O Globo Terrestre é o modelo icônico ou o único mapa verdadeiro da Terra,
pois é a sua representação em miniatura, sendo empregado como referência dos
mapas. Nesta representação da Terra como um todo, destacam-se: a exatidão das
formas, das distâncias, das áreas e das direções. Exige-se menor abstração de
quem utiliza o Globo Terrestre. Este tipo de categoria gráfica constitui o melhor
recurso a ser usado pelo professor nas primeiras séries escolares no que se refere à
percepção e formação de conceitos espaciais como: direções, localizações,
distâncias, fluxos, limites e relações entre fenômenos e fatos da superfície do
planeta Terra.
O Globo Terrestre mais antigo data de 1492, ano do descobrimento da
América, e tem 50 cm de diâmetro. Nele, o oceano ao Sul e Leste da Ásia está cheio
de ilhas, onde deveria ser a América.
O professor precisa ter paciência na transmissão dos conceitos espaciais e
temporais, pois estes são construídos, pouco a pouco, na mente do aluno por
implicarem a elaboração de um sistema de relações, podendo se afirmar que as
construções tempo e espaço são correlativas.
O ensino do Globo Terrestre, bem como para quê, por quê, quando e como o
aluno consegue compreender, está cada vez mais sendo facilitado pelas imagens
transmitidas via satélite, mas de qualquer forma, ainda, é uma representação
abstrata e simbólica do real, exigindo leitura e decifração orientadas pelo professor.
Baseada na teoria psicogenética de Piaget, Lívia Oliveira (1978) conclui que os
primeiros mapas que as crianças devem aprender a manipular são os topológicos e
o Globo Terrestre é o melhor exemplo. No entanto, nas relações espaciais
topológicas não são considerados valores de distâncias, medidas e ângulos.
Assim como a criança gosta de brincar com miniaturas de caminhões,
animais, móveis, pessoas etc., atingindo o conceito de objeto preso à ação física,
embora com rápido crescimento da linguagem, assim também brincará com a
miniatura da Terra.
Quando a criança chegar ao estágio que Piaget chama de operatório-concreto
já estará capaz de aplicar o pensamento lógico aos problemas relacionados com as
coisas reais que ela tenha experenciado ou está experenciando.
Portanto, nas primeiras séries do primeiro grau, o aluno já pode ter aprendido
sobre a esfericidade da Terra, as direções, os movimentos de rotação e translação,
o dia e a noite, as estações do ano, as zonas climáticas, a distribuição das terras e
águas etc.
Da terceira série em diante, o Globo Terrestre deve ser utilizado com os
mapas para facilitar a formação de conceitos corretos sobre localização relativa de
regiões e países, suas dimensões, distâncias, direções etc.
Até os 10 e/ou 12 anos aproximadamente, o conceito de Coordenadas
Geográficas fica além da capacidade de compreensão do aluno. Também a sua
capacidade de interpretação é pouco desenvolvida, pois ainda não utiliza os seus
conhecimentos já adquiridos. Nessa fase, é indispensável o auxílio do professor e a
realização de muitos exercícios práticos.
Três aspectos precisam ser considerados no ensino pelo Globo ou do Globo
Terrestre: a escolha do tipo de Globo Terrestre mais adequado ao assunto a ser
tratado e à realidade do aluno; a sua função na sala de aula; e o preparo do
professor no tocante à sua capacidade de leitura e interpretação do referido recurso
cartográfico.
Alguns Globos Terrestres são verdadeiras obras de arte e valem fortunas.
Há vários tipos de Globos Terrestres:
- O Globo Terrestre Político – mostra fronteiras de países, cidades principais,
rotas comerciais e outros aspectos humanos.
- O Globo Terrestre Físico-político – somados aos aspectos políticos, sua
ênfase é o relevo e a hidrografia. Alguns são iluminados por dentro e revelam tanto a
parte física quanto a política, mas quando a luz é apagada fica só a política.
- O Globo Terrestre Lousa – pode ser feito com uma bola de isopor ou
qualquer bola inflável para facilitar o transporte e será usado junto do globo
impresso. Este tipo de globo conterá apenas as coordenadas principais (Equador,
Trópicos, Círculos Polares, Meridiano de Greenwich e Linha Internacional da Data),
os continentes e os oceanos. Nele, o professor vai indicar com giz ou tinta removível,
ou fios, os locais, as áreas, as rotas ou qualquer assunto que envolva a noção de
espaço.
O Globo Terrestre é uma esfera perfeita?
Torna-se necessário definir alguns termos: esfera – é um corpo sólido,
perfeitamente redondo em toda a sua extensão, ou seja, é uma bola. A esfera
contém o círculo e a circunferência; círculo – é uma superfície plana limitada por
uma circunferência; circunferência - é o anel ou aro ou linha que limita o círculo;
raio – é a distância constante do centro do círculo até qualquer ponto da
circunferência. Quando é traçada a linha da circunferência com um compasso, a
abertura deste materializa o raio. Diâmetro, por sua vez, é o dobro do valor do raio.
O círculo apresenta uma área e a circunferência é medida em seu comprimento.
É possível localizar, sem um ponto de referência e imóvel, alguma coisa em
uma esfera perfeita?
Se a Terra fosse imóvel não haveria o eixo imaginário. Porém, como ela gira
de Oeste para Leste, o Polo Norte e o Polo Sul são os extremos deste eixo
imaginário em torno do qual a Terra faz o seu movimento de rotação. Ao conhecer o
movimento de rotação da Terra, o aluno compreende que leste e oeste são direções
e não pontos ou locais fixos, e que o norte e sul indicam a direção do eixo terrestre.
O intervalo de tempo entre duas passagens sucessivas do Sol por um mesmo
meridiano origina o Dia Solar que dura 24 horas.
Embora a velocidade de rotação seja grande, não a percebemos, pois é
quase constante. No Equador, a velocidade é de 1.700 km/h; nos Trópicos, de 1.513
km/h; nos Círculos Polares, de 850 km/h; e nos Polos, nula.
O que é a linha do Equador?
Nos Globos Terrestres e nos mapas antigos, o Equador recebia o nome de
Linha Equinocial ou Linha dos Equinócios. A palavra equinócio, que vem dos
termos em latim Aequus (igual) e nox (noite), significa “noites iguais”. Tal fato se
explica porque nos dias 22 ou 23 de setembro e 20 ou 21 de março, na linha do
Equador, os raios do Sol formam um ângulo de 90 graus com o eixo da Terra. Neste
período, o Círculo de Iluminação passa pelos polos e coincide com os meridianos à
medida que a Terra gira. Portanto, o dia e a noite têm a mesma duração de 12 horas
no mundo inteiro, ou seja, tanto para o Hemisfério Norte como para o Hemisfério Sul.
Devido ao achatamento do planeta, o Equador é o maior círculo da Terra,
sendo denominado de máximo. Os círculos máximos dividem sempre a esfera
terrestre em duas partes iguais, pois são produzidos por planos que a cortam,
passando por seu centro, independentemente da posição do plano. Pode-se traçar
sobre o Globo Terrestre um número infinito de círculos máximos.
O círculo máximo do Equador é equidistante dos dois Polos e perpendicular
ao eixo. Ele divide a Terra em duas metades de esferas ou calotas, ou hemisférios:
Hemisfério Norte, Boreal ou Setentrional e Hemisfério Sul, Austral ou Meridional.
O eixo do Globo Terrestre é inclinado em relação a quê?
A Terra gira em um eixo inclinado em relação a um plano imaginário que
passa ao mesmo tempo pelo seu centro e pelo centro do Sol. Esse plano imaginário
é o plano da órbita ou eclíptica terrestre que forma um ângulo agudo de 23º 27’ com
o plano do Equador, e recebe o nome de obliquidade da eclíptica. Essa inclinação
do eixo da Terra em relação ao plano da eclíptica vai refletir no estabelecimento das
linhas de referência como os trópicos e círculos polares.
A Órbita ou Eclíptica corresponde ao caminho que a Terra faz no seu
movimento de translação em volta do Sol, numa velocidade aproximada de 107.000
Km/h. Esta órbita tem a forma de uma elipse, assim, a Terra ora se aproxima do Sol,
ora se afasta dele.
Na maior parte dos Globos Terrestres, aparece traçado um círculo eclítico
com dois pontos de interseção com a linha do Equador. Estes dois pontos são diametralmente opostos, pois os dois círculos máximos se cortam em dois
semicírculos.
Também a inclinação do Eixo terrestre e o movimento de translação
combinados, dão como resultado a distribuição desigual da luz e do calor solar
recebido por cada região do planeta no transcurso de um ano, originando as
estações: verão, outono, inverno e primavera, além das diferentes durações do dia e
da noite
Por que Trópicos e Círculos Polares são paralelos que servem como linhas
de referência?
Os paralelos são círculos mínimos ou menores, cujos planos de
circunferência não passam pelo centro da esfera terrestre.
Os diâmetros dos Círculos vão diminuindo gradativamente, a partir da linha do
Equador, até anularem-se nos Polos quando o plano tangencia o eixo Polar.
Alguns paralelos se destacam e constituem linhas de referência devido à
inclinação do Eixo terrestre. Como consequência, o ângulo de 23o
27’, formado da
relação do plano do Equador com o plano da Eclíptica, determina os Trópicos. Já o
ângulo também de 23o
27’, formado pelo eixo da Terra e o Círculo de Iluminação,
estabelece os Círculos Polares.
O Trópico de Câncer, no Hemisfério Norte, e o Trópico de Capricórnio, no
Hemisfério Sul, assinalam os limites máximos que alcançam os raios verticais no
Norte e ao Sul do Equador. O Círculo Polar Ártico e o Círculo Polar Antártico
assinalam os limites que alcançam os raios oblíquos. Nos Polos, os raios solares
são tangentes.
Para melhor entendimento, o professor poderá espetar no Globo Terrestre
alfinetes de cabeças coloridas como se fossem pessoas. Ele precisa prestar atenção
para que as pontas dos alfinetes fiquem voltadas para o centro do Globo Terrestre.
A zona de iluminação da Terra situada entre os Trópicos chama-se Zona
Intertropical; a balizada por um Trópico e o Círculo Polar é a Zona Temperada, e as
áreas limitadas pelos Círculos Polares são as Calotas Polares.
*****Depois continuo*****
No ensino da Geografia é essencial o uso constante do Globo Terrestre em
qualquer faixa etária do estudante. Quatro generalizações são reiteradas em uma
variedade de contextos:
– As distribuições globais dos mais variados aspectos físicos e humanos
não coincidem com as fronteiras políticas.
– Os padrões espaciais semelhantes são encontrados em diferentes partes
do mundo.
– As diferenças não podem ser ordenadas objetivamente em termos de
qualidade.
– Mesmo situadas em lugares distantes, as pessoas mantém intercâmbio.
Portanto, no estudo de distância, distribuição, associação, região, movimento,
interação, escala e mudança espacial através do tempo exige-se o uso do Globo
Terrestre.
É sempre bom enfatizar que os conceitos fundamentais da Geografia são
ideias explicadas e compreendidas nos vários estágios do desenvolvimento
intelectual do estudante e que cada um constrói a sua própria dimensão dos
significados e níveis de abstração dos conceitos. Além disto, a velocidade do
desenvolvimento intelectual de cada um está relacionada tanto com a idade do
estudante como com a sua maturidade, inteligência, experiências educacionais
anteriores e interesses.
O essencial é o professor ter um sólido saber geográfico, para orientar o
aluno no desenvolvimento de significados e níveis de abstração de conceitos em
Geografia