muitas manifestações diferentes das cores reveladas no CD.
A percepção e produção de efeitos diversos vai alimentar a construção de teorias das crianças a respeito de como e porque as cores aparecem no CD e como e porque são projetadas no ambiente. E as teorias elaboradas alimentarão o interesse por testá-las, checá-las, comprová-las.
Não está em jogo elaborar teorias corretas ou compreender o fenômeno físico de decomposição da luz. Há muito mais em jogo nessa brincadeira: as relações entre as crianças, os CDs, a luz e tudo que essas relações podem criar.
As teorias não precisam estar certas, elas precisam existir. Formular a teoria é o que importa, porque significa a capacidade de colocar dados da experiência vivida em relação, significa a capacidade de fazer ligações e estabelecer nexos de sentidos. É o pensamento colocado em movimento para elaborar as relações vividas.
As várias experimentações mostrarão que sempre há algo pronto para ser modificado e são as crianças as autoras das modificações propostas. Esse é o significado de pesquisa presente nas brincadeiras.
Se algo sempre pode ser modificado e as crianças se dão conta disso, é interessante criar caminhos para que elas possam registrar os diferentes efeitos produzidos, os diferentes resultados de suas pesquisas.
Como registrar tantas diferenças? O que seria mais interessante registrar? O que escolher?
Que recursos se pode utilizar?
As respostas podem ser também variadas, dependendo da idade das crianças e do que elas mesmas acharem mais interessante ou o que os adultos percebam que foi mais relevante pra elas, ajudando-as a selecionar e entender porque.
Pensamos em algumas orientações, mas vocês podem criar outras:
•Desenhar ou pintar a distribuição das cores que veem no CD pode ser uma alternativa;
•Fotografar, se for possível, e olhar no computador as diferenças também pode ser um recurso interessante.
•Montar um painel com as imagens impressas e anotar como foi que se fez para que cada imagem ficasse como está também é um caminho interessante para perceber melhor as relações que compuseram cada uma das situações.
•Imprimir as imagens selecionadas e observá-las, identificando as diferenças relativas às formas e predominâncias ou distribuição das cores.
•Colocar um papel na parede para projetar a luz refletida do CD e pintar por cima da luz pode ser uma boa provocação.
Provocá-las a pensar em como produzir arco íris com os CDs ou outros materiais, como propagar as cores pelo ambientes, como gerar reflexos, podem ser algumas das muitas maneiras interessantes de alimentar o interesse e a brincadeira seguir dias a fio.
Pendurar CDs próximos à janela e ver como o reflexo da luz se modifica nos diversos momentos do dia, pode ser bem provocador.
As crianças serão instigadas pelas ações que podem realizar gerando variados efeitos sobre os objetos e o ambiente. Um brincar criativo e gerador de aprendizagens, de formulação de teorias, de conexões de causa e efeito. Uma oportunidade de, por meio de materiais simples e cotidianos, criar um contexto inventivo, que as coloquem a pensar não só com a mente, mas com todo o corpo. Uma brincadeira que as provoca a investigar, testar, verificar, criar, produzir efeitos diversos.