A construção dos conceitos no campo da Física ou de quaisquer outros campos do
conhecimento não pode ser mecânica ou repetitiva, ou seja, a apropriação do saber não pode ser
arbitrária, mas sim, deve ser armazenado de tal forma que possa fazer conexões significativas. Nesse
sentido Ausubel (1982), pensador norte americano, preconiza que um conhecimento novo deve se
subsumir a um conhecimento pré-existente para que possa ter significado, formando o que
denominou de aprendizagem significativa.
A aprendizagem significativa ocorre quando duas condições são satisfeitas: a vontade
de aprender do estudante e o significado que aquele conteúdo tem para ele. Assim, um estudante
motivado em contato com conteúdo significativo tem como resultado a aprendizagem significativa.
Mantendo essa lógica podemos inferir que se os conceitos básicos de Física forem trabalhados nas
séries iniciais pelo estudante, esse terá uma maior facilidade em relacionar os conceitos da Física à
matemática que permeará essa disciplina desde as séries finais do ensino fundamental e durante
todo o ensino médio.
Continuando o pensamento delineado e compreendendo que todo conhecimento
deve apoiar-se em outro pré-existente, podemos facilmente identificar que o aluno que chega às
séries finais do ensino fundamental está no fim da infância ou início da adolescência, sendo assim, o
conhecimento que o mesmo possui está referenciado nas brincadeiras e brinquedos infantis, entre
eles o carrinho de brinquedo.
O carrinho de brinquedo é um objeto de diversão amplamente utilizado pelas
crianças, antes, mais pelos meninos, hoje, indistintamente. Esse brinquedo permite a observação de
vários fenômenos físicos ligados à mecânica como: impulsão (força), energia potencial, energia
cinética, movimento, velocidade, aceleração, desaceleração, atrito, distância percorrida, tempo,
entre outros. Sendo assim, acreditamos que a utilização de brinquedos infantis (carrinho de
brinquedo) na formação dos conceitos iniciais da Física é uma ferramenta que possibilita a
construção da aprendizagem significativa proposta por Ausubel uma vez que permite o
relacionamento dos conhecimentos prévios ao novo conteúdo que se busca dominar.
No caminho descrito, os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs preconizam:
“A abordagem dos conhecimentos por meio de definições e classificações estanques
que devem ser decoradas pelo estudante contraria as principais concepções de
aprendizagem humana, como, por exemplo, aquela que a compreende como
construção de significados pelo sujeito da aprendizagem, debatida no documento de
Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Quando há aprendizagem
significativa, a memorização de conteúdos debatidos e compreendidos pelo
estudante é completamente diferente daquela que se reduz à mera repetição
automática de textos cobrada em situação de prova”.
Nesse sentido compreendemos que o desenvolvimento cognitivo do estudante não é
algo que seja aprendido no simples ato de folhear um livro, mas que sua construção ocorre a partir
das experiências vividas e da compreensão do contexto histórico e cultural da humanidade.
Questão de pesquisa
Estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental compreendidos na faixa etária de 11 a
12 anos, que não tiveram contato formal com conceitos do campo da Física, são capazes de
relacionar esses conceitos aos fenômenos físicos que vivenciam no dia a dia?
Para restringir o campo de observação, delimitamos a vivência desses estudantes às
brincadeiras infantis, sendo mais específicos, às brincadeiras com carrinhos (modelo Hot Wheels) em
competições de velocidade em rampa, tendo a energia potencial como única propulsora
Justificativa
A introdução da Física como ciência formal ocorre no 9º ano do Ensino Fundamental
e acompanha o estudante até o final do Ensino Médio. Nessa fase, dentro do estudo de Ciências
Naturais, os estudantes são levados a aprender novas palavras e seus significados, relacionar essas
palavras a um fenômeno físico e abstraí-lo na forma de número por meio de cálculos matemáticos.
Para a maioria dos adolescentes, e não sem razão, é muito complicado fazer essas relações. Se
compreender o significado de uma palavra nova já é um desafio para muitas pessoas, relacioná-la a
um fenômeno e deduzi-la em forma matemática é quase um absurdo.
Alguns estudantes conseguem realizar, por método próprio, associações que
permitem a retenção de informações, mas aos vários outros que não conseguem relacionar esses
novos conceitos às vivências anteriores, restará o caminho da memorização, ou seja, o velho
decoreba. Sendo assim, descobrir quais os conceitos fundamentais da Física podem ser percebidos,
compreendidos e descritos pelos estudantes do 6º ano é de suma importância para se definir o quanto do ensino dessa ciência pode ser desenvolvido nas séries seguintes, minimizando ao máximo
o uso da memorização e potencializando a aprendizagem significativa.
Por fim, muito se fala no uso de experimentos voltados ao ensino da Física como
forma de embasar os conceitos da disciplina. No 9º ano do ensino fundamental existe uma gama de
possibilidades, mas quase nada1
foi escrito sobre o ensino de Física no inicio desse ciclo.
Objetivo Geral
Compreender as brincadeiras infantis (brincando com carrinhos de brinquedos) como
uma importante ferramenta para a internalização de conceitos básicos da Física pelos estudantes do
6º ano do ensino fundamental.
Objetivos Específicos
Fazer com que o aluno:
1. Observe as brincadeiras a partir de um olhar crítico buscando compreender porque
determinados fenômenos ocorrem;
2. Utilize e compreenda a função dos instrumentos de medidas como forma de auxiliar na
compreensão desses eventos;
3. Desenvolva o hábito de compartilhar observações como forma de construir conclusões.
Revisão da Literatura
Ausubel (1982) nos traz a ideia de que todo o conhecimento deve emergir de outro
pré-existente sob o risco de construir no estudante uma aprendizagem mecânica, ou seja, “quando
falta ao aluno o conhecimento prévio, relevante e necessário para tornar a tarefa potencialmente
significativa” (Idem, 1982). Esse conhecimento anterior que deve servir de base ao estudante não
precisa ser um pré-requisito, mas deve manter relação estreita com o novo conhecimento. No caso
de estudantes de ensino fundamental do 6º ano, esses conhecimentos estão diretamente vinculados
à infância, ou seja, são as brincadeiras tradicionais e até mesmo os videogames que permeiam a
imaginação da criança que se aportam como subsunçores para o desenvolvimento de outros
conhecimentos.
Nesse mesmo sentido Paulo Freire (2009), que realiza toda uma construção
pedagógica voltada à libertação do trabalhador por meio do desenvolvimento de uma consciência
crítica e da contextualização do conhecimento compreende que ensinar não é depositar
conhecimentos nos alunos como fazemos com dinheiro em bancos, mas levá-los a uma avaliação
crítica do momento histórico em que vivem para que possam perceber a necessidade do
conhecimento a partir da relação entre o saber anterior e o novo (Freire, 2009).
Acreditamos que para um estudante de 11 ou 12 anos, que está desfrutando do
início da adolescência, os conhecimentos mais significativos e prazerosos que ele tem são as
brincadeiras infantis. Segundo Kishimoto (1999) brincar constitui uma conduta livre que traz prazer,
satisfação, descoberta e divertimento. Seguindo a ideia de que o conhecimento de um préadolescente deve está totalmente ligado a sua infância, não há como desvincular o desenvolvimento
de um novo conhecimento das brincadeiras infantis.
A brincadeira é definida como “uma atividade livre, que não pode ser delimitada e
que, ao gerar prazer, exaure-se em sim mesma” (idem, 1999) e o brinquedo é simplesmente o objeto
suporte da brincadeira. Logo, se conseguimos relacionar os conceitos da Física às brincadeiras
infantis, no caso específico aos carrinhos de brinquedos, estaríamos dando significado ao novo conhecimento e oferecendo ao estudante uma possibilidade de se criar novas âncoras para os
conhecimentos futuros.
Caracterização da Pesquisa
A pesquisa foi desenvolvida dentro de uma perspectiva qualitativa, ou seja, o
professor/observador foi o instrumento para coleta de dados e a análise foi intuitiva, não usando
para isto métodos ou técnicas estatísticas. Buscamos utilizar um método de observação semisistemático e estruturado, definindo os tipos de dados que queríamos observar, a forma de captação
e a conduta do observador. Por fim, buscamos relacionar as hipóteses pré-estabelecidas aos dados
coletado.
Metodologia
A pesquisa foi realizada no dia 02/06/2014 e precisou de uma total de 6 horas para
sua execução, sendo 4 horas para organização do material e espaço e 2 horas para coleta de dados.
Público Alvo
Foram observados 12 estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental do Centro de
Ensino Fundamental 04 do Gama escolhidos de forma aleatória.
Instrumentos de coleta de dados
Foi utilizada como instrumento de coleta de dados, uma câmera de vídeo suspensa
para gravar a explicação dos estudantes, pois foi premeditado que os mesmos não, necessariamente,
teriam vocabulário para expressar o que pensavam. Também foi usado um gravador de voz e uma
câmera fotográfica.
Por fim, durante o desenvolvimento da pesquisa foi aplicado um questionário e ao
final foi realizada uma entrevista coletiva, momento que se buscou perceber o entendimento ou não
dos conceitos de Física que estavam por detrás da brincadeira.
Material
No desenvolvimento do projeto foram utilizados os seguintes materiais.
a) 20 carrinhos modelo Hot Wheels;
b) 2 metros de comprimento de pista Hot Wheels;
c) Uma trava de rampa modelo Hot Wheels;
d) Um Data show;
e) Um notebook;
f) Quatro metros de anteparo de metal de 2 cm de altura;
g) 16 metros de fio coaxial;
h) Uma balança de precisão mínima de 1 miligrama e máxima de 200 miligramas.
i) 3 cronômetros com precisão mínima de 1 centésimo de segundo e máxima de 99
minutos;
j) Uma filmadora digital;
k) Cinco hastes para marcação de posição;
l) Um gravador digital;
m) 4 fitas métricas de 1,5 metros;
n) Uma máquina fotográfica digital;
o) 8 folhas de papel A4.
p) 50 centímetros de fita dupla face.
Método
Organização do material e do espaço
a. Foi instalada uma rampa Hot Wheels a 1m (um metro) de altura em uma sala
com piso liso de 9 m de comprimento. A rampa Hot Wheels ficou com 2,0 m de comprimento e após
essa medida os carrinhos passavam a andar pelo piso da sala. Como os carrinhos não foram
preparados para manter um movimento retilíneo, anteparos foram colocados na pista por 8m
evitando com que os mesmos fizessem curvas significativas, fato que impediria que a medida de
distância fosse realizada de forma simplificada como era o desejado. Esses anteparos nos primeiros
dois metros eram constituídos por estruturas de 2 cm de altura, pois devido à velocidade alcançada,
os carrinhos pulavam os anteparos mais baixos. No restante do comprimento foram usados fios coaxiais. O percurso que o carrinho passaria foi numerado metro a metro. A partir dos quatro
metros, tendo como referência o inicio da rampa, a
pista foi marcada com fita métrica para permitir a
observação dos centímetros.
b. Foram usados 20 carrinhos
modelo Hot Wheels. Os carrinhos foram numerados
de 1 a 20 vinte e colocados em ordem uma garagem
marcada por barbantes.
c. Foi disponibilizada uma balança para pesagem dos carrinhos. Sobre ela foi
colocado um prato para permitir uma maior distribuição do peso do carrinho e realizada a tara com
este objeto.
d. Três cronômetros com o objetivo de marcar o tempo de duração do movimento
dos carrinhos.
e. Os carrinhos não foram pesados anteriormente, pois, embora o peso fosse uma
das características que possibilitaria um grupo ganhar ou não a disputa, não era esse o interesse da
pesquisa, mas entender se os estudantes percebiam os conceitos de Física que emanavam da
brincadeira.
Apresentação das normas aos estudantes para realização das
atividades
1. Os estudantes foram orientados a brincar em grupos de quatro pessoas;
2. O quarteto foi orientado a se comportar como uma equipe profissional que
competiam usando carrinhos de brinquedos;
4. Cada equipe podia escolher qualquer carrinho que estiver estacionado.
5. A equipe deveria devolver o carrinho para o estacionamento sempre que finalizasse
o procedimento.
6. Cada carrinho somente poderia ser testado três vezes por cada equipe.
7. O uso da rampa ocorreu de forma alternada, ou seja, primeiro a rampa foi usada pela
equipe 1, em seguida pela equipe 2, depois pela equipe 3 e assim sucessivamente.
8. As equipes podiam liberar os carrinhos das rampas quantas vezes quisessem no
tempo de 30 minutos.
9. Após os 30 minutos, as equipes tiveram 5 minutos para escolher com qual carrinho
iriam competir e responder o questionário que lhes foi entregue.
10. Foi definido que após a escolha do carrinho as equipes não poderiam mais trocá-lo.
11. Durante a competição cada equipe podia liberar o carrinho por três vezes seguidas
sendo descartadas as duas piores colocações.
12. Coube ao professor cronometrar o tempo na competição final.
13. Em casso de empate na distância percorrida, ficou definido que o tempo seria usado
para realizar o desempate.
14. Foi considerada campeã a equipe que na competição final escolheu o carrinho que
chegou mais distante na pista.
Após a exposição das regras os grupos foram numerados por sorteio e conduzidos
até a rampa, momento em que foi realizado um breve treinamento do uso dos equipamentos
(tabela, cronômetro, balança e fita métrica).
Realização da Atividade
a) Os grupos alternaram-se por 30 minutos, sempre usando o mesmo procedimento:
i. Anotar o número do carrinho;
ii. Pesar o carrinho;
iii. Cronometrar e anotar o tempo até o
repouso do carrinho;
iv. Anotar o espaço percorrido.
b) Finalizado o tempo, os estudantes tiveram que indicar qual o carrinho seria usado na
competição.
Após indicação dos carrinhos pelos grupos, os mesmos foram levados a responder
duas perguntas por escrito.
Questionamento a respeito de conceitos formais de Física
Os estudantes foram orientados a prestarem atenção à projeção dos slides. Esses
traziam os seguintes conceitos de Física: energia potencial, velocidade, aceleração, atrito e
desaceleração.
Os conceitos foram lidos duas vezes pelo professor e não houve explicação dos
mesmos. Para cada conceito que era apresentado, os estudantes eram submetidos a um conjunto de perguntas que deviam ser respondidas oralmente ou por meio de marcações. Por fim, os estudantes
foram informados que a qualquer momento poderiam mudar uma resposta informada.
Resultados e Discussão
Um dos objetivos dessa pesquisa era observar a habilidade dos estudantes em
relação ao uso de instrumentos de medidas e a capacidades dos mesmos de tomar decisões a partir
dos dados obtidos.
Interpretando as tabelas de medições e a escolha dos carrinhos
Conforme informado, todos os grupos puderam trocar os carrinhos por seis vezes e
entre as trocas deveriam anotar em uma tabela as informações de cada carrinho. No quinto teste, os
estudantes foram avisados que poderiam usar a pista por uma última vez. Após o uso da pista pelas
três equipes eles tiveram cinco minutos para escolher os carrinhos.
Os grupos 1 e 2 escolheram o carrinho com a segunda maior massa. Percebeu-se que
a escolha foi condicionada apenas pela distância percorrida, ou seja, a massa e o tempo não foram
considerados. Buscaram apenas alcançar o objetivo definido no inicio da atividade.
O grupo 3 escolheu o carrinho com maior massa, realizando uma ação que estava
dentro do esperado. No entanto, o grupo avaliou o carrinho em dois momentos distintos: primeiro
durante os testes e, em segundo, quando foi avisado que usaria a pista pela última vez. Uma avaliação superficial do comportamento do grupo nos faz acreditar que o mesmo não quis contar
com a sorte buscando observar um novo carrinho, pelo contrário, resolveu apostar nos dados que já
possuía. Essa lógica parece se fundamentar quando o grupo escolhe o carrinho para a disputa.
Mesmo percebendo que ele não alcançou o objetivo esperado, percorrendo, inclusive, uma distância
menor que outros dois já testados, o mantem como escolhido.
Por fim, o grupo 3 logrou-se vencedor fazendo seu carrinho percorrer 8,49 metros
contra 8,17 metros do grupo 2 e 7,35 metros do grupo 1.
Relacionando os conceitos de Física à ludicidade dos carrinhos
de brinquedos
No momento da apresentação dos conceitos e da observação da capacidade dos
estudantes interpretá-los à luz da brincadeira, foi trabalhado cinco conceitos da mecânica clássica,
sendo eles: energia potencial, velocidade, aceleração, atrito e desaceleração. A escolha desses
conceitos foi aleatória, ou seja, não foram avaliados grau de complexidade, relação de dependência
ou qualquer outro fator, apenas se os mesmos emergiam da brincadeira.
A apresentação dos conceitos ocorreu após a competição por meio de projeção por
slides e leitura oral pelo professor. Os dados foram gravados por meio de áudio e vídeo e o resultado
passa a ser descrito a seguir.
Energia potencial
A energia potencial pode ser definida como sendo: a energia armazenada em um
objeto a partir da interação por meio da força gravitacional com a terra e que tem a potência de se
transformar em energia cinética (Serway, 2009). Reestruturando o conceito para compreensão dos
estudantes, a energia potencial ficou definida como:
Sempre que um objeto se encontra no alto falamos que ele tem energia potencial. A energia
potencial pode fazer um objeto se movimentar.
Velocidade
A velocidade média pode ser definida como a razão do deslocamento de uma
partícula para um determinado intervalo de tempo (Serway, 2009). Reestruturando o conceito para
compreensão dos estudantes, a velocidade ficou definida como:
Todas as vezes que um objeto se move, ele sai de um lugar para outro. Esse movimento pode ser
cronometrado, ou seja, pode-se medir o tempo. A distância percorrida pelo carrinho nesse tempo
chama-se velocidade.
Aceleração
A aceleração pode ser definida como a rapidez com que a velocidade muda em
relação a um intervalo de tempo (Serway, 2009). Reestruturando o conceito para compreensão dos
estudantes, a aceleração ficou definida como:
Acelerar o carrinho é variar sua velocidade no decorrer do tempo. Quanto mais rápido fica o
carrinho, mas acelerado ele está. Aceleração é o aumento da velocidade.
Desaceleração
A desaceleração pode ser definida como a aceleração negativa ou o momento em
que o vetor velocidade e o vetor aceleração têm direções opostas (Serway, 2009). Reestruturando o
conceito para compreensão dos estudantes, a desaceleração ficou definida como:
Desacelerar o carrinho é diminuir a velocidade. Quanto mais desacelerado, mais o carrinho perde
a velocidade.
Atrito
A força de atrito pode ser definida como a resistência que um meio exerce sobre
objeto em movimento (Serway, 2009). Reestruturando o conceito para compreensão dos estudantes,
a força de atrito ficou definida como:
Atrito é uma força que faz com que o carrinho que está em movimento pare. Quanto mais áspera
for a pista, mais forte é o atrito e mais rápido o carrinho em movimento para.
Conclusão
Diante do agregado concluímos que crianças de 11 a 12 anos conseguem
compreender conceitos de física a partir de atividades lúdicas quando são conduzidas com essa
finalidade. Acreditamos que o estudante, ao acostumar-se a realizar esse tipo de correlação
(prazer/aprendizado), mude o seu olhar em relação à aprendizagem, passando naturalmente a
compreender o porquê determinados fenômenos ocorrem, a importância dos instrumentos na
compreensão desses e como seus pares podem auxiliar na construção de conclusões. Essa prática
também possibilita que os estudantes percebam o motivo do avanço da tecnologia e da criação de
aparelhos mais sofisticados, ou seja, compreendam que as ferramentas são apenas meio para se
alcançar um objetivo, o conhecimento.
Nesse sentido, entendemos que a captação dos conceitos da Física pelos estudantes
do ensino fundamental (anos finais) por intermédio de brincadeira com carrinhos de brinquedo é
possível. Acreditamos que os conceitos que não foram compreendidos pelos alunos, assim
ocorreram, não por erro do método, mas por erro de questionamentos. A busca dos
questionamentos corretos indubitavelmente leva ao conhecimento e, um aluno que entende o
sentido de energia potencial, energia cinética, velocidade, aceleração atrito etc. terá, certamente,
tranquilidade em relacionar esses conceitos à matemática.
Com isso, podemos concluir que se esses conceitos forem apresentados a estudantes
do ensino fundamental por meio de estímulos que eles reconheçam como prazeroso, e se esses
estímulos forem revestidos por um arcabouço técnico permeado por questionamentos previamente
construídos para realizar essa inter-relação, entendemos que o estudante, necessariamente,
reconhecerá o conceito da Física nas brincadeiras que outrora considerava infantis, ou seja, tornará o
conceito, antes frio, agora significativo.
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