Quando trazemos a ancestralidade para a Educação Infantil, estamos promovendo uma educação mais conectada às raízes, ao respeito às diversidades e à construção de uma infância com pertencimento e valorização da cultura.
Aqui estão alguns pontos-chave sobre a ancestralidade nas atividades da Educação Infantil:
1- O que é ancestralidade na prática educativa?
É reconhecer e valorizar os conhecimentos transmitidos de geração em geração.
Envolve histórias, mitos, cantigas, brincadeiras, danças, comidas, modos de viver e se relacionar com a natureza e com a comunidade.
É uma forma de resistência cultural, especialmente dos povos indígenas e afro-brasileiros.
2- Como trazer a ancestralidade para a sala de aula?
Através de atividades como:
Cantigas de roda tradicionais (como “Samba Lelê”, “Atirei o pau no gato” em versões contextualizadas).
Brincadeiras populares (como amarelinha, pular corda, roda).
Contação de histórias orais com mitos e lendas indígenas e africanas.
Confecção de instrumentos musicais com materiais naturais (como chocalhos com sementes).
Dança e expressão corporal inspirada em ritmos e rituais tradicionais.
Confecção de bonecas abayomi, que trazem a ancestralidade africana com representatividade e afeto.
Plantio coletivo com ensinamentos sobre a relação sagrada com a natureza.
Arte com elementos da natureza, como pigmentos naturais e folhas.
3- Fundamentos legais e pedagógicos
A BNCC valoriza a diversidade cultural e propõe uma abordagem que respeite os múltiplos saberes.
A Lei 10.639/2003 e a 11.645/2008 obrigam o ensino da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena.
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil fala da valorização da cultura como elemento de construção da identidade.
4- Benefícios para as crianças
Desenvolvem senso de pertencimento e identidade cultural.
Aprendem a respeitar diferentes modos de vida e culturas.
Fortalecem vínculos com a comunidade e com os saberes familiares.
Amplificam a escuta sensível, a oralidade e a empatia.
- Exemplo de atividade ancestral: “Dia da Avó e do Avô” com histórias e receitas
Convidar os avós das crianças para contar histórias e ensinar receitas simples que fazem parte da história da família.
Registrar com desenhos e palavras das crianças o que foi vivido.
Produzir um “livrinho das ancestralidades” com a turma.
A ancestralidade na infância: histórias, saberes e sabores
Voltado para crianças de 4 a 6 anos.
- PLANO DE AULA
Tema:
A ancestralidade na infância: histórias, saberes e sabores
Etapa:
Educação Infantil – Pré-escola (4 a 6 anos)
Duração:
2 a 3 dias (podendo ser adaptado em sequência)
- OBJETIVOS
Valorizar a ancestralidade presente nas famílias e na comunidade.
Desenvolver a escuta atenta e o respeito às histórias de vida dos mais velhos.
Promover vínculos afetivos entre gerações.
Explorar os sentidos (olfato, paladar, audição) por meio de histórias e receitas.
Incentivar a oralidade, expressão artística e identidade cultural.
- HABILIDADES (BNCC)
Campo de Experiência: "O eu, o outro e o nós"
(EI03EO03) Demonstrar atitudes de cuidado, solidariedade e empatia.
Campo de Experiência: "Escuta, fala, pensamento e imaginação"
(EI03EF06) Relatar experiências vividas e narrar fatos em sequência temporal e causal.
Campo de Experiência: "Corpo, gestos e movimentos"
(EI03CG04) Experimentar movimentos de dança e expressão corporal com ritmos diversos.
- CONTEÚDOS ENVOLVIDOS
História oral e escuta ativa
Cultura afro-brasileira, indígena e familiar
Brincadeiras e músicas tradicionais
Expressão corporal e artística
Alimentação afetiva e memória gustativa
- MATERIAIS NECESSÁRIOS
Fotos de família (trazer de casa)
Pano colorido ou esteira para roda de conversa
Ingredientes simples (para preparar receita com ajuda dos responsáveis)
Livros de histórias tradicionais (africanas, indígenas, populares)
Tintas, papéis coloridos, cola, lápis, tesoura
Aparelho de som para músicas tradicionais
- ETAPAS DA ATIVIDADE
1- Roda de Conversa: “Quem veio antes de mim?”
Iniciar com uma roda sob pano ou esteira.
Professora conta uma história de sua avó ou ancestral.
Cada criança traz uma foto de alguém da família ou conta algo que ouviu de um mais velho.
2- Contação de História Ancestral
Contar uma história indígena ou africana com recursos visuais ou sonoros.
Exemplo: “A lenda do Sol e da Lua” (indígena) ou “O tambor mágico” (africana).
3- Atividade: Receita da Vovó (ou do Vovô)
Convidar um familiar para mostrar uma receita simples com as crianças (ex: bolinho de chuva, chá de ervas, pão de milho).
As crianças ajudam e depois desenham ou dramatizam como foi.
4- Expressão Artística: Minha história em desenho
As crianças desenham ou pintam uma lembrança contada por um familiar.
Criar um mural da “Árvore das Memórias” com esses desenhos.
5- Música e Dança Tradicional
Apresentar cantigas de roda ou ritmos africanos/indígenas.
Dançar em roda, fazer gestos e experimentar os sons.
- AVALIAÇÃO
Será feita por meio da observação direta das seguintes atitudes:
Participação nas rodas e histórias
Interesse e respeito pelos relatos dos colegas
Envolvimento nas atividades práticas e artísticas
Reconhecimento da importância da sua história e da história do outro
- ADAPTAÇÕES E VARIAÇÕES
Para crianças menores (3 anos): usar mais imagens, músicas e gestos.
Para crianças maiores (5-6 anos): incluir a produção de um livrinho coletivo com os relatos e desenhos.
Pode ser adaptado para trabalhar também com ancestralidade indígena local, visitando uma comunidade ou convidando um representante.
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