A estimulação à aprendizagem deve iniciar a partir do nascimento, pela família, ou por
quem quer que esteja encarregado dos cuidados da criança, para lhe garantir um aprendizado
saudável e prazeroso.
Elogios, palavras amorosas são estímulos capazes de garantir a
autoestima, a autonomia e a independência do indivíduo na vida adulta.
Entender o processo de aprendizagem e suas implicações, é o primeiro passo para quem
quer que esteja envolvido na educação de crianças.
Dele devem partir os planejamentos e as
intervenções que se acharem necessárias para melhor aproveitamento do conhecimento.
Ter consciência de que cada ser humano é único e possui suas peculiaridades e
dificuldades, que devem ser respeitadas e trabalhadas de forma individual, valendo-se daquilo
que o indivíduo traz consigo, ou seja, sua carga genética, sua estória de vida, seu contexto
sociocultural.
Saber observar qual é o nível da criança em relação às aprendizagens, aos jogos, às
brincadeiras e demais situações a que ela seja exposta é demasiado importante para que não perca o gosto por aquilo que ela vem fazendo.
Sempre a incentivando a buscar, quanto maior
a segurança e o estímulo mais motivação terá para aprender.
Trabalhar com materiais diversos, que fazem parte do cotidiano das crianças, além de
estimular a aprendizagem irá torná-la mais prazerosa e agradável, oferecendo oportunidade de
maior crescimento intelectual e afetivo.
A escola deve estimular a aprendizagem das crianças, fazendo uso dos mais diversos
meios e ambientes, oportunizando de forma positiva o maior número de experiências possível.
Conhecer o aluno, suas potencialidades, o processo de aprendizagem em que se encontra para
poder motivá-lo a aprender.
Sobre o desenvolvimento da oralidade na Educação Infantil
“Para compreender a linguagem dos demais não é suficiente compreender as palavras, é necessário entender seu pensamento.” (Lev Semyonovich Vygotsky)
Como se dão os processos de oralidade nas diversas etapas do desenvolvimento de crianças de três a quatro anos de idade?
Inicialmente essa pesquisa foi fundamentada nas teorias de Vygotsky (1984) e Piaget (1999), também buscando conhecer os conceitos que os documentos oficiais trazem sobre a Educação Infantil e suas propostas pedagógicas. Por conseguinte, abordou-se a importância do papel do professor e a relação da família como participante desse processo de desenvolvimento. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa, através de um estudo de caso realizado em uma escola da rede privada com uma criança de três anos e meio de idade, pertencente à creche da educação infantil nível III. Como estratégias foram feitas observação e entrevista com a professora da turma. Com base na investigação, analisamos os processos de desenvolvimento da oralidade da criança observada e suas respectivas dificuldades podendo ser geradas na fala, o seu comportamento na sala de atividades e em casa, suas interações com os colegas de turma, com a professora e com os familiares; também observando e averiguando o trabalho pedagógico da professora, sua relação com a criança e com a família. Por fim, mediante os resultados da pesquisa, trazemos nas considerações finais os fatores que determinam para o retardamento da fala e os que contribuem para a construção da linguagem oral da criança.
INTRODUÇÃO
A prática pedagógica tem diversas funções quando se trata de favorecer e
estimular as capacidades da criança, especialmente na educação infantil. A fala é uma das
importantes competências que a criança desenvolve favorecendo o desenvolvimento de outras
funções, como por exemplo, as interações, e em geral todos os seus aspectos cognitivos. Com
base nisso, é necessário que o tema abordado seja discutido por professores, gestores e
inclusive pela família, pois esta também é de fundamental importância nesse processo
servindo de exemplo e estímulo para a criança na sua descoberta da fala.
A linguagem é o que une os indivíduos de uma sociedade, seja pela fala ou
manifestada de outras formas, como os gestos ou as expressões faciais. Nesse sentido, o
sujeito consegue entender o que o outro quer dizer e assim as comunicações se tornam
possíveis formando grupos sociais e externando pensamentos. Além disso, a fala também
favorece a cultura, seja por meio de idiomas, de acordo com determinadas regiões, ou através
do grupo social ao qual se pertence.
Para a melhor compreensão do tema e maior embasamento teórico, trouxemos os
autores Piaget (1999) e Vygotsky (1984) que serviram como fonte teórica do estudo, no
intuito de melhor entender o processo de desenvolvimento da oralidade da criança, fazendo
relação com seus fatores de influência como a afetividade, cognição, o meio social e a
genética. Também traremos as Diretrizes Curriculares Nacionais (2012) e a Base Nacional
Curricular Comum (2017) para abordamos sobre a Educação Infantil. Além dos Referenciais
Curriculares Nacionais (1998), buscando compreender o papel do professor como participante
e atuante na construção da linguagem oral da criança.
O interesse inicial por realizar este estudo ocorreu por meio de uma motivação
familiar. O surgimento de nossa inquietação estava próximo a nossa realidade, concretizado
por alguém que se encontrava em situação de dificuldades na fala, em seus primeiros anos de
vida, ainda em processo de desenvolvimento cognitivo. Outro ponto que também nos motivou
para a realização da investigação foi por este assunto não ser um tema discutido nas escolas,
ocasionalmente, não ficando muito em pauta pelos profissionais da educação. Partindo disso,
acreditamos que o estudo servirá de auxílio na obtenção de maiores conhecimentos para
educadores, pesquisadores, famílias e outros sujeitos que se sentirem interessados
pessoalmente ou profissionalmente sobre os processos de desenvolvimento da oralidade.
Trouxemos para este estudo algumas inquietações traduzidas nestas questões:
Como se dá o desenvolvimento da oralidade das crianças de 3 e 4 anos de idade? Como ocorre o desenvolvimento da criança e de sua fala na Educação Infantil segundo os
pensadores Piaget (1984) e Vygotsky (1999)? De que maneira o professor pode trabalhar em
sala de aula para estimular a fala das crianças e dirimir suas dificuldades? Como a família
pode contribuir para o desenvolvimento desse processo?
Nesse sentido, abordaremos especialmente o desenvolvimento da fala em crianças
de 3 e 4 anos de idade buscando compreender a importância do papel da família, dos
professores de educação infantil e da sociedade como participantes e atuantes das
aprendizagens do sujeito nesse processo.
Diante desta realidade, o objetivo geral que orienta este trabalho consiste em:
Investigar os processos envolvidos no desenvolvimento da oralidade das crianças na educação
infantil. Para permitir uma compreensão mais ampla, buscou-se: compreender os processos de
fala da criança apresentando como os pensadores analisam seu desenvolvimento; avaliar de
que maneira os professores da educação infantil trabalham para desenvolver a oralidade da
criança e dirimirem as dificuldades encontradas; aferir maneiras de como a família pode
contribuir no desenvolvimento desse processo.
A pesquisa aqui apresentada encontra-se assim organizada: na primeira seção
abordaremos sobre o desenvolvimento da oralidade nas perspectivas de Vygotsky (1984) e
Piaget (1999) apontando seus pensamentos, estudos e investigações enfatizando o que dizem a
respeito da linguagem oral e os fatores que contribuem nesse processo. Além disso, também
trataremos a importância da família como meio de favorecer estímulos à fala através das
interações que realiza com a criança.
Na sessão seguinte falaremos a respeito do que dizem os documentos oficiais
sobre a Educação Infantil, esta que se divide em creche e pré-escola. Partindo disso,
abordaremos sobre as propostas pedagógicas, a importância que a escola tem na vida da
criança e os direitos que lhe são assegurados. Com base nisso, faremos relação com o que os
documentos trazem sobre o desenvolvimento da oralidade enfatizando a importância da fala
como meio necessário no desenvolvimento cognitivo; também abordando o papel do
professor e da escola como um dos principais participantes em favorecer e estimular a
construção de um rico vocabulário para a criança.
Com intuito de alcançar os objetivos da pesquisa, como metodologia,
organizamos nosso estudo em uma pesquisa de natureza qualitativa, através de um estudo de
caso associado por uma pesquisa bibliográfica que forneceu subsídios para as análises dos
dados coletados em nossa pesquisa de campo. Foi feita uma observação da vivência escolar de
uma criança de três anos e meio, que está cursando infantil nível III – creche, acompanhando por alguns dias um pouco da sua rotina na escola e em casa, seu comportamento com a
professora, com a família e seus colegas.
Por conseguinte, também realizamos uma entrevista com a professora da turma
por meio de um questionário, afim de melhor conhecer seu trabalho pedagógico. Logo depois,
apresentamos os resultados do estudo de caso, abordando a entrevista com a professora, a
observação da criança e a observação da pesquisa. Neste sentido, fizemos relação com alguns
teóricos para maior apropriação de conhecimento.
Nas considerações finais, abordamos os objetivos que alcançamos com a pesquisa,
respondendo as perguntas que foram propostas no trabalho. Concluindo a importância do
estudo realizado como fonte de pesquisa e enriquecimento teórico para todos os pais ou
responsáveis que buscam maneiras de dirimir dificuldades na fala da criança. Também para
professores e pesquisadores que buscam compreender o processo de evolução da linguagem e
favorecer seu desenvolvimento no intuito de alcançar melhorias, auxiliando em novos estudos
e pesquisas.
DESENVOLVIMENTO DA ORALIDADE NA INFÂNCIA
A presente sessão tem como objetivo apresentar os pensamentos que os autores
Vygotsky (1984) e Piaget (1992) têm acerca do desenvolvimento da fala da criança. Partindo
disto, ideias relevantes serão levantadas e refletidas, trazendo as concordâncias que os autores
possuem como também as diferentes percepções que fazem em relação ao tema abordado.
Desenvolvimento da fala nas perspectivas de Vygotsky e Piaget
A criança é um ser que nasce com diversas capacidades mentais e que por meio de
suas interações com a família e com outras pessoas que a cerca desenvolve diversas formas de
se comunicar. Partindo disso, a comunicação faz parte de um processo que está inteiramente
ligado as conjunto de habilidades que a criança possui, possibilitando que sua comunicação
não dependa apenas da fala, mas de outros mecanismos que veremos mais a frente. Segundo
Santos e Farago (2015, p. 115):
a partir dessa interação e do diálogo com outras pessoas, a criança desenvolve uma
inteligência denominada verbal, essa inteligência é guiada pela linguagem agindo
sobre as ideias. A criança começa a comparar, classificar, inferir, deduzir etc.,
criando modalidades de memória e imaginação indicando situações de desejo e
objetos do mundo externo, as crianças utilizam palavras que especifica
características próprias, servindo de instrumento para o diálogo e para o pensamento
discursivo.
Considerando esta afirmação, percebemos que a interação da criança com o mundo se
torna mais significativa possibilitando maior desenvolvimento de sua autonomia.
Na perspectiva de Vygotsky (1984), a criança tem contato com a linguagem através da
interação com outro indivíduo, ou seja, de maneira social, recebendo estímulos através de
suas primeiras interações por meio do contato com os pais e com a família.
Vygotsky (1984, p. 21) afirma que:
a fala da criança é tão importante quanto a ação para atingir um objetivo. As
crianças não ficam simplesmente falando o que elas estão fazendo; sua fala e ação
fazem parte de uma mesma função psicológica complexa, dirigida para a solução do
problema em questão.
Entretanto, a fala e a ação não se originam apenas no pensamento, mas também de
maneira primitiva, de forma independente. Nesse sentido, compreende-se que a fala está
ligada ao pensamento, mas não inteiramente. Vygotsky (1996, p. 208) afirma que: “a forma mais primitiva de fala é o grito e outras reações vocais que acompanham movimentos, fortes
emoções e assim por diante.”. Também dizendo que essas ações da fala “Têm suas raízes na
simples tendência a aliviar a tensão que se cria no organismo; não podem pretender outro
papel senão o de movimentos expressivos simples.”. Vygotsky (1996, p. 209) continua
afirmando que:
a fala e o pensamento podem ocorrer separadamente no adulto, mas isso não
significa absolutamente que esses dois processos não se encontrem e se influenciem
reciprocamente. Pode-se dizer exatamente o contrário: a convergência entre
pensamento e fala constitui o momento mais importante no desenvolvimento de um
indivíduo e é exatamente essa conexão que coloca o pensamento humano numa
altura sem precedentes.
Partindo disso, compreende-se que a fala também faz uma relação com o
pensamento, pois ao usar a linguagem para se comunicar, antes a mensagem passa pela mente
e logo depois é transmitida num tipo de fala interna, que se origina primeiramente no
pensamento.
A criança nasce sem conseguir compreender as linguagens que estão sendo
faladas ao seu redor, então, se comunica da sua forma mais primitiva, através de choros, gritos
e gemidos vai buscando manter uma comunicação com os adultos. No decorrer de suas
vivências com mundo a criança passa a perceber que as falas que escuta possuem significados
que auxiliam nas relações uns com outros. Nesse sentido, passa a perceber que fazendo uso de
certos sons e das combinações entre eles, ela se torna mais compreendida e passa conseguir o
que deseja da melhor maneira. Um exemplo que Vygotsky (1996, p. 209) traz é que, “dizendo
“am-am”, pode-se conseguir algo para comer, e dizendo “ma-ma”, pode-se chamar a mãe.”.
São nas imitações dos sons que escuta que a criança vai criando seu próprio
vocabulário. Com um ano de idade esses sons são mais frequentes e no decorrer de seu
crescimento sua linguagem vai se desenvolvendo. Por meio das junções de sons, a criança,
inicialmente, usa a fala para exprimir seus desejos e satisfazê-los, quando ela faz essa
percepção das palavras começa a ter curiosidade sobre tudo o que lhe interessa fazendo
perguntas sobre o nome das coisas e usando a fala de maneira constante. Logo, vai adquirindo
de maneira gradativa maior repertório ao seu vocabulário e “Finalmente, depois de
determinado período, começa a criar palavras ativamente, começando a ampliar seu estoque
insuficiente de palavras com novas palavras inventadas de improviso.” (VYGOTSKY, 1996,
p. 210).
O ser humano nasce com alguns instintos podendo ser expressos por meio de atos
intuitivos. Os sons que uma pessoa pode transmitir já nascem com ela, porém para que esses sons tornem possível um diálogo é importante que a criança receba estímulos. A oralidade
presente no meio social em que vive são aspectos fundamentais para que a criança crie
proximidades com a fala.
Conforme Rego (1995), a fala tem como função o contato social entre as pessoas,
ou seja, possibilita uma comunicação. Partindo disso, compreende-se que a linguagem é
impulsionada pela necessidade de se comunicar. Nesse sentido, os balbucios e o choro são
meios iniciais de comunicação não convencional que o bebê encontra para transmitir uma
determinada mensagem para quem cuida dele, expressando também através de sons, gestos e
expressões faciais ou corporais suas necessidades. Vygotsky (1984) nomeia essa fase como
período pré-intelectual do desenvolvimento da fala.
Além disso, a criança também nasce com necessidades de buscar soluções para os
conflitos que pode encontrar no seu dia a dia, sejam em suas brincadeiras ou em obstáculos.
Rego (1995, p. 64) dá o seguinte exemplo, “é capaz de se utilizar de um baldinho para encher
de areia ou de subir num banco para alcançar um objeto”. Vygotsky (1984) denomina esse
período como pré-linguístico do desenvolvimento no pensamento, não sendo expressa por
meio de atitudes diárias da criança.
A linguagem é o meio de interação entre os indivíduos de uma sociedade. Por
meio dela as relações sociais se tornam possíveis. Nessa perspectiva, o adulto faz uso da
linguagem para se comunicar dando significado aos sons, gestos e expressões da criança para
sua maior inserção no mundo social. Rego (1995, p. 65) afirma que:
Na medida em que a criança interage e dialoga com os membros mais maduros de
sua cultura, aprende a usar a linguagem como instrumento do pensamento e como
meio de comunicação. Nesse momento o pensamento e a linguagem se associam,
consequentemente o pensamento torna-se verbal e a fala racional.
Segundo Rego (1995), Vygotsky (1984) em seus experimentos percebe o
desenvolvimento da fala como um processo que inicialmente se dá de uma fala exterior para
uma fala egocêntrica e seguidamente para uma fala interior. A fala egocêntrica seria aquela
que ocorre entre a fala exterior e a interior.
A criança inicialmente utiliza a fala como meio de o adulto suprir suas
necessidades, um exemplo seria a criança pedir ao adulto algo que não está ao seu alcance,
conforme Rego (1995, p. 66) a fala “não é utilizada como um instrumento do pensamento.
Vygotsky chamou essa fala de discurso socializado”.
Já em outro momento a criança passa a internalizar essa fala e começa a interagir
com ela mesma, na busca de sozinha conseguir o que quer. Ela planeja em seu pensamento como alcançar tal objeto e assim internamente interage com suas ideias e possibilidades de
conquista. Segundo Rego (1995), Vygotsky nomeia esse processo como discurso interior.
No terceiro momento a criança passa a expor em voz alta os planejamentos que
faz em seus pensamentos, num processo ainda maior de interação com ela mesma. Ela não se
dirige mais ao adulto na busca de alcançar o objeto, e seus planejamentos não ficam mais
somente internos em seus pensamentos, agora a criança fala em voz alta o que deseja e como
fará para conquistar.
Partindo disso, é possível perceber que a fala ocorre por meio de relações com o
pensamento e também individualmente, ou seja, na sua forma primitiva. Seu processo na
perspectiva Vygotskyana se dá por meio das interações sociais, sendo necessárias para seu
desenvolvimento estímulos dos adultos na socialização com a criança e da criança com o
meio influenciando em seus pensamentos e suas ações sobre o mundo e o meio que a cerca.
Piaget (1999), em sua perspectiva em entender como o sujeito se constrói,
dedicou-se a estudar sobre como se organiza o conhecimento do mundo real no indivíduo.
Para isso elaborou experimentos e testes em suas observações do desenvolvimento infantil,
incluindo até seus filhos. Nesse sentido, buscou compreender o processo de desenvolvimento
humano numa perspectiva biológica na qual o conhecimento se desenvolve a partir das
experiências que o sujeito vivência, separando em quatro estágios que são: sensório motor (0
a 2 anos); pré-operatório (2 a 7 anos); operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) e o das
operações formais (11 ou 12 anos em diante).
No sentido de melhor abordagem da pesquisa trataremos mais sobre o estágio das
pré-operações, pois é nesse período em que mais se aparece o uso da linguagem, que acaba
por trazer modificações nos aspectos intelectual, afetivo e social. Partindo disso, o
aparecimento da linguagem acaba por estimular o desenvolvimento do pensamento, ou seja,
as imaginações da criança passam a ser exposta em suas brincadeiras, agora ela brinca e diz o
que brinca. Como por exemplo, se imagina que um simples chapéu é um chapéu de bruxa, a
criança brinca e ao mesmo tempo narra todo o seu momento de diversão.
“A criança desse período apresenta um pensamento pré-operacional, com
comportamento egocêntrico, concebendo a existência de um mundo a partir de sua própria
perspectiva, centrada em si mesma.” (PILETTI, 2014, p. 139). Nesse sentido, é quase
impossível que realize trabalhos em grupo, além de não conseguir se colocar no lugar do
outro. Portanto, cabe ao adulto e ao professor estimular as relações de diálogo entre as
crianças. Como por exemplo, organizar o ambiente de modo que proporcione essa
comunicação e auxiliar no processo de uso da fala por meio de diálogos significativos.
Outro aspecto importante sobre a fase das pré-operações é que muito da
linguagem da criança parte de práticas imitativas por meio das observações que faz dos
adultos. Com base nisso, é importante que o adulto atente para o que fala, pois a criança o
percebe como um modelo a ser seguido. Além disso, na perspectiva de Piaget, Falcão (2003)
percebe que:
A participação do adulto na vida da criança vai tomando novos rumos a partir do
momento em que ela, atingido o pensamento simbólico, se capacita para o
entendimento da linguagem verbal. (...) A linguagem garante a socialização da ação
e permite à criança aprofundar seu relacionamento com os demais seres humanos
(FALCÃO, 2003, p. 202).
No aspecto afetivo, Bock (1999, p. 103) aponta que “surgem os sentimentos
interindividuais, sendo que um dos mais relevantes é o respeito que a criança nutre pelos
indivíduos que julga superiores a ela. Por exemplo, em relação aos pais, aos professores.”. É
nesse momento que a criança passa a refletir sobre a obediência, vendo no adulto alguém que
rege as regras. Com o tempo esses pensamentos vão ganhando novos significados, de acordo
com as experiências que ela vai adquirindo, esse processo ocorre por meio da assimilação e da
acomodação. Nesse sentido, Cada conhecimento novo que é assimilado modifica a pessoa, enriquecendo-a.
Porém, é sobretudo na acomodação que se constata a aprendizagem. A acomodação
é uma alteração na própria estrutura mental; é uma nova forma, mais complexa e
profunda, de ver as coisas ou de pensar, que vai permitir um tipo diferente de
assimilação (FALCÃO, 2003, p. 201).
Piaget (1999, apud SANTOS e FARAGO, 2015) compreende que a comunicação
ocorre inicialmente com as pessoas que convivem com a criança, que são a família e a escola,
sendo estes os dois meios principais para um bom desenvolvimento da linguagem oral. Nesse
sentido, a fala se dá a partir das interações que o adulto estabelece com a criança fazendo com
que essa se sinta um sujeito capaz de se comunicar e torne-se participante do meio que vive.
Santos e Farago (2015, p.120) dizem que:
Podemos considerar que a fala se dá a partir da interação estabelecida pelas crianças
desde que nascem, as situações cotidianas em que os adultos falam com ou perto
delas fazem com que as mesmas conheçam e apropriem-se do mundo discursivo e
dos contextos em que a linguagem oral é produzida.
Portanto, o constante uso da linguagem oral favorece esse desenvolvimento,
aproximando a criança da fala através de estímulos que vivencia em seu dia a dia. Partindo
disso, a escola também faz parte desse processo por ter um papel fundamental de proporcionar e estimular usos contínuos da fala em atividades diárias que o professor pode trabalhar com
seus alunos.
Com base nisso, atividades propostas devem estimular a participação da criança e
fazer com que esta se sinta parte das relações de comunicações, proporcionando, se possível,
uma grande quantidade de materiais que instiguem sua inteligência por meio de desafios e
investigação. Além disso, a relação com outra criança também é fundamental para que através
das interações desenvolva suas capacidades linguísticas, pois mesmo com o adulto tendo sua
importância nesse processo, essa troca possibilitará uma superação dos desafios que ocorrem
de igual pra igual.