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segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Terra Vermelha: o livro

Urucum, pau-brasil e agricultura familiar nos primórdios das terras brasileiras

Autora: Renata Bravo 

Está obra é uma ficção. Qualquer semelhança com pessoas, fatos ou lugares reais é mera coincidência.

CAPÍTULO 1 

O Povo da Mata Grande

Muito antes de qualquer navio cruzar o horizonte, as terras que hoje chamamos de Brasil eram um vasto mosaico de florestas, rios, campos e montanhas. Ali viviam muitos povos indígenas, cada um com sua língua, seus costumes e seus saberes.

Entre eles havia o povo Aruaí, que habitava a Mata Grande, um território vibrante e fértil. A aldeia era construída em círculo, porque para os Aruaí tudo caminhava em ciclos: o dia e a noite, a lua que cresce e mingua, a vida que vai e volta.

Os personagens principais:

Iara, jovem aprendiz de agricultura, curiosa, observadora, apaixonada por histórias das plantas.

Tupã-Mirim, menino rápido, que gostava de correr pela mata e aprender com os mais velhos.

Avó Kairu, guardiã da memória, conhecedora profunda das plantas tintórias e medicinais.

Arani, líder da aldeia, respeitado por seu equilíbrio e sabedoria.

CAPÍTULO 2 

O Segredo do Urucum

Iara acompanhava Avó Kairu até um pequeno campo vermelho de arbustos carregados de cápsulas espinhosas. Lá dentro, havia sementes miúdas cobertas por um pó vermelho vivo.

- Este é o urucum, minha neta - dizia Kairu. - Ele protege nossa pele do sol, do vento e dos insetos. Dá cor às festas, força aos guerreiros e cura aos feridos.

Iara aprendia a esmagar as sementes entre as mãos até formar uma pasta. Quando olhava suas palmas tingidas de vermelho, sentia que segurava parte da alma da floresta.

Usos do urucum entre os Aruaí:

Tintura corporal para rituais e proteção solar

Corante para tecidos e cestarias

Remédio para irritações da pele

Ingrediente na culinária

O urucum era mais que cor: era identidade.

Urucum 

CAPÍTULO 3 

O Coração Vermelho da Floresta: Pau-Brasil

Um dia, Arani chamou Tupã-Mirim para acompanhá-lo em uma caminhada até a parte mais densa da Mata Grande. Lá cresciam árvores altas e fortes, de tronco escuro e cerne vermelho como fogo.

- Pau-brasil, explicou Arani. - Seu interior parece brasa. É madeira firme, boa para arcos, ferramentas e tintas.

Os Aruaí usavam apenas o necessário, retirando poucas árvores por ano, sempre plantando novas mudas. Eles sabiam que a floresta não era algo a ser tomado, mas algo com quem se convive.

A tintura avermelhada extraída dessa madeira era usada para pintar tecidos e para marcar objetos sagrados. Tupã-Mirim admirava como o vermelho-brasa ganhava brilho quando exposto ao sol.

CAPÍTULO 4

A Agricultura que Alimenta a Vida

A agricultura Aruaí era baseada em roçados familiares, conduzidos principalmente por mulheres e pelos aprendizes da aldeia. Iara adorava participar.

As principais culturas eram:

Mandioca - raiz principal da alimentação

Milho - base de mingaus, bolos e bebidas

Abóbora, feijão, batata-doce, plantadas juntas para fortalecer o solo

Pimentas e ervas - usadas para temperos e medicinas

O sistema de agricultura era:

1- Escolher um terreno de capoeira (mata secundária).

2- Abrir espaço sem devastar, preservando as árvores úteis.

3- Plantio em consórcio, misturando espécies para equilibrar o solo.

4- Uso coletivo: cada família cuidava de uma parte, mas a colheita alimentava toda a aldeia.

Iara via nesse trabalho uma espécie de dança entre humanos e natureza.

CAPÍTULO 5 

A Chegada dos Estranhos

Um amanhecer diferente trouxe ondas agitadas e um grande pássaro branco no mar: um navio. Os Aruaí observaram de longe. Tupã-Mirim sentiu um frio na barriga.

Os estrangeiros traziam objetos novos: espelhos, ferramentas, tecidos, mas também desconhecimento sobre a floresta. Encantaram-se com a madeira vermelha e procuravam cortá-la sem cuidado.

Arani tentou explicar que pau-brasil não era mercadoria infinita, e que o vermelho precisava de tempo para renascer. Mas os visitantes tinham pressa.

A floresta começou a mudar.

CAPÍTULO 6 

Resistência da Mata

O povo Aruaí se reuniu em conselho. Iara falou:

- Se destruírem a Mata Grande, o urucum perde sua casa, o pau-brasil desaparece e nossos roçados ficam fracos. Precisamos ensinar, não brigar.

Avó Kairu acrescentou:

- Vamos mostrar que a força da terra está no cuidado, não no corte.

Os Aruaí propuseram aos estrangeiros um acordo: trocar conhecimentos por respeito à floresta.

Alguns aceitaram aprender:

plantaram mudas de pau-brasil

conheceram o urucum como remédio

aprenderam rotação de cultivos

Outros, porém, seguiram buscando apenas riqueza.

CAPÍTULO 7 

A Lição das Sementes

Para garantir o futuro, Iara e Tupã-Mirim criaram a Casa das Sementes, um espaço para guardar:

sementes de urucum

mudas de pau-brasil

variedades de mandioca, milho e feijão

ervas medicinais e pimentas ancestrais

Avó Kairu sorriu:

- Quem guarda sementes, guarda histórias.

E assim, mesmo com as mudanças que o tempo traria, o povo Aruaí continuou transmitindo sua sabedoria.

CAPÍTULO 8 

Terra Vermelha, Terra Viva

O último capítulo celebra a continuidade.

As crianças da aldeia, pintadas com urucum, dançam em roda. Entre elas estão Iara e Tupã-Mirim, agora jovens líderes. Ao fundo, uma fileira de pau-brasis renascendo, plantados pelos aprendizes da nova geração.

A Mata Grande respira forte.

O livro termina com a mensagem:

“A terra só vive quando há quem a cuide.”


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