A função respiratória deve ocorrer por via nasal.
O nariz, além de ser um condutor passivo pelo qual
o ar é captado da atmosfera, é um órgão altamente
especializado, capaz de realizar três importantes
funções respiratórias: umidificação, aquecimento
do ar inspirado e proteção das vias aéreas superiores.
Quando há algum impedimento para que a respiração nasal possa se realizar, tem-se a respiração oral. A respiração oral pode ser viciosa, ou seja,
o indivíduo respira pela boca apesar de apresentar
capacidade anatomofisiológica para respirar pelo
nariz, ou orgânica, quando existem alterações orgânicas obstruindo a passagem de ar. Independente
da etiologia, a respiração pode ser afetada causando múltiplas alterações, com maior ou menor
grau, em função do tempo de evolução do processo
obstrutivo.
A respiração de modo nasal possibilita o crescimento e desenvolvimento facial de maneira adequada, por meio da ação correta da musculatura.
Nos casos de respiração oral, esta estimulação
pode ocorrer de modo inadequado, influenciando
negativamente o crescimento e o desenvolvimento
do esqueleto craniofacial, principalmente nos
aspectos de forma do maxilar, da mandíbula e da
altura facial.
O diagnóstico, bem como o tratamento da respiração oral, devem ser realizados o mais precoce
possível por uma equipe multidisciplinar, para que
seja possível minimizar suas consequências.
A terapia miofuncional orofacial é considerada
um método de tratamento que pode aumentar a
força muscular, podendo devolver a estabilidade
morfo-funcional às estruturas orofaciais. A terapia
pode provocar mudanças nos padrões funcionais,
e assim prevenir desvios no desenvolvimento craniofacial, pois promove nova postura de estruturas
em repouso e durante a realização das funções do
sistema estomatognático.
Considerando as informações acima descritas,
o objetivo deste estudo foi descrever a evolução
de crianças de cinco a 11 anos, respiradoras orais,
submetidas à terapia miofuncional orofacial com
ênfase no trabalho de fortalecimento da musculatura dos órgãos fonoarticulatórios e no treino da
respiração nasal.
Foi possível verificar que dez sessões de terapia miofuncional orofacial, com ênfase no fortalecimento da musculatura dos órgãos fonoarticulatórios,
além do treino da respiração nasal, foram suficientes para a obtenção da melhora dos pacientes.
Na literatura verificou-se que sintomas como
baba noturna, ronco e alergia estão diretamente
relacionados ao tipo respiratório, prevalecendo em
sua maioria no grupo dos respiradores orais, apesar
também de encontrá-los nos respiradores nasais 27.
O impacto da asma, rinite alérgica e respiração oral
afetam diretamente a qualidade de vida do indivíduo não só pela alteração respiratória, mas, também pelos prejuízos comportamentais, funcionais e
físicos que ocasionam. O controle dessas morbidades é um tema usual na literatura.
CONCLUSÃO
Foi possível verificar melhora em todos os indivíduos quanto ao vedamento labial, aumento de força
da musculatura dos órgãos fonoarticulatórios, além
de maior possibilidade de respiração nasal após 10
sessões de terapia. O pequeno número de sujeitos
dessa amostra, no entanto, não permite estabelecer que tais conclusões possam ser generalizáveis
para outros grupos em diferentes faixas etárias.
Sendo assim, sugere-se a realização de novos
estudos, com maior população e de diferentes faixas etárias.