POR RENATA BRAVO - DESDE 2013
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No mundo globalizado, nos deparamos com um consumismo exagerado na aquisição de bens de consumo por parte de todas as populações e, com isso, acabamos produzindo uma quantidade enorme de lixo por habitante, cujo destino final nem sempre é o adequado pelos governos e políticas de saúde dos países. Estudos revelam que 30% do lixo produzido no Brasil, são jogados nas ruas sem nenhuma preocupação por parte da população, isto acaba ocasionando problemas sérios e graves ao meio ambiente que afetam a todos nos grandes centros urbanos. Problemas como: entupimento de bueiros e galerias pluviais, podem causar doenças transmitidas pela água contaminada que tem dificuldade de escoar, propiciando doenças como: cólera, hepatites, leptospirose, dengue entre outras. A contaminação do solo também é um indicativo importante para surgimento de outras doenças na população, cuja transmissão ocorre predominantemente por animais sinantrópicos como: roedores, insetos, aranhas entre outros. É importante que tenhamos uma responsabilidade ambiental no sentido de mudar paradigmas, nos cerceando de conscientização coletiva, para mudança de hábitos nas pessoas, para que possamos melhorar a nossa qualidade de vida com atitudes como:
-Realizar coleta seletiva de lixo em: indústrias, residências, serviços de saúde, restaurantes e Instituição de longa permanência para idosos entre outros; -Utilizar materiais recicláveis na construção civil; -Estimular o surgimento de cooperativas com inclusão de catadores de materiais recicláveis; -Preservar e recuperar áreas verdes; -Estimular a agricultura urbana; -Usar copos individuais nos locais de trabalho.
Com estas atitudes individuais, conseguiremos alcançar o objetivo de um meio ambiente mais saudável e agradável para futuras gerações, isentando-as de acometimento por doenças e complicações destas, que podem evoluir para mortes, decorrentes do desrespeito ao solo urbano e rural , no qual estamos vivenciando atualmente.
VAMOS SUPERAR A ERA DO DESPERDÍCIO E TRANSFORMAR O LIXO EM RECURSO.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

O melhor adubo depende do tipo de planta, do objetivo e do momento da aplicação:

A jardinagem é uma atividade gratificante, e nada se compara à sensação de cultivar suas próprias ervas frescas em casa. Se você é um entusiasta da jardinagem e está procurando maneiras de garantir o crescimento saudável de suas plantas. Descubra como o adubo natural pode enriquecer o solo, fornecer nutrientes essenciais e impulsionar o crescimento exuberante da sua cebolinha.

Esterco bovino - É um adubo orgânico rico em macro e micronutrientes, além de fibras que ajudam a reter água e melhorar o crescimento das raízes.  

Húmus de minhoca - Também conhecido como vermicomposto, é um adubo natural produzido pelas minhocas, que decompõem resíduos orgânicos e deixam os nutrientes para as plantas.  

Adubo mineral - É o mais utilizado pelos agricultores, por ser barato e conter minerais como ureia, nitrogênio, potássio e fosfatados.  

NPK - É uma fórmula química composta por nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), que é comum em lavouras, hortas e jardins. O NPK 4-14-8 é recomendado para preparar o solo para o plantio. Já o NPK 20x05x20, com maior concentração de nitrogênio e potássio, é usado para preparar o solo antes do plantio e no início do ciclo de vida das frutíferas.  

Adubação pneumática É feita em culturas com grande espaçamento entre as plantas e entre as linhas, por meio de semeadoras pneumáticas.  

Para o momento do plantio, os fertilizantes químicos ou granulados são os mais recomendados.



quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

A panela mais adequada para fazer comida depende do que pretende preparar e do material da panela:

 Panela de cerâmica: É uma opção segura e saudável, pois é atóxica e não transfere resíduos para os alimentos. É ideal para saltear e grelhar.

Panela de ferro fundido: Libera pequenas quantidades de ferro nos alimentos, o que pode ser benéfico para quem precisa aumentar os níveis do mineral. Além disso, o ferro fundido pode enriquecer os alimentos com ferro, ajudando a prevenir anemia.

Panela de aço cirúrgico: É atóxica e não possui substâncias como níquel, chumbo ou alumínio.

Panela de vidro: É atóxica e não transfere resíduos para os alimentos.

Panela de inox: É resistente e distribui o calor de forma igual por sua superfície. No entanto, contém níquel, que é tóxico e pode se desprender da panela ao longo do uso.

Panela antiaderente: É ótima para grelhar, fritar e selar alimentos.

Caldeirão e caçarola: São muito parecidos e servem para fazer ensopados, cozidos e alguns preparos com carne. A diferença é que o caldeirão é mais profundo e cabe mais água.


A melhor opção de utensílio de cozinha depende do que você pretende fazer com ele e das características que você considera mais importantes:

Vidro

É considerado um dos materiais mais saudáveis para utensílios de cozinha, pois não libera resíduos nos alimentos e é inerte a alimentos ácidos. É também muito higiênico e permite acompanhar o preparo dos alimentos sem abrir a tampa. No entanto, é frágil, pesado e aquece com facilidade, podendo queimar o alimento.

Alumínio
É popular, fácil de encontrar e de manusear, e aquece rapidamente. É indicado para serviços que exigem resultados leves.

Inox
É resistente, durável e não libera resíduos nos alimentos. No entanto, não é antiaderente, por isso exige mais cuidado no cozimento. Para limpar, pode-se usar vinagre, limão e bicarbonato.

Cerâmica
Preserva o sabor dos alimentos e mantém-nos aquecidos por mais tempo. É fácil de lavar e tem grande poder antiaderente. Para limpar, pode-se usar esponja macia, detergente e água morna.

Panelas de aço cirúrgico, porcelana e cerâmica também são atóxicas, ou seja, não possuem substâncias na sua composição que podem causar intoxicação no organismo.

Não se deve arear a parte interna de panelas de alumínio ou aço inox. A areação, que consiste em esfregar a panela com palha de aço ou areia, pode fazer com que substâncias do metal migrem para o alimento. Essas substâncias podem estar relacionadas com problemas neurológicos.

Para limpar a parte interna da panela, pode-se usar:
- Bicarbonato de sódio e água quente, deixando de molho por uma noite
- Vinagre e água quente, deixando de molho por uma noite

A parte externa da panela pode ser areada, mas é importante evitar o contato da palha de aço com a superfície de metal.
Panelas com revestimento a
ntiaderente não precisam ser areadas, pois o revestimento evita manchas e sujeira

Aproximar a ciência do cotidiano desperta a vontade do conhecimento e facilita o aprendizado. E contribui também para os processos de educação alimentar e nutricional


A ciência na cozinha é o estudo dos fenômenos físicos, químicos e biológicos que ocorrem durante o preparo dos alimentos, e que transformam ingredientes simples em pratos incríveis.

A cozinha pode ser considerada um laboratório, pois nela se encontram vários reagentes, como temperos, óleos, ácidos, e reagentes biológicos, como o fermento.  

A ciência culinária é a capacidade de saber que a comida é mais do que apenas comida, e de ter as ferramentas para fazer perguntas e encontrar as respostas para elas.  

A ciência está presente na cozinha de várias formas, como: 

- A química, pois quase tudo que cozinhamos e comemos é feito de carbono, oxigênio e hidrogênio  

- A física, pois na cozinha se aplicam conceitos como atrito, pressão, elasticidade, cinemática, dinâmica, eletricidade, e estudo do meio

- os riscos de uso de determicadas panelas, como as de alumínio 

- os benefícios do azeite para a saúde

- os riscos do consumo de gorduras saturadas

- a ação dos conservantes e realçadores de sabor colocados nos alimentos ultraprocessados

A cozinha e a ciência estão relacionadas de diversas formas, como:

- A cozinha pode ser considerada um laboratório, pois nela se encontram vários reagentes, como temperos, óleos, ácidos e fermento.

- A culinária é uma atividade que está ligada à natureza, à ciência e à biologia.

- O conhecimento da ciência na cozinha é importante para o reaproveitamento de alimentos, diminuindo o desperdício e o lixo orgânico.

- O conhecimento da química é fundamental para saber como aplicar os compostos presentes em temperos em alimentos industrializados ou em preparações.

- A gastronomia é uma ciência estudada há muitos séculos, e vários equipamentos, utensílios e processos culinários surgiram da curiosidade dos pesquisadores.

- A ciência culinária e a ciência alimentar são abordagens diferentes, mas ambas podem ser utilizadas para desenvolver novos produtos alimentícios.

- A comida é um elemento característico de identidades distintas, que se realizam por meio de tradições, regionalismos, modelos de cozinha e saber-fazer específicos


“Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade”. Charles Chaplin


Os objetivos desse trabalho são:

- Analisar o herói moderno e suas relações com a cidade.

- Identificar a solidão e a melancolia do homem na cidade moderna.

- Citar a influência e o impacto do maquinismo e das utopias técnico-científicas na contemporaneidade, especialmente no filme “Tempos Modernos” de Charles Chaplin.

Chaplin foi uma figura bastante crítica em relação à história da sua época e do cinema. Estudar Carlitos como herói moderno em seus filmes é um grande desafio. Ele constrói, através de seus filmes, representações da realidade e através disso acrescenta o riso e a dor, mexendo assim com o sentimento das pessoas. Na maioria de seus filmes, são sugeridos estímulos que provocam o riso e o choro, aliviando e gerando novas tensões, uma vez que o sentido trágico da vida domina toda a sua obra. Porém, Carlitos consegue esconder, habilmente a tragédia sob seu delicado humor.

As características mais marcantes nos filmes de Chaplin seriam basicamente, esses objetivos a serem analisados neste artigo. No primeiro objetivo, que seria analisar o herói moderno e suas relações com a cidade, irei analisar principalmente no filme “O Garoto”, onde Chaplin mostra que ainda é possível ser uma pessoa boa em meio a tantas diferenças sociais na cidade moderna. O herói é visto como uma pessoa que entra em confronto com a modernidade, mantendo um relativo afastamento da multidão e de tudo que a cerca. Além disso, é aquele que tem um confronto com o mundo, que o pressiona com todas as suas tecnologias modernas. O herói não consegue, assim, viver desse modo tão intenso, como toda essa multidão, sugada pela modernidade. Mas sem abandonar a multidão e a modernidade, consegue diferenciar-se da primeira e manter sua individualidade. E é isso que Chaplin irá mostrar em seu personagem Carlitos.

Já no filme “Luzes da Cidade”, irei discutir o segundo objetivo: a solidão e a melancolia do homem na cidade moderna. Pois nesse filme ele demonstra muito a solidão frente às pessoas que já não se interessa mais em viver, conversar, ou até mesmo cumprimentar umas as outras, pois se tornaram frias e sem sentimentos. Foram essas pessoas que a modernidade criou e domesticou. Carlitos irá buscar a pureza e a sinceridade numa mulher cega e sem maldade, pois essa não vê o mundo ao seu redor e por isso confunde Carlitos com um homem rico. Mas a partir do momento que volta a enxergar, com a ajuda de Carlitos, essa o despreza porque vê que ele não é um homem rico. Suas esperanças se foram junto com a cegueira da mulher. E por ele não conseguir inserir-se nesse mundo, acaba se tornando uma pessoa triste e melancólica. Essa é uma característica da cidade moderna, as pessoas necessitam ouvir os barulhos produzidos pela era moderna, mas não costumam mais usar o olhar e a fala, a ponto dessas ficarem se olhando por minutos a fio sem dizer uma só palavra, só escutando os barulhos das fábricas, dos carros, enfim, os barulhos da modernidade.

Vale frisar que essas características estão em todos os seus longas-metragens. Mas analisando cada um detalhadamente, veremos que cada característica está mais num filme que em outro, pois Chaplin queria mostrar, talvez mesmo sem saber, passo a passo de uma pessoa que não conseguia se inserir nesse mundo moderno.

Nesse momento irei frisar um aspecto na filmografia de Chaplin, que seria a representação da máquina e da técnica no filme “Tempos Modernos” – 1936.

Chaplin no seu filme “Tempos Modernos”, mostra o seu personagem Carlitos como sendo uma cobaia desses tempos e da modernidade em que se insere. A máquina vai ser o principal objeto de Chaplin que mostra em Carlitos a pessoa que não se acostuma a ela.

Vemos, a partir do filme, a submissão do corpo à máquina. A cena em que Carlitos repete vários gestos iguais e depois sai à rua repetindo os mesmos gestos, mostra bem essa submissão. O corpo do personagem não consegue se controlar em meio às máquinas que estão cada vez mais velozes, ou seja, o corpo torna-se escravo dessas máquinas. Carlitos, por ser uma pessoa que não consegue se acostumar com essa rapidez da industrialização, sofre um pouco mais e acaba entrando em uma neurose, ou seja, ele se transforma numa máquina que sempre repete seus movimentos sem parar um segundo sequer. Chaplin quer mostrar a partir disso, que os trabalhadores da era industrial irão virar uma máquina, não conseguindo controlar seus próprios movimentos, perdendo assim a sensibilidade dos gestos. Além disso, esse trabalhador saberá fazer uma só coisa, que será o seu objeto de trabalho, como por exemplo o único movimento de Carlitos na fábrica.

Claro que Chaplin põe isso de um modo cômico, fazendo com que as pessoas riem de coisas que estão acontecendo com elas próprias, pois Chaplin expressa a modernidade através dos filmes de modo que o expectador tenha um olhar mais crítico de uma situação já vivenciada por ele, mas ainda não pensada mais a fundo. O que o expectador não percebia, na sua dura rotina, consegue agora perceber através de um filme. A partir daí, esse imaginário será usado pela coletividade para formar uma certa identidade. A função do símbolo, o filme, é de introduzir valores, modelando os comportamentos individuais e coletivos. Além disso, o símbolo é construído a partir de experiências dos expectadores, seus desejos e motivações. O cinema, nessa era de modernidade, se preocupa em fazer com que as realidades do nosso mundo fiquem mais próximas do público, e a partir disso, é criado um desejo, do público, sobre o cinema. Cada dia fica mais irresistível a necessidade de possuir o objeto, de ter tão perto quanto possível, na imagem, na sua cópia e na sua reprodução.

Por isso supomos que esse riso do público é um riso não de alegria, mas de preocupação, pois a partir daí a imaginação do público será desperta para algo real, que até então esses não haviam percebido.

O cinema faz com que nós, o público, nos percebamos diante de coisas que fazem parte de nossa vida, e que passam sobre uma simples tela de cinema. Ficávamos presos a um mundo que era só aquilo e pronto, mas com a sua chegada, o cinema permitiu-nos que empreendêssemos viagens a longas distâncias. Essa natureza que se dirige à câmara não é a mesma do nosso olhar. A diferença está no fato de que o espaço em que o homem age conscientemente é substituído por outro, em que sua ação é inconsciente.

Na fábrica que Carlitos trabalha vemos uma alta tecnologia, o que aliás é uma das principais características da modernidade vinda com a Revolução Industrial. Essa, por sua vez, é vista no filme como algo ruim para as pessoas e os operários, pois nada nessa época tem limites e acaba fazendo com que o operário se transforme em uma espécie de “máquina humana”. Além das máquinas, vemos câmeras que controlam o trabalho dos funcionários, ou seja, controlam o tempo e como trabalham. Podemos notar até mesmo o exagero dessas tecnologias sobre os funcionários da fábrica, na cena em que Carlitos é cobaia de um experimento que faz com que o operário faça sua refeição e ao mesmo tempo trabalhe. A partir do humor, Chaplin mostra o trágico dessa modernidade: as máquinas irão controlar completamente a vida das pessoas, tanto a dos operários como das pessoas comuns. Entra a questão, aqui, do conceito de tempo dessa modernidade, pois até na hora de almoçar não se deve parar para não atrasar a produção.

Voltando à cena em que Carlitos faz movimentos únicos sobre os parafusos, vemos, de novo, a alienação da máquina sobre o corpo. A partir do momento que o dono da fábrica acha necessário aumentar o ritmo de trabalho, o corpo do personagem é obrigado a aumentar o ritmo e os gestos, se sujeitando à velocidade da máquina. Pois a preocupação nessa era da industrialização não é o ser humano, mas o tempo imposto sobre a produção. Se essa atrasa, a velocidade terá que aumentar, pois o tempo a partir dessa época, é dinheiro.

Outro exemplo é a cena em Carlitos é “engolido” pela máquina de parafusos, onde se mostra todo o mecanismo interior da máquina e Carlitos dentro dessa passa um ar de tranqüilidade, pois esse está tão abalado que para ele parece totalmente normal fazer parte do mecanismo dessa máquina. Este é um ótimo exemplo da apropriação do corpo pela máquina, pois essa suga, literalmente, o corpo do personagem Carlitos.

Charles Chaplin nesse filme mostra, através das grandes tecnologias, uma crítica a essa modernidade avançada, e usa Carlitos para mostrar o descompasso desse com o mundo moderno. Carlitos é incapaz de viver nesse mundo, pois ele é ainda aquele ser humano puro de alma, aquele que não consegue acompanhar o avançado desenvolvimento das máquinas e da sociedade. Mas, ele não é mais um homem perdido no mundo, inconsciente de seu drama. Agora ele conhece o sentido da existência, sabe que a liberdade é inútil se não há meios para fluí-la.

No filme vemos muitas cenas que mostram esse Carlitos, que parece não saber que existe tanta maldade, pobreza e tantos avanços. Numa cena em que ele pega a bandeira vermelha e acena para o caminhão, de onde esta caiu, ele nunca iria imaginar que podia ser preso como sendo um líder sindical, pois logo atrás de Carlitos estavam os grevistas fazendo sua manifestação. A ingenuidade desse personagem transpassa por todo o filme.

Mas apesar disso, ele acaba fazendo seus planos de ter uma casa, de constituir uma família e arranjar empregos, a partir do momento em que se apaixona por uma plebéia. Mas seus planos acabam não dando certo, e Chaplin novamente mostra sua crítica à modernidade, pois Carlitos, por ser essa pessoa ingênua e humana, não está preparado para esse mundo, pois não é aceito, e, não consegue sucesso em meio a tanta maldade, pobreza e confusão.

No final do filme, Carlitos se despede de seu mundo rumo a um lugar que dê espaço para ele, ou seja, o mundo anterior a essa modernidade. Esse seria o último filme de Carlitos, pois no mundo moderno não havia mais espaço para ele. E seria o último filme mudo de Chaplin, pois também não existia mais espaço para seus filmes mudos em meio aos avanços dos filmes sonoros, e que acima do valor do progresso se coloca o valor do homem.

O que se passa, no filme é a questão da melancolia, talvez até mesmo a tristeza pelo que esta acontecendo no mundo, por ser seu último filme como Carlitos, pois a partir daí esse já não irá mais existir. “Tempos Modernos” é uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a humanidade em busca de felicidade.

O filme adquiriu uma importância para a compreensão dos comportamentos, das visões e das ideologias de uma sociedade ou de um momento histórico, no caso, a emergência e consolidação da modernidade. Esse pode tornar-se um documento para a pesquisa. Tanto quanto a própria história, a idéia de cinema expressa um conjunto infinito de realidades e de informações, pois todo o filme é um documento histórico. O cinema na história designa o cinema como documentação para a investigação historiográfica. Com isso vemos que o cinema já faz parte do estudo historiográfico.



Nise da Silveira foi uma médica psiquiatra brasileira que revolucionou o tratamento de doenças mentais no país e é considerada uma das personalidades mais importantes da psiquiatria brasileira:

 

- Foi uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no Brasil  

- Foi pioneira na terapia ocupacional e na introdução de tratamentos humanizados  

- Foi a primeira a pesquisar as relações emocionais entre pacientes e animais, que chamava de coterapeutas  

- Fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, que preserva os trabalhos produzidos por pacientes  

- Introduziu a psicologia junguiana no Brasil  

- Inspirou a criação de museus, centros culturais e instituições terapêuticas no Brasil e no exterior  

- Seu trabalho e princípios fortaleceram a luta antimanicomial  

Nise da Silveira foi uma médica corajosa e sensível que lutou contra as práticas violentas nos hospitais psiquiátricos. Ela demonstrou falhas na psiquiatria tradicional e propôs soluções que humanizaram o tratamento dos pacientes.


Bióloga e pioneira ativista feminista no Brasil

"Nesta casa eu me sentia livre para introduzir métodos inusuais, o tratamento fundamental fazia-se através de habilidades expressivas, não havia médicos vestindo jalecos, não havia enfermeiros, mas sim monitores que estavam ao lado para ajudar em uma ou outra dificuldade. As portas e janelas estavam sempre abertas”, referia-se Nise à Casa das das Palmeiras, clínica pioneira em regime de externato criado em 1956.


Nise da Silveira, nasceu em Alagoas no dia 15 de fevereiro de 1905, teve formação católica na infância e estudou em um colégio de freiras, em Maceió. Seu pai era professor de matemática e jornalista e sua mãe pianista. Em 1926, Nise concluiu o curso de medicina, sendo uma das primeiras mulheres a se formar médica no Brasil e a única mulher de sua turma, formada por 57 homens. Foi nessa época que aproximou-se do colega de curso Mário Magalhães da Silveira e com ele se casou. O casal de médicos não teve filhos, preferindo se dedicar ao trabalho, e quanto trabalho e dificuldades Nise enfrentou. Ao ingressar no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, ficou horrorizada com os tratamentos violentos, comuns nesse contexto e passou a travar uma luta em busca de trazer para esses pacientes, que estavam entre a loucura e a exclusão social, um pouco de dignidade. Aluna do psiquiatra suíço Carl G. Jung, Nise valorizava o tratamento humanizado e inseriu a pintura e modelagem em argila como técnicas de atendimento. Isso possibilitou que as pessoas se expressassem por meio da arte, transmitindo em cores, formas e símbolos suas angústias mais profundas, no que mais tarde foi chamado de arteterapia. Nise era contra o confinamento e isolamento dos internos. Foi inserida a convivência com animais - que a médica chamava de co-terapeutas - o que contribui para baixar os níveis de estresse e ansiedade, diminuindo crises dos pacientes.

Com o desenvolvimento do processo artístico com os internos, Nise reúne os trabalhos dos pacientes e percebe que era necessário criar um espaço para sua conservação e preservação. Assim, funda em 1952 o Museu de Imagens do Inconsciente, que abriga um importante acervo desses documentos.

Como consequência de seus ideais, na década de 30 a médica envolve-se com o PCB (Partido Comunista Brasileiro), o que lhe rende muitos problemas com o governo de Getúlio Vargas. Em 1936, uma enfermeira do hospital em que Nise trabalhava fez uma denúncia, o motivo era porque em cima da mesa de Nise, além de livros de psiquiatria, haviam os de comunismo e marxismo. Nise foi presa no mesmo dia e permaneceu encarcerada por um ano e meio “ Porque passei pela prisão eu compreendo as pessoas e os animais, que estão doentes, pobres e que sofrem, eu me identifico com eles, Sinto-me um deles”. Na prisão conhece o escritor Graciliano Ramos, que mais tarde a citará na obra autobiográfica Memórias do Cárcere.

Depois de libertada, precisou se retirar do trabalho em hospitais públicos entre 1936 e 1944 devido à perseguição política, vivendo por 8 meses na clandestinidade. Foi depois desse período que Nise iniciou o trabalho no Hospital do Engenho de Dentro. Não se cura além da conta, gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura (...) Vivam a imaginação pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente nunca convivi com pessoas muito ajuizadas”.

Dentre as inúmeras curiosidades sobre Nise está que diariamente ela saia à noite para alimentar gatos e com eles permanecia meditando. Inclusive escreveu um livro a respeito chamado “Gatos, a emoção de lidar”. Além das artes, Nise da Silveira também introduziu cães e gatos na vida de seus pacientes, para que se apegassem a eles, criando um elo com o mundo real. “Observei que os resultados terapêuticos das relações afetivas entre o animal e o doente eram excelentes". Mas era difícil que essa idéia tivesse campo para desenvolver-se. No Brasil a aproximação entre doente e animal, infelizmente, ainda não era cultivada. Ela dizia que os gatos são excelentes companheiros de estudos, amam o silêncio e cultivam a concentração. Cultivo muito a independência. Por isso gosto do gato. Muita gente não gosta pela liberdade que ele precisa para viver. O gato é altivo, e o ser humano não gosta de quem é altivo.”

Em 1999 no Rio de Janeiro, Nise, permaneceu internada por um mês devido a complicações de uma pneumonia e aos 94 anos morreu por insuficiência respiratória. Mas sua memória continua viva e seu legado para concretizar direitos aos portadores de transtornos mentais fortalece a luta antimanicomial.


terça-feira, 31 de dezembro de 2024

A virada de ano tem origem em diversas tradições e culturas, incluindo:


Comemoração do Ano-Novo no mundo ocidental - A comemoração ocidental do Ano-Novo teve origem no decreto do líder romano Júlio César, que em 46 a.C. fixou o 1º de janeiro como o "dia do ano-novo". Os romanos dedicavam esse dia a Jano, o deus dos portões.  

Réveillon - A palavra "Réveillon" vem do francês "Réveiller", que significa despertar, acordar, reanimar. A tradição teve início na França no século 17, quando designava festas da nobreza que duravam a noite inteira. 

Tradições de Ano-Novo no Brasil - A comemoração de Ano-Novo no Brasil tem origem nas religiões de matriz africana e afro-brasileira, como o candomblé e a umbanda. Algumas tradições brasileiras de Ano-Novo são:  

- Usar roupa branca  

- Pular sete ondas  

- Fazer oferendas ao mar  

- Soltar fogos 

Acredita-se que a tradição de soltar fogos tenha origem na China há mais de 2 mil anos. Os fogos eram utilizados para espantar espíritos malignos.


O Réveillon é comemorado de diferentes formas. Aqui no Brasil, muitas pessoas pulam 7 ondas à meia noite. Cada país vai adaptar a celebração a sua cultura, clima, entre outros fatores.  

- Hogmanay em Edimburgo - A véspera de Ano Novo é na verdade uma celebração de três dias na capital da Escócia - e em todo o país. Em 30 de dezembro, 8.000 foliões segurando tochas criam um "rio de fogo" que serpenteia pelas ruas da Cidade Velha, de Parliament Square a Calton Hill. Para encerrar a procissão, flautistas e tambores caminham no mesmo ritmo.  

- Comer uvas na Espanha  

Comece bem as suas resoluções de ano novo para a saúde, graças à tradição espanhola de comer 12 uvas, uma para cada badalada da meia-noite. É mais difícil do que parece (as pessoas até praticam), mas se você for bem-sucedido, a tradição diz que terá um ano de prosperidade. O lugar para fazer isso é na Puerta del Sol em Madrid para Nochevieja (ou Réveillon).  

- Atirar pratos na Dinamarca - Atirar coisas contra a casa de alguém pode ser considerado azar - mas na Dinamarca, as pessoas guardam pratos e copos lascados o ano todo só para a véspera de Ano Novo. Naquela noite, eles vão à casa de amigos e familiares e os jogam contra a porta da frente. Quanto mais fragmentos você tiver à sua porta na manhã seguinte, mais popular você será.  

- Festejando sete, nove ou 12 vezes na Estônia - Quem gosta de comida deve ir para a Estônia para a véspera de Ano Novo - não só a capital Tallinn é excepcionalmente linda, mas a tradição da véspera de Ano Novo de comer um número sortudo de refeições é uma boa desculpa para se deliciar. E não pense que você pode se safar com uma ou duas refeições extras - os números sete, nove e 12 são considerados os mais sortudos. E como diz a tradição, comer sete, nove ou 12 vezes significa que você terá a força de tantos homens (gostaríamos de pensar que as mulheres também) no ano novo. Mas você não precisa terminar tudo em seu prato; deixar um pouco de comida deixará os espíritos ancestrais felizes.  

- Tocar sinos 108 vezes no Japão - No Japão, a véspera de Ano Novo (ou Omisoka) é celebrada com o toque de sinos em templos budistas. No entanto, em vez de apenas uma dúzia de vezes, acredita-se que tocar um sino 108 vezes - o número de desejos humanos e, portanto, causas de sofrimento, de acordo com a tradição budista - dissipará emoções e mentalidades negativas. Se você estiver em Tóquio, testemunhe o ritual no icônico Templo Zojoji da cidade.


A virada do ano antes de Cristo (a.C.) era comemorada em março, de acordo com a tradição de algumas civilizações antigas. Isso porque era a época do fim do inverno e da chegada da primavera.  

No Império Romano, o ano começava em março e terminava em dezembro, com base nos ciclos da lua e das estações do ano. O calendário tinha 10 meses e desconsiderava o inverno, que era de 61 dias. No século VIII a.C., os meses de janeiro e fevereiro foram adicionados ao início do calendário.  

Em 46 a.C., o imperador Júlio César decretou que o ano-novo seria comemorado no dia 1º de janeiro, baseado no calendário juliano. A data foi oficializada no final do século XVI, com a adoção do calendário gregoriano pela igreja católica.  

A Era Cristã, também conhecida como Era da Graça ou Anno Domini (A.D.), é marcada por anos antes de Cristo (a.C.) e depois de Cristo (d.C.). A cronologia não considera o ano zero, de modo que o ano 1 a.C. é seguido imediatamente pelo 1 d.C.


segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

A teoria de Karl Marx.

*** Não é possível falar de sustentabilidade sem considerar Karl Marx, pois alguns intérpretes de seu trabalho argumentam que sua visão de sociedade poderia permitir uma gestão mais equilibrada dos recursos naturais.  

Marx não abordou a sustentabilidade diretamente, mas sua visão de uma sociedade, onde os meios de produção são controlados coletivamente, poderia permitir uma economia planejada e voltada para as necessidades da comunidade.  

Marx também descrevia uma relação de reciprocidade entre os seres humanos e a natureza. Nos Manuscritos econômico-filosóficos de 1844, ele dizia que o ser humano vive da natureza, que é seu corpo, e que precisa estar em processo contínuo com ela para não morrer.***

***Suas ideias e obras tiveram um impacto significativo na sociedade, na economia e na política, e continuam a ser relevantes hoje:  

- Análise científica - da sociedade Marx foi um dos primeiros pensadores a analisar a sociedade de forma científica, buscando compreender as leis que regem as relações sociais e a história.  

- Crítica ao capitalismo - Marx foi um crítico radical do capitalismo, e suas obras sobre a exploração do trabalho e a alienação do indivíduo no mundo moderno são ainda relevantes para compreender as desigualdades sociais.  

- Luta pela justiça social - As ideias de Marx inspiraram movimentos sociais que lutam por justiça social e igualdade.  

- Mudanças políticas e econômicas - A obra de Marx promoveu mudanças políticas e econômicas no mundo ao longo do século XX.  

- Temas de debate atuais - Marx colocou em pauta no século 19 temas de debate sobre política e economia que seguem vigentes mais de um século depois.  

- Contribuições para a Sociologia  - A obra de Marx foi fundamental para a disseminação da Sociologia e para sustentar um método sociológico mais sólido. ***

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Introdução

Karl Marx nasceu em 1818, em Treves, na Alemanha, no seio de uma família judia. No aspecto filosófico, Marx foi influenciado por Hegel, sobretudo quanto ao método e por Ludwig Feuerbach que exerceu sobre Marx uma influência determinante quanto ao postulado do materialismo e do conceito de “alienação” do Homem, que se transformará num pilar do pensamento de Marx. A economia política tornou-se em Marx a chave que leva a abrir as portas para a compreensão da política, analisando a sociedade civil. 

Dizia Marx: 

“Mas porque Hegel concebeu a negação da negação, do ponto de vista da relação positiva inerente à mesma, como o verdadeiro e único ponto positivo, e, do ponto de vista da relação negativa inerente a ela como o único acto verdadeiro e actividade espontânea de todo ser, ele apenas encontrou a expressão abstracta, lógica, a expressão especulativa para o movimento da história, que ainda não é a verdadeira história do homem como um determinado assunto, mas apenas o acto de criação, a história da origem do homem.”.

Marx foi um pensador dos elementos fundamentais do capitalismo, como um sistema econômico e as suas formas de desenvolvimento, analisando a mercadoria, a moeda, o capital, o trabalho, a mais-valia, a acumulação de capital e as crises. A visão central de Marx considerava o Homem como ser natural, social, como um ser histórico, vendo a história como se desenvolvendo através da luta de classes, numa visão dialéctica. Marx teve como objectivo, na sua obra, analisar as contradições lógicas (internas) do capitalismo. 

O pensamento de Karl Marx integra-se num todo mais amplo do que o que deriva da Economia. A influência de Hegel em Marx traduziu-se nos seguintes pontos fundamentais: 

a) uma concepção social como um todo, como um sistema de relações; b) uma interpretação unitária e dinâmica dos movimentos da história; c) uma visão do progresso como resultado do conflito de forças opostas.

Marx considera o Homem mergulhado nas relações sociais, as quais moldam os seres humanos, bem como, influem no que pensam e no que fazem, levando a que as relações sociais condicionem o comportamento individual. Esta visão de Marx pode ser relacionada com o que Amartya Sen (1993) refere: 

“O que podemos observar depende da nossa posição em frente do objecto de observação. O que decidimos acreditar é influenciado pelo que observamos. Como decidimos actuar relaciona-se com as nossas crenças. O nosso posicionamento está dependente das observações, das crenças, e acções que são centrais para o nosso conhecimento e razão prática. A natureza da objectividade em epistemologia, teoria da decisão, e ética tem de ter em consideração da dependência paramétrica da observação e referência do observador.”.

Esta passagem de Sen e o que é referido por Marx, traduz o que entendemos por equação pessoal: 

“Utilizamos a expressão Equação Pessoal como traduzindo o conjunto de crenças, valores e conhecimentos subjectivos. As crenças fundamentam as ideologias acerca do progresso social e de outros âmbitos da vida humana. Normalmente, cada indivíduo tem uma atitude positiva em relação à orientação da sua “ideologia”, a qual se pode alterar com o conhecimento e a experiência da vida. A equação pessoal influencia, determinantemente, o comportamento do indivíduo, variando espacial e diacronicamente. Ela é dinâmica, o que implica que novos conhecimentos, crenças e valores incutidos no indivíduo alteram o seu comportamento…

A cultura é crucial para entender o comportamento humano. Os indivíduos adquirem crenças e valores através das relações de alteridade, com os outros com quem contactam, de forma directa ou indirecta, pelo que se deve ter em consideração esta realidade. As ideias culturalmente adquiridas são importantes para explicar uma vasta gama do comportamento humano – opiniões, crenças, atitudes, hábitos de pensamento, estilos artísticos, tecnologia, bem como, regras sociais e instituições políticas.”. 

O MATERIALISMO DIALÉTICO 

Quanto ao materialismo dialético, diz Marx: 

“A mistificação que a dialética sofre nas mãos de Hegel não impede, de modo algum, que ele tenha sido o primeiro a expor as suas formas gerais de movimento, de maneira ampla e consciente. É necessário invertê-la, para descobrir o cerne racional dentro do invólucro místico… O movimento, repleno de contradições, da sociedade capitalista faz-se sentir ao burguês prático de modo mais contundente nos vaivéns do ciclo periódico que a indústria moderna percorre e em seu ponto culminante — a crise geral.”. 

Hegel considerava que a Ideia, a Razão, é a substância de toda a vida natural e espiritual. Logo, todo o real é racional e, por conseguinte, também a História se desenha racionalmente, desenvolvendo-se com uma lógica racional, com um sentido. Os vários aspectos da realidade fazem parte de um todo continuamente em evolução dinâmica. Esta evolução faz-se através do conflito de elementos opostos, o que se traduz na dialética. 

Vejamos em que consiste o método dialético no sentido Hegeliano. O espírito começa por formular uma afirmação que constitui a tese. A esta tese, o espírito começa a desenvolver um conjunto de objecções, chegando a uma afirmação contrária da primeira, que constitui a antítese. Do confronto entre a tese e a antítese, o espírito desenvolve um esforço no sentido para encontrar uma nova afirmação que constitui a síntese. Esta síntese passa a constituir uma nova tese, a qual se começam a levantar novas objecções, e assim por diante. 

Marx, sendo hegeliano de formação, aplica o seu método não ao mundo das ideias mas à realidade material. Marx é materialista, contrariamente a Hegel que é idealista. No materialismo foi inspirado por Feuerbach, para quem só a matéria existia. Ao materialismo, Marx aplica a dialéctica e com base no materialismo dialéctico constrói o seu modelo de desenvolvimento.

Segundo Engels: 

“É pois da história da natureza e da sociedade humana que as leis da dialéctica são abstraídas. Elas não são outra coisa que as leis mais gerais das duas fases do desenvolvimento histórico assim como o próprio pensamento. Elas reduzemse, no essencial, às três seguintes leis: 

• a lei da passagem da quantidade à qualidade e inversamente; 

• a lei da interpenetração dos contrários; 

• a lei da negação da negação.”. 

A concepção do materialismo de Marx pode ser analisada na sua obra em co-autoria com Engels, A Ideologia Alemã, onde é referido: “Podemos observar a história de dois pontos de vista e dividi-la na história da natureza e na história da humanidade. Os dois pontos de vista são, contudo, inseparáveis; a história da natureza e a história dos humanos são dependentes uma da outra desde que a humanidade existe.”.

O MODO DE PRODUÇÃO 

Utilizando o materialismo dialéctico, Marx explica o modo como as sociedades humanas se desenvolvem. Dizia ele que as mudanças sociais ocorrem de acordo com as forças dinâmicas internas da sociedade que, em consequência, são o resultado das relações de produção da sociedade. Também na ideologia Alemã, em co-autoria com Engels, referia que: 

“Toda a história deve partir de bases naturais e a sua modificação pela acção dos homens ao longo da história. Podem distinguir-se os homens dos animais pela consciência, pela religião e por tudo o que se quiser. Eles (os homens) começam a distinguir-se dos animais desde que começaram a produzir os seus meios de existência …Ao produzirem os seus meios de existência, os homens produzem, indirectamente, a sua vida material.” . 

No prefácio de “A Contribuição para a Crítica da Economia Política”, Marx expõe a sua ideia do que entende por modo de produção. O modo de produção tem duas componentes: as forças produtivas disponíveis e as relações de produção. As forças produtivas são constituídas pelos trabalhadores, com a sua capacidade de trabalho ou força de trabalho (capital humano) e pelos meios de produção. Diz Marx nesta obra: 

“Indivíduos que produzem em sociedade, ou seja a produção de indivíduos socialmente determinada: eis naturalmente o ponto de partida.”. 

E continua: “As relações jurídicas, tais como as formas do Estado, não se podem explicar por si mesmas, nem pela pretensa evolução do espírito humano; mas sim, elas têm as suas raízes nas condições materiais da vida que Hegel,…, compreende no seu conjunto sob o nome de “sociedade civil; é na economia política que convém procurar a anatomia da sociedade civil… 

O resultado geral a que cheguei e que, uma vez obtido, serviu de fio condutor aos meus estudos, pode resumir-se assim: na produção social da sua vida, os homens contraem determinadas relações necessárias e independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada fase de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção forma a estrutura económica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material domina, em geral, o processo da vida social, política e espiritual em geral.”.

As relações de produção exprimem-se sob diversas formas, nomeadamente, o direito de propriedade. A partir de certo estádio de desenvolvimento das forças produtivas nasce e desenvolve-se um conflito entre estas e as relações de produção o qual é superado pelo estabelecimento de novas relações de produção, que se verifica por meio de alterações e, nomeadamente, por revoluções sociais. É a dialéctica em acção, desenvolvida por Hegel, através da tese, antítese e síntese, mas aplicada à realidade material, que Marx foi buscar a Feuerbach aplicando o método dialéctico de Hegel. 

De acordo com a teoria de Marx, o que se verifica na superestrutura - nos âmbitos jurídico, político e cultural – tem a sua ligação com a estrutura básica, que se consubstancia nas relações económicas que constituem a estrutura. 

No mesmo texto, Marx refere: 

“Ao chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade chocam-se com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali. 

De formas de desenvolvimento das forças produtivas, estas relações convertemse em obstáculos a elas. E abre-se, assim, uma época de revolução social. Ao mudar a base económica, revoluciona-se, mais ou menos rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela.”. 

Marx entendia que as forças produtivas da sociedade evoluem mais rapidamente que as relações de produção, entrando em conflito com as relações de produção pelo que, a partir de certo ponto, o sistema encontra-se bloqueado. Abre-se então, diz Marx, "uma época de revolução social" que tem por função fazer desaparecer as antigas relações de produção e permitir o aparecimento de novas relações de produção mais conformes com o nível de desenvolvimento atingido pelas forças produtivas, as quais evoluem dinamicamente e a ritmos diferentes nas várias sociedades.  

Um modo de produção não se confunde com uma sociedade determinada, com apenas um modelo abstracto que permite analisar as suas características fundamentais dessa sociedade. É através da luta de classes (traduzindo o processo dialéctico) no entender de Marx, que a sociedade evolui, conforme refere no “Manifesto Comunista" (1848), utilizando na sua análise o materialismo dialéctico. 

A sociedade, como realidade material que é, contém em si contradições internas, que se manifestam no modo diferente de evolução da base material (infra-estrutura) e da superestrutura, levando a transformações qualitativas desta superestrutura no sentido de se adequar ao nível de desenvolvimento das forças produtivas. 

A compreensão do funcionamento de uma sociedade repousa, para Marx, sobre a análise da sua estrutura econômica (a infra-estrutura da sociedade). É esta que determina, em última instância, a superestrutura constituída pelas formas jurídicas, politicas, artísticas ou filosóficas, próprias de uma determinada sociedade, num determinado período histórico, variando diacronicamente. Para Marx, a lei e a política traduzem a implementação do que a estrutura econômica requer e a estrutura econômica representa o que é requerido pelas forças produtivas. 

Marx, no livro primeiro de O Capital, começa por analisar a o conceito de mercadoria: 

“À primeira vista, a mercadoria parece uma coisa trivial, evidente. Analisando-a, vê-se que ela é uma coisa muito complicada, cheia de subtileza metafísica e manhas teológicas. Como valor de uso, não há nada misterioso nela, quer eu a observe sob o ponto de vista de que satisfaz necessidades humanas pelas suas propriedades, ou que ela apenas recebe essas propriedades como produto do trabalho humano. É evidente que o homem por meio de sua actividade modifica as formas das matérias naturais de um modo que lhe é útil.”.  

A TEORIA DO VALOR

A teoria do valor foi desenvolvida por Adam Smith e por David Ricardo, tendo Marx aprofundado essa teoria e tirado da mesma, determinadas ilações que não foram retiradas por aqueles autores. Tal como Smith e Ricardo, Marx diz que a utilidade de um objecto constitui o seu valor de uso, que é independente da quantidade de trabalho requerida para o produzir, o que já foi referido por Aristóteles. 

 O valor de troca, diz Marx, é constituído pela quantidade de trabalho abstrato, socialmente necessário para a sua produção. Se se abstrai do valor de uso das mercadorias, estas têm apenas uma propriedade em comum, a de serem produtos do trabalho humano, independentemente da forma de trabalho concreto. Nisto consiste o trabalho abstrato, que se consubstancia numa atividade do ser humano, independentemente da sua forma.  

Em certo sentido, Marx combina Aristóteles e Adam Smith quanto à questão de valor de uso e de valor de troca, considerando que o trabalho abstrato é a substância do valor de troca. Todas as mercadorias são transacionáveis porque são o produto do trabalho humano, ou seja, o trabalho humano atual, materializado nas mercadorias, é o que torna as mercadorias comercializáveis. Os capitalistas compram a força de trabalho ou a capacidade de trabalho dos trabalhadores (ou capital humano), a qual é uma mercadoria, cujo valor é determinado como a de qualquer outra mercadoria. 

Deste modo, a força de trabalho, ao actualizar-se através do trabalho concreto, cristaliza-se no produto resultante desse trabalho, ultrapassando a questão já colocada por Aristóteles quanto à comparabilidade de duas mercadorias diferentes. Marx resolve esta questão colocada por Aristóteles, dizendo que é o trabalho humano cristalizado nas mercadorias que as torna comparáveis, expressando o seu valor de troca. 

Por outro lado, seguindo Smith, Marx refere que é o tempo de trabalho abstraco que determina a magnitude do seu valor. O valor de uma mercadoria é somente expresso ou revelado quando é trocado por outra mercadoria ou quando é vendido através da moeda. 

Segundo Marx, todo o valor advém do trabalho, pelo que os trabalhadores produzem a riqueza, bem como, o capital que então os domina e explora. Com efeito, segundo Marx, o capital, em essência, não só comanda o trabalho pago, como referia Adam Smith, mas também comanda o resultado do trabalho não pago, traduzido na mais-valia, que se transforma em lucro através da sua realização, consubstanciada na venda. Sem a venda das mercadorias não existe o lucro, o qual é o objetivo dos capitalistas, daí a importância dos mercados.

VALOR DA MERCADORIA 

 O valor de uma mercadoria é determinado pelo trabalho abstracto socialmente necessário para a sua produção, como já referimos. 

Por trabalho abstrato entende-se o esforço humano despendido na produção de uma mercadoria, independentemente do trabalho concreto, ou seja, independentemente da forma como é aplicado esse esforço. O trabalho de um médico, lenhador ou lavrador, expressam espécies de trabalho concreto, mas têm em comum, como substância, serem a manifestação de uma actividade humana. 

O Trabalho socialmente necessário é o tempo requerido para a produção em condições normais, com um grau médio de habilidade e intensidade, usando a tecnologia existente e disponível. Quanto maior for a produtividade do trabalho menor será o tempo de trabalho necessário para a produção dos bens e serviços, menor será o seu valor e, em consequência, menor tenderá a ser o seu preço no mercado, o qual tende a expressar monetariamente o valor da mercadoria. O aumento da produtividade do trabalho reflete-se na diminuição do valor das mercadorias.  

TRABALHO SIMPLES E COMPLEXO

Dado que o trabalho não é homogéneo, pode considerar-se o trabalho complexo (ou superior) como um múltiplo do trabalho simples. O trabalho socialmente necessário é o trabalho “reduzido” ao trabalho simples, podendo, assim, considerar-se que o trabalho complexo é constituído por várias unidades de trabalho simples. Marx designa trabalho simples como o trabalho não qualificado, que distingue do trabalho “complexo” ou qualificado, explicando-se, desta forma, as diferenças salariais que resultam de diferentes forças de trabalho. Os preços das mercadorias numa economia capitalista tendem a ser o reflexo do trabalho cristalizado nessas mercadorias.

O VALOR DA FORÇA DO TRABALHO 

Marx considerava, tal como os clássicos, sobretudo Adam Smith e David Ricardo, a força de trabalho como uma mercadoria que é vendida pelos trabalhadores e comprada pelos capitalistas. O trabalhador, porque tendencialmente apenas possui a sua força de trabalho como única mercadoria, é obrigado a vendê-la ao capitalista no mercado de trabalho, cujo preço é traduzido pelo salário. 

O valor da força de trabalho expressa-se no salário. A relação dos salários implica que a capacidade de trabalho dos assalariados, a sua força de trabalho, se torna uma mercadoria. A capacidade de trabalho é o valor de uso para produzir mercadorias. O seu valor de troca é representado pela taxa de salário. Assim, a força de trabalho é uma mercadoria que os trabalhadores oferecem no mercado de trabalho. 

O valor da força de trabalho é determinado, como o de qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho abstrato socialmente necessário para a sua produção (e reprodução). O seu valor é, contudo, em média, igual à subsistência do trabalhador (e sua reprodução), subsistência definida como um mínimo cultural, evoluindo historicamente, significando que esse mínimo, em termos absolutos, tende a subir diacronicamente, tendo em consideração a evolução da humanidade, variando, também, espacialmente. 

Marx, contrariamente a Adam Smith, considerava que o salário de subsistência (o salário natural para Smith e Ricardo) evoluía ao longo da história, o que Ricardo também considerava. Marx enfatizou, também, que o salário real dos trabalhadores poderia ser aumentado através da sua luta: 

“Ele (o trabalhador) não tem outro recurso senão tentar impor, em alguns casos, um aumento dos salários, ainda que seja apenas para compensar a baixa em outros casos. Se espontaneamente se resignasse a acatar a vontade, os ditames do capitalista, como uma lei económica permanente compartilharia de toda a miséria do escravo, sem compartilhar, em troca, da segurança deste…

Falar da luta pelos salários independentemente de todas as circunstâncias; não senão a variação dos salários; não ter em conta as outras variações das quais ela resulta, é partir de premissas falsas para chegar a conclusões falsas.”. 

Esta posição de Marx contrasta com a posição de Lassalle, que ficou conhecida por lei de bronze dos salários, segundo a qual os salários deviam cair, inevitavelmente, para o nível mínimo de subsistência física dos trabalhadores. 

Também segundo a tese do “fundo de salários” defendida por John Stuart Mill, segundo a qual, em cada situação dada, existe um fundo pré-fixado para os salários, pelo que seria inútil tentar alterá-lo e obter maiores salários reais por meio do aumento dos salários nominais. 

Estas posições de Lassalle e de Stuart Mill são determinísticas levando, se aceites, a que os trabalhadores se conformem com a situação em cada momento, permitindo uma sobre-exploração, quer através da criação de mais-valia extensiva – com o prolongamento do horário de trabalho mantendo os mesmos salários – quer com a criação da mais-valia relativa, traduzida numa maior intensidade de trabalho dentro do mesmo horário de trabalho.

De acordo com Marx, a luta dos trabalhadores pode levar a um aumento dos salários reais, dentro do sistema capitalista, nomeadamente, de forma a manter a repartição relativa do rendimento entre os trabalhadores e os capitalistas. 

TEORIA DA MAIS-VALIA 

Com base na teoria do valor-trabalho que, como já referido, foi desenvolvida por Adam Smith e David Ricardo, e que já vem de Aristóteles, Marx desenvolveu a teoria da mais-valia. Para compreender esta teoria é necessário que se tenha em conta que o valor criado no processo produtivo é superior ao valor da força de trabalho, dividindo-se em duas partes: 

a) Uma que corresponde ao valor da força de trabalho, como mercadoria, que se traduz, em termos concretos, no salário, e que constitui o custo de produção da força de trabalho na óptica do capitalista (e que constitui rendimento para o trabalhador);  

b) Outra parte do valor criado no processo produtivo que excede o valor da força de trabalho e que é propriedade do capitalista. A este excedente do valor criado pelo trabalhador sobre o valor recebido chama Marx a mais-valia e que, através da sua realização (venda das mercadorias) se transforma em lucro em sentido lato, tomando as formas de lucro em sentido restrito, de juros e de rendas. Por realização da mais-valia, sua transformação em lucro, entende-se a venda dos bens e serviços produzidos. Sem realização da mais-valia não existe lucro, o que explica a busca de mercados para as mercadorias por parte das empresas. 

Por exemplo, se o custo de produção de um trabalhador for equivalente a 5 horas de trabalho diário (traduzidos nos salários) e este trabalhador trabalhar 8 horas por dia, o valor criado é de 8 horas de trabalho, que corresponde a um determinado valor monetário superior ao salário recebido pelo trabalhador. A diferença entre o valor criado - 8 horas de trabalho - e o valor recebido pelo trabalhador (na forma de salário) – 5 horas de trabalho - é a mais-valia, que no exemplo dado é de 3 horas de trabalho, que, através da realização (venda das mercadorias) se transforma em lucro. 

Deste modo, a mais-valia é a fonte do lucro, em sentido lato (englobando o lucro em sentido restrito, os juros e as rendas). Com efeito, o valor da força de trabalho, que tendencialmente é expressa pelo preço de mercado, corresponde apenas ao nível de subsistência cultural e historicamente determinado. Dado que o trabalhador é capaz de produzir o valor da sua subsistência em menos tempo do que o da jornada de trabalho, o restante valor criado sobre o recebido constitui a mais-valia, que é criada pelo trabalhador e apropriada pelo capitalista. 

Por outras palavras, a mais-valia é a diferença entre o valor criado pela força de trabalho e o valor dessa força de trabalho, ou seja, o valor total criado no processo produtivo (VC) é constituído pelo equivalente do valor pago pelo capitalista ao trabalhador sob a forma de salário que, na terminologia de Marx, é o capital variável (v) e pela mais valia (s), pelo que a mais–valia é dada pela seguinte expressão: 

s = VC – v,

sendo v o que Marx denominou como capital variável, consubstanciando o valor da força de trabalho e que se expressa no salário pago, em termos monetários.

 A mais-valia é a origem do lucro. Contudo, o lucro apenas surge pela realização da mais-valia, ou seja, quando as mercadorias são vendidas. Pode verificar-se que nem toda a mais-valia gerada se transforme em lucro, desde que as mercadorias não sejam vendidas, ou seja, nem toda a mais-valia, por vezes, é realizada.

Podemos fazer uma ligação entre a realização da mais-valia e a conceito de procura efectiva desenvolvido por Keynes, na Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro, obra publicada em 1936. Com efeito, Keynes, contrariando os clássicos que referiam que a economia tenderia a estar ao nível do pleno emprego, se fosse deixada actuar livremente, com o mínimo de intervenção do Estado, pois a oferta criaria a sua própria procura – segundo o que ficou conhecido por lei de Say - evidenciou que a economia tenderia a estar em equilíbrio abaixo do pleno emprego devido à deficiência da procura efetiva, que levaria a que parte da produção (cujo valor se traduz na massa de lucros e na massa de salários, constituindo o valor  acrescentado no processo produtivo pelo factor trabalho) não fosse vendida (i.e., parte da mais–valia criada não seria realizada), o que levaria às crises generalizadas que recorrentemente afectariam a economia capitalista e que Marx denominou como crises de sobreprodução relativa.

De notar, também, que Malthus considerou, antes de Keynes, que uma diminuição da procura efetiva levaria a economia a situações de elevado desemprego.

A busca da realização da mais-valia, que a transforma em lucro, converte o mercado mundial num palco de concorrência entre as grandes empresas e grupos econômicos que subjugam os países mais fracos e periféricos, que os “mercados” controlam, afectando negativamente a própria expressão democrática dos povos, sendo a dimensão política dominada pelos poderes econômicos.

No dizer do Papa Bento XVI: 

“Cresce a riqueza mundial em termos absolutos, mas aumentam as desigualdades, estando a corrupção e a ilegalidade presentes tanto no comportamento de sujeitos econômicos e políticos dos países ricos, antigos e novos, como nos próprios países pobres. No número de quantos não respeitam os direitos humanos dos trabalhadores, contam-se às vezes grandes empresas transnacionais e também grupos de produção local. As ajudas internacionais foram muitas vezes desviadas das suas finalidades, por irresponsabilidades que se escondem tanto na cadeia dos sujeitos doadores como na dos beneficiários.”. 

No sistema de Marx a questão da distribuição é um produto das relações existentes entre o capital e o trabalho, que leva, necessariamente, à desigualdade. 

O CICLO DO CAPITAL MONETÁRIO 

O volume II de O Capital inicia-se com o circuito da moeda como capital, que se expande continuamente, através do processo de produção. A forma geral do circuito do capital industrial é o seguinte:

 M – C … P … C' – M'

Considerando as circunstâncias gerais de produção, e independentemente do que é produzido, o capitalista avança o capital-dinheiro (M) a fim de comprar os factores produtivos (C), incluindo a força de trabalho (FT) e outros meios de produção (MP). Na fórmula geral P representa o processo produtivo. 

No dizer de Marx: 

“Portanto, a fórmula para o ciclo do capital monetário é: D - M P M' - D' , na qual os pontos indicam que o processo de circulação está interrompido e tanto M' quanto D' designam um M e um D acrescidos de mais-valia.”. 

Ou seja, M>M’ e D´> D, sendo a diferença a mais-valia gerada no processo produtivo. A separação entre os detentores da força de trabalho (os trabalhadores) e os detentores dos meios de produção (os capitalistas) é o que torna possível a compra da força de trabalho pelo seu valor, expresso, em termos monetários, no salário, e que permite a criação de mais-valia, ou seja, o valor da força de trabalho (expresso monetariamente nos salários) é inferior ao valor criado pelo trabalhador no processo produtivo.

 CAPITAL VARIÁVEL E CAPITAL CONSTANTE

Quanto ao conceito de capital Marx distinguiu entre o conceito de capital constante e o conceito de capital variável. 

O capital constante representa trabalho morto, cristalizado e acumulado nos meios e instrumentos de produção, nomeadamente, nas matérias-primas e nas amortizações do capital fixo. Este capital, que constitui o trabalho cristalizado nas mercadorias em processos produtivos passados, é utilizado no processo produtivo atual, apenas transmite o seu valor às novas mercadorias, mas não cria novo valor. Diz Marx: 

“A parte do capital que se converte em meios de produção, isto é, em matériaprima, matérias auxiliares e meios de trabalho, não altera sua grandeza de valor no processo de produção. Eu chamo-a, por isso, a parte constante do capital, ou mais concisamente: capital constante.” . 

O capital variável representa o valor da força de trabalho, a qual, como já foi referido, cria, no processo produtivo, uma quantidade de valor superior ao seu próprio valor, pelo que, o capital variável é trabalho vivo, porque varia durante esse processo produtivo, levando a que o capital total se valorize através da criação de mais-valia. 

Segundo Marx: 

“A parte do capital convertida em força de trabalho em contraposição muda o seu valor no processo de produção. Ela reproduz seu próprio equivalente e, além disso, produz um excedente, uma mais-valia que ela mesma pode variar, ser maior ou menor. Essa parte do capital transforma-se continuamente de grandeza constante em grandeza variável. Eu chamo-a, por isso, parte variável do capital, ou mais concisamente: capital variável.”. 

O capital necessário à produção de uma mercadoria (C) decompõe-se em duas partes: capita constante (c) e capital variável (v). 

O capital constante é definido como a porção do valor da maquinaria (amortização) e materiais (matérias-primas) que são usados na produção e que integram o valor do produto. Apenas o valor da porção do capital constante (depreciação, matériasprimas e outros materiais auxiliares) que é usado no processo produtivo é transferido para o valor da mercadoria. 

O capital variável é o valor da força de trabalho, corresponde aos salários pagos. O tempo necessário para produzir o valor da força de trabalho é chamado tempo de trabalho socialmente necessário. 

CAPITAL FIXO E CAPITAL CIRCULANTE 

C = c + v.  

Uma outra distinção efectuada por Marx relativamente ao capital constante foi a sua divisão entre o conceito de capital fixo e capital circulante. 

O capital fixo é a parte do capital constante utilizado em vários processos produtivos, em várias rotações. Note-se que o valor do capital constante utilizado por Marx para a consideração da composição orgânica de capital (analisada mais à frente) e para a taxa de lucro, traduz-se, apenas, no valor do capital constante transmitido às mercadorias que, aproximadamente, se traduz no conceito atual do valor das amortizações e depreciações que integra o custo de produção das mesmas. 

O capital circulante é a parte do capital constante cujo valor é transmitido integralmente para o valor das mercadorias numa única rotação produtiva, nomeadamente, o valor das matérias-primas.  

COMPONENTES DO VALOR DE UMA MERCADORIA 

Uma vez definidos os conceitos de capital constante (c), capital variável (v) e maisvalia (s) pode concluir-se que o valor de uma mercadoria (VM) é igual à soma destes três componentes: o capital constante, o capital variável e a mais-valia ou, traduzido numa fórmula: 

VM = c + v + s. 

O valor criado ou valor acrescentado (VA) no processo produtivo é igual ao capital variável adicionando a mais-valia, ou seja: 

VA= v+s. 

Por sua vez, o valor de uma mercadoria (VM) é superior ao valor criado ou valor acrescentado (VA) no processo produtivo (v + s), pois integra o valor do capital constante (fixo e circulante) que já foi criado noutros ciclos produtivos: 

VM>VC, 

ou 

c+v+s > v+s. 

Segundo Marx:

“Ainda que o valor de uma mercadoria seja determinado pelo quantum de trabalho contido nela, esse próprio quantum é socialmente determinado. Se muda o tempo de trabalho socialmente necessário para sua produção — e o mesmo quantum de algodão, por exemplo, representa maior quantum de trabalho em colheitas desfavoráveis do que em favoráveis — há um efeito retroactivo sobre a mercadoria antiga, que sempre vale como exemplo isolado de sua espécie, cujo valor sempre se mede pelo trabalho socialmente necessário, isto é, sempre pelo trabalho necessário nas condições sociais presentes.”. 

Quando as condições sociais - integrando o conhecimento e a tecnologia - se alteram, levando a que menos tempo de trabalho seja socialmente necessário para a produção de uma mercadoria, o seu valor diminui e, por conseguinte, também o seu preço tenderá a diminuir. Daí a importância, no mundo cada vez mais globalizado, do conhecimento e da investigação científica por estes fatores permitirem aumentar a produtividade, ou seja, produzir mais em menos tempo e de maior qualidade, o que leva a uma diminuição do valor das mercadorias, sobretudo das transaccionáveis, levando a um aumento da competitividade, a qual é essencial, tanto mais quanto se verificar a integração dos mercados ao nível regional e global. 

A TAXA DE MAIS-VALIA 

No processo produtivo a força de trabalho cria mais valor do que o seu próprio valor, ou seja, cria mais valor do que aquilo que vale. O valor da força de trabalho corresponde ao capital variável, v, tendo a sua equivalência no salário. 

Desde que se verifique a realização da mais-valia, ou seja, desde que as mercadorias sejam vendidas, a mais-valia transforma-se em lucro. Podemos fazer uma equivalência entre a expressão do valor criado e os salários e os lucros. 

Sendo o capital variável o valor da força de trabalho, constituindo um dos elementos do custo para os capitalistas quando são pagos os salários, e desde que se verifique a realização da mais-valia que se consubstancia nos lucros, podemos reformular a anterior expressão de valor acrescentado.

O valor acrescentado líquido (VAL) de uma unidade produtiva integra os salários brutos (W), os lucros (L) as rendas (R) e os juros (J), o que pode ser traduzido na seguinte fórmula: 

VAL = W+L+R+J. 

De forma mais compacta pode expressar-se o valor acrescentado como sendo constituído pela massa de lucros (em sentido lato, integrando, além dos lucros em sentido estrito, também as rendas e os juros) e pela massa de salários, podendo ser expressa pela seguinte fórmula: 

VAL = w L + r L, 

onde w representa o salário médio por trabalhador, L o número de trabalhadores integrados no processo produtivo e r representa o lucro médio por trabalhador. Voltando a considerar os conceitos de valor, o valor criado pelo trabalhador é repartido entre a parte paga ao trabalhador sob a forma de salário e a parte não paga, a mais-valia (s), pelo que se pode fazer a relação entre a mais-valia e o capital variável (que em termos concretos se traduz na salário pago ao trabalhador), que é a taxa de exploração ou taxa de mais-valia (e): 

e = s/v. 

A taxa de mais valia (e) pode aumentar quer pela elevação da mais-valia quer pela diminuição do capital variável. Quanto à mais-valia, esta pode aumentar com o número de trabalhadores empregados ou pelo aumento do horário de trabalho (mais-valia absoluta). Por outro lado, um aumento da produtividade faz diminuir o valor do capital variável, aumentando a mais-valia, a que Marx chama mais-valia relativa. 

Se toda a mais-valia for realizada pode considerar-se a seguinte expressão de exploração:

e =π/w, 

onde π representa o lucro médio por trabalhador e w representa o salário pago ao trabalhador. Note-se que a taxa de exploração, sendo um número relativo, não significa apenas a existência de salários baixos. 

Com efeito, em certas circunstâncias, em termos individuais, um trabalhador pode usufruir um salário baixo e ter uma taxa de exploração negativa, desde que o valor que cria no processo produtivo seja inferior ao valor que recebe sob a forma de salário. Por outro lado, um trabalhador que receba um salário elevado mas que crie, acrescente um elevado valor no processo produtivo, criando elevada magnitude de mais-valia, pode ter uma taxa de exploração elevada. 

Segundo Marx: 

“Se o trabalhador consome seu tempo disponível para si, então rouba ao capitalista. O tempo durante o qual o trabalhador trabalha é o tempo durante o qual o capitalista consome a força de trabalho que comprou. O capitalista apoia-se pois sobre a lei do intercâmbio de mercadorias. Ele, como todo comprador, procura tirar o maior proveito do valor de uso de sua mercadoria.”

COMPOSIÇÃO ORGÂNICA DO CAPITAL 

Há que distinguir a composição orgânica do capital da composição técnica, pois esta diz apenas respeito às características físicas do capital, enquanto a composição orgânica do capital tem em consideração o valor. 

Em qualquer caso, todo progresso no capitalismo suscita antagonismos. A elevação do salário real não raramente vem acompanhada de fenómenos como o desgaste mais acentuado das energias físicas e/ou psíquicas, maior insegurança de manutenção do emprego, crescimento do número de desempregados e dilatação dos períodos intermitentes de desocupação, o que aumenta a carga sobre os operários momentaneamente empregados. 

O capital constante (c) e a tecnologia fazem aumentar a produtividade do trabalho, tornando-se um poderoso meio de acumulação. A acumulação de capital constante é uma necessidade do sistema capitalista, impulsionada pela concorrência entre os capitalistas. 

À medida que a acumulação se vai alargando, a proporção do capital constante para o capital variável aumenta, o que significa que haverá uma tendência para o aumento de desemprego se a taxa de crescimento económico não for suficiente para a absorção de todos os trabalhadores disponíveis para integrarem o processo produtivo. A esta relação entre o capital constante e o capital variável chama Marx a composição orgânica do capital (k): 

A substituição de homens por capital leva a que a composição orgânica aumente o que, segundo Marx, leva a uma tendência de sobreprodução relativa e consequente desemprego, criando o que Marx chamava “exército industrial de reserva”, que leva a que os salários gravitem em torno do valor da força de trabalho.

É de notar como a explicação de Marx é diferente da explicação dada pelos clássicos relativamente a este ponto. Marx retém a teoria do salário de subsistência sem aderir à teoria da população de Malthus, aceite por Ricardo.

A TENDÊNCIA DECRESCENTE DA TAXA DE LUCRO 

A acumulação do capital tem como efeito o crescimento económico que é inerente ao capitalismo. A taxa de lucro (g) para Marx, sendo diferente da taxa de mais-valia, é dada pela razão entre a mais-valia e o capital total (C = c + v): 

Devido à acumulação capitalista a taxa de lucro tem uma tendência a diminuir porque a mais-valia (s) apenas pode ser derivada do capital variável (v). A proporção de c para v aumenta, mesmo que em termos absolutos v aumente. Podemos analisar a tendência decrescente da taxa de lucro fazendo uma simples transformação. Dividamos todos os termos do segundo membro da equação da taxa de lucro por v, que é o capital variável, obter-se-á a seguinte equação:

, sendo:  

e - a taxa de mais valia; 

K – a composição orgânica do capital. 

Assim, se a composição orgânica do capital (K) crescer mais do que a taxa de maisvalia (e), a taxa de lucro (g) tenderá a descer. 

CAUSAS QUE CONTRARIAM A TENDÊNCIA DECRESCENTE DA TAXA DE LUCRO 

A queda da taxa média de lucro é uma tendência de longo prazo que pode ser contrariada por vários factores: 

1) um aumento na intensidade da exploração; 

2) uma depressão dos salários abaixo do seu valor; 

3) a redução dos custos dos elementos do capital constante; 

4) através do comércio exterior. 

A questão da intensidade de exploração relaciona-se com o aumento da mais-valia relativa, assunto anteriormente tratado. 

A depressão dos salários abaixo do seu valor é uma das mais importantes causas contrariando a tendência da baixa da taxa de lucro, e que é devida a uma sobrepopulação relativa que embaratece a força de trabalho disponível para a produção. No dizer de Marx, a existência de uma sobrepopulação relativa é inseparável do aumento da produtividade da mão-de-obra. 

O comércio externo contribui para não só embaratecer os elementos do capital constante, através da importação de matérias-primas de regiões dominadas pelos países mais desenvolvidos e dominantes, evitando que a composição orgânica do capital suba ou até diminua, como também, permite uma expansão da escala de produção devido ao alargamento dos mercados (a fim de que a mais valia se realize através da venda dos bens e serviços), que se tornam essenciais para a manutenção do crescimento. O capital investido no comércio exterior origina uma maior taxa de lucro do que o investimento doméstico devido a que aquele compete com tecnologias menos avançadas e menor produtividade, pelo que as mercadorias podem ser vendidas acima do seu valor no exterior mesmo quando o seu preço é inferior ao de países concorrentes.

A ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, DESEMPREGO, CRISES E SALÁRIOS 

Da mais-valia criada no processo produtivo uma parte é destinada à ampliação do capital, através do investimento líquido. A concorrência necessária que se estabelece entre os capitalistas leva a que se introduza cada vez mais tecnologia no processo produtivo, tendo como consequência o desaparecimento das empresas que não acompanham essa evolução e cujos custos de produção se mantêm mais elevados do que as empresas que veiculam novas tecnologias através dos novos investimentos e que lhes permite aumentar a produtividade da força de trabalho. 

Deste modo, a concentração verifica-se não só por extensão através de novos investimentos mas, também, pelo desaparecimento das empresas que se tornam menos competitivas e que vão sendo absorvidas pelas empresas mais eficientes. O processo de acumulação de capital gera um processo paralelo de proletarização crescente, pois os empresários das pequenas fábricas que vão sendo eliminadas passam a proletários, isto é, começam a vender a sua força de trabalho nas empresas que continuam a laborar.  

A procura de trabalho diminui à medida que a proporção do capital constante aumenta, ou seja, haverá cada vez mais substituição de trabalho por capital devido à pressão da concorrência entre os capitalistas e ajudado pelo progresso técnico. 

Este declínio é relativo, pois o número absoluto dos trabalhadores empregados pode crescer mas o seu número declina relativamente ao capital constante empregue, o que origina a existência de um “exército industrial de reserva” que permite manter os salários ao nível de subsistência. 

A acumulação do capital envolve um aumento de riqueza nas mãos do capitalista, o que leva a uma maior centralização do capital, gerando monopólios, o que por sua vez diminui a concorrência que é um dos pressupostos da eficiência defendida pelos clássicos. 

A criação de mais-valia é apenas um passo do processo para a realização do lucro, que é o que importa em última análise. Só que para que haja lucro é necessário vender as mercadorias, a que se pode denominar como realização da mais-valia. 

Ora, devido à concentração do rendimento, o poder de compra é limitado, pois os trabalhadores recebem apenas uma parte do rendimento criado e tendem a consumi-lo, enquanto os capitalistas nem sempre investem a parte do seu rendimento que poupam. 

Esta situação gera uma sobreprodução relativa, devida ao subconsumo, que se consubstancia nas crises generalizadas periódicas. Segundo Marx, a última causa das crises é a inabilidade da sociedade para consumir tudo o que produz. Por conseguinte, as crises desenvolvem-se porque o mercado se expande menos do que a produção. A questão do subconsumo irá ser retomada por John Maynard Keynes, e a sua ligação às crises. Como veremos noutra parte, segundo Keynes, no curto prazo é a procura efectiva que determina o nível de actividade económica, ou seja, o nível de produto e de emprego, levando este autor a considerar que a intervenção do Estado é necessária para a estabilização da economia. 

Ao excesso da oferta da força de trabalho sobre a procura, o que traduz um excesso relativo do trabalho em relação ao capital, Marx chamava exército industrial de reserva. É a sua existência que permite que os salários se mantenham baixos, ao redor do salário de subsistência e tendendo a que os lucros aumentem.  

Uma outra causa para manter os salários baixos, mantendo um determinado nível de taxa de desemprego, consiste na entrada no país de trabalhadores migrantes, tanto mais eficaz quanto maior for a mobilidade internacional de mão-de-obra. 

Uma forma alternativa de manter os salários baixos consiste na deslocalização de empresas dos países com salários mais altos para os países com maior abundância de força de trabalho, o que gera dois efeitos: um que permite obter maior mais-valia na produção de bens e serviços localizada nos países de elevada quantidade de mão-de-obra (força de trabalho) e, outro, essa deslocalização do capital permite que a procura de mão-de-obra seja menor nos países com salários mais elevados levando a que, em consequência, a procura de força de trabalho diminua com efeitos na diminuição dos salários e, consequentemente, na manutenção de elevadas taxas de lucro, o que é possível com a globalização do mercado de bens e serviços. 

Quanto às crises, dizia Marx:

”…são sempre apenas soluções momentaneamente violentas das contradições existentes, irrupções violentas que restabelecem momentaneamente o equilíbrio perturbado.”. 

Deduz-se, desta passagem de Marx, que as crises capitalistas são necessárias para manter o próprio capitalismo. Os clássicos (e neoclássicos) consideravam que as crises generalizadas de sobreprodução relativa não se verificariam. Keynes, considerando que a economia capitalista estava sujeita a crises endogenamente determinadas, tal como Marx, considerava que as mesmas poderiam ser, de certa forma controladas ou, pelo menos, minimizadas. 

As crises, segundo Marx, são acontecimentos que fazem parte do processo de acumulação capitalista, inerentes ao mesmo. As crises têm uma função essencial, necessária para que a reprodução capitalista se alargue, restaurando as taxas de lucro, como contrapartida da desvalorização do capital. Embora as crises tornem o capitalismo mais fraco, permitem, por outro lado, a criação de oportunidades para novo investimento e novos lucros, permitindo, também, a concentração de capital em grandes empresas e grupos econômicos.