As costelas da tartaruga estão fundidas à carapaça, que é basicamente parte do seu esqueleto. É por isso que as tartarugas nunca conseguem sair da carapaça.
O cágado Podocnemis expansa está distribuído pela bacia amazônica e ocorre em quase todos os seus afluentes. O esqueleto dos vertebrados é composto de cartilagem e osso e representa o produto de células de três linhagens embrionárias distintas. O crânio é formado por células da crista neural. O conhecimento do critério biológico para a seqüência de formação óssea é de suma importância para o entendimento da ontogenia. Assim, o propósito do presente estudo foi estabelecer etapas normais da formação da seqüência de ossificação dos elementos ósseos do crânio em P. expansa, nos diferentes estágios de desenvolvimento pré e pós-natal. Coletaram-se embriões a partir do 18º dia de incubação natural. Efetuou-se morfometria e os embriões foram submetidos à técnica de diafanização e coloração dos ossos. Neurocrânio: no estágio 19 o basisfenóide e o basioccipital apresentam centro de ossificação; no estágio 20 o supra-occipital e o opistótico, no estágio 21 o exoccipital e somente no estágio 24 o proótico. Dermatocrânio: o esquamosal, o pterigóide e a maxila são os primeiros elementos a iniciar o processo de ossificação, isso ocorre no estágio 16. Mas a maioria desses elementos ósseos apresenta centros de ossificação no estágio 17, são eles: frontal, jugal, pós-orbital, parietal, pré-maxila, pré-frontal, seguido do palatino e quadradojugal no estágio 19 e por último o vômer no estágio 25. O osso quadrado do esplancnocrânio, no estágio 23. Ossificação da mandíbula e aparelho hióide: tanto o dentário, coronóide e o supra-angular apresentam centros de ossificação no estágio 16 e o corpo branquial I no estágio 17. A seqüência e a sincronização da ossificação em P. expansa exibem similaridades, bem como diferenças, quando comparada com outras espécies de Testudines. Fica evidente que mais estudos quantitativos são necessários para documentar a variabilidade natural de formação dos ossos.
Os ossículos da esclera são pequenas placas ósseas localizadas no globo ocular de muitos vertebrados e diferem em sua morfologia, desenvolvimento e posição dentro de diferentes grupos de vertebrados. Com objetivo de investigar o desenvolvimento, o número, a forma e a disposição dos ossículos da esclera, em Podocnemis expansa coletou-se 15 embriões, a partir do 18º dia de incubação natural e 16 espécimes adultos, pertencentes ao acervo do LAPAS, dos quais foram removidos os globos oculares. Os embriões e os globos oculares foram submetidos à técnica de diafanização e coloração dos ossos. Apurou-se que os ossículos da esclera, nessa espécie de Testudines, possuem forma quadrangular, variam de 10 a 13 com 11,25 ± 0,93 e 11,43 ± 0,81, no olho direito e no olho esquerdo, respectivamente, e ocupam posição fixa, próximos à borda anterior da esclera. Os ossículos se desenvolvem de forma intramembranosa e começam a apresentar centros de ossificação no estágio 21, com dez centros de ossificação no olho direito e oito no olho esquerdo. No estágio 23, todos os ossículos do anel esclerótico aumentam em comprimento e se aproximam dos ossículos adjacentes, formando um anel. No estágio 26 os ossículos da esclera já se apresentam na disposição definitiva.
Com objetivo de se investigar a seqüência de formação dos elementos ósseos que formam a coluna vertebral, nos diferentes estágios de desenvolvimento pré e pós-natal em Podocnemis expansa, coletaram-se embriões e filhotes, a partir do 18º dia de incubação natural. Efetuou-se morfometria e os embriões e filhotes foram submetidos à técnica de diafanização e coloração dos ossos e cartilagens. A coluna vertebral de P. expansa compreende oito vértebras cervicais, dez vértebras costais, duas vértebras sacrais e vinte vértebras caudais. No estágio 15 as vértebras ainda são constituídas por cartilagem. No estágio 17 a cartilagem começa a ser substituída por osso, e ocorre no sentido crânio-caudal. No estágio 19 todas as vértebras costais apresentam centros de ossificação, além das duas vértebras sacrais. A partir do estágio 20 as vértebras caudais começam a apresentar centros de ossificação.
O Brasil tem a fauna mais rica de toda a América Central e do Sul, mas a maioria das informações sobre répteis é ainda preliminar. A Podocnemis expansa, conhecida popularmente como tartaruga-da-amazônia, é largamente distribuída pela bacia amazônica e seus afluentes. Com objetivo de investigar a seqüência de formação dos elementos ósseos que formam a carapaça, nos diferentes estágios de desenvolvimento pré e pós-natal, em P. expansa coletaram-se embriões e filhotes recém-nascidos, a partir do 18º dia de incubação natural. Efetuou-se morfometria e os embriões foram submetidos à técnica de diafanização e coloração dos ossos e cartilagens. A carapaça é composta por 8 pares de ossos costais, 11 pares de costelas, 7 ossos neurais, onze pares de ossos periféricos, 1 osso nucal que forma a parte cranial da carapaça, 1 osso supra-pigal e 1 osso pigal que forma a parte caudal da carapaça. No estagio 16 estão presentes centros de ossificação do segundo ao sétimo par de costelas. No estágio 19, iniciam-se expansões ósseas nas costelas mais craniais. Os ossos neurais começam a se ossificar no estágio 20, seguindo do osso nucal no estagio 21. No estágio 23 o primeiro par de ossos periféricos apresentam centros de ossificação. No estágio 26, os ossos supra-pigal e o pigal iniciam o processo de ossificação. A aproximação dos ossos que formam a armadura rígida da carapaça, só ocorre depois de 46 dias da eclosão.
A Podocnemis expansa é conhecida popularmente como tartaruga-da- Amazônia e é considerada uma das espécies selvagens mais exploradas zootecnicamente. Com objetivo de se investigar a seqüência de formação dos elementos ósseos que formam o plastrão, nos diferentes estágios de desenvolvimento pré e pós-natal, coletaram-se embriões e filhotes, a partir do 18º dia de incubação natural. Efetuou-se biometria e os embriões e filhotes foram submetidos à técnica de diafanização e coloração dos ossos e cartilagens. Os ossos epiplastrão, endoplastrão, hioplastrão, hipoplastrão, xifiplastrão e o mesoplastrão formam o plastrão desse testudines. No estágio 16 observam-se centros de ossificação na grande maioria dos ossos do plastrão. De acordo com a retenção do corante alizarina a seqüência é: primeiro o hioplastrão e o hipoplastrão, depois o endoplastrão, seguido do xifiplastrão e por último o mesoplastrão. O osso epiplastrão mostra-se com centro de ossificação apenas no estágio 20. Todos esses elementos possuem centros de ossificação independentes e se unem posteriormente. O fechamento do plastrão só ocorre depois de sete meses após a eclosão.
Com objetivo de investigar a seqüência de formação dos ossos da cintura peitoral e do membro torácico, nos diferentes estágios de desenvolvimento pré e pós-natal em Podocnemis expansa, coletou-se embriões e filhotes recémnascidos, a partir do 18º dia de incubação natural. Efetuou-se biometria e os embriões e filhotes foram submetidos à técnica de diafanização e coloração dos ossos e cartilagens. O esqueleto do braço (estilopódio) é composto pelo osso úmero e o esqueleto do antebraço (zeugopódio) compreende dois ossos, a ulna e o rádio. O esqueleto da mão (autopódio) é formado pelos ossos: ulnar do carpo (UC), central do carpo 2 (C2), central do carpo 3 (C3), ossos distais do carpo (DCI, DCII, DCIII, DCIV e DCV), pisiforme do carpo (PC), osso intermédio do carpo (IC), 5 ossos metacarpos (MCI, MCII, MCIII, MCIV e MCV) e 14 falanges, duas no primeiro dedo e três em cada um dos demais dedos, cuja fórmula falângica é 2:3:3:3:3. No estágio 19, a escápula, o processo acromial e o coracóide já mostram centros de ossificação. No estágio 16, observaram-se centros de ossificação no osso úmero, seguido pelo osso ulna e, finalmente, o osso rádio. No estágio 23, o IC apresenta centro de ossificação, no estágio 24, toda a fileira distal do carpo apresentou centros de ossificação, exceto do DC V. Ainda nesse estágio também se verificaram centros de ossificação nos UC, CII e CIII. O DCV só mostrou centros de ossificação no início do estágio 25. O PC somente é visto 40 dias após a eclosão. A retenção do corante nos metacarpos ocorre na seguinte ordem: MCIII > MCII = MCIV > MCI > MCV. No estágio 20 torna-se evidente que, em todos os metacarpos, os centros de ossificação progridem em direção às epífises. A seqüência de retenção de corante nas falanges distais (FD) ocorre na ordem: FD III > FD II > FD IV > FD I > FD V. Nas falanges médias (FM): FM III > FM IV > FM II > FM V. E, finalmente, nas falanges proximais (FP): FP I > FP III > FP IV > FP II > FP V. Diferenças e semelhanças na sincronização de ossificação são evidentes entre Podocnemis expansa e as espécies comparadas. Assim, não existe um padrão de osteogênese para todos os Testudines, devido à variação do local inicial de formação óssea e da seqüência de ossificação.
Com objetivo de investigar a seqüência de formação óssea da cintura pelvina e dos membros pelvinos, nos diferentes estágios de desenvolvimento pré e pós-natal em Podocnemis expansa, coletou-se embriões e filhotes, a partir do 18º dia de incubação natural. Efetuou-se biometria e os embriões foram submetidos à técnica de diafanização com coloração dos ossos e cartilagens. A região do estilopódio é composta pelo osso fêmur, o zeugopódio compreende dois ossos, tíbia e fíbula e o autopódio é formado pelos ossos: intermédio do tarso (IT), fibular do tarso (FT), central do tarso (CT), distais do tarso (DTI, DTII, DT III e DTIV), 5 metatarsos (MtI, MtII, MtIII, MtIV e MtV) e 14 falanges, duas no quinto dedo e três em cada um dos demais dedos, cuja fórmula falângica é 3:3:3:3:2. No estágio 16 o fêmur, tíbia e fíbula apresentam centros de ossificação na diáfise progredindo para as epífises. No estágio 19, os ossos da cintura pelvina mostram centros de ossificação. Nos ossos do tarso o DT I é o primeiro a apresentar centros de ossificação, no início do estágio 24, seguindo com IT, depois o CT e o DT II no final do estágio 24, DT III e DT IV no estágio 25. O FT mostra centro de ossificação no último estágio embrionário, estágio 26. A retenção do corante nos metatarsos ocorre na seguinte ordem: MtIII>MtII=MtIV>MtV>MtI. No estágio 20 torna-se evidente que, em todos os metatarsos, os centros de ossificação progridem em direção às epífises. A seqüência de retenção de corante nas falanges distais (FD) ocorre na ordem: FD V > FD IV > FD III > FD II >FD I. Nas falanges médias (FM): FM III > FM IV > FM II > FM I. Nas falanges proximais (FP): FP V > FP I > FP II > FP III > FP IV. As diferenças e semelhanças na sincronização de ossificação são evidentes entre Podocnemis expansa e as espécies comparadas. Assim, não existe um padrão de osteogênese para os Testudines, devido à variação do local inicial de formação óssea e da seqüência de ossificação.